Os
números são estarrecedores, não só para o PT mas também para toda a esquerda e
as forças antigolpistas: os tucanos elegeram no primeiro turno, além de Dória
na maior cidade do país, Firmino Filho, em Terezina. E disputarão o segundo
turno em oito capitais.
Já
o PMDB, embora tenha sofrido derrotas importantes no Rio e em São Paulo, está
no segundo turno em seis capitais. No primeiro turno, o partido do usurpador
Temer só elegeu o prefeito de Boa Vista (RR), mas detém ainda o maior número de
prefeitos do país.
Somando-se
a esses resultados as vitórias ou a passagem para o segundo turno de partidos
menos expressivos da esfera golpista, é possível situar a votação das forças
obscurantistas na casa dos 70% dos votos válidos em todo o país. Cabe registrar
que a demonização da política produziu um estrago jamais visto nas eleições
brasileiras.
Os
casos do Rio de Janeiro e São Paulo bastam para ilustrar este fenômeno
sinistro: nas duas maiores capitais do país, quem chegou em primeiro não foram
os candidatos, mas sim a soma das abstenções com os votos nulos e brancos.
A
derrota do PT é a maior do partido em décadas. Perdeu mais da metade do número
de prefeituras conquistadas em 2012 e conseguiu levar para o segundo turno, nas
capitais, apenas João Paulo, no Recife, onde por muito pouco o atual prefeito
Geraldo Júlio não decidiu a parada ontem mesmo.
O
partido só elegeu Marcos Alexandre, no primeiro turno, em Rio Branco (AC).
Mesmo nas capitais em que o PT optou por não lançar candidatos a prefeito,
apoiando aliados, como no Rio e em Salvador, os resultados foram pífios.
Mas
nada se compara em extensão e profundidade à derrota em São Paulo. Ali um dos
melhores quadros surgidos na esquerda brasileira na última década, o prefeito
Fernando Haddad, perdeu no primeiro turno para um almofadinha, metido a
grã-fino e reacionário até a raiz dos cabelos.
Só
uma epidemia de mediocridade, ódio e intolerância, como a que assola o país, e
faz mais vítimas na capital paulista, pode explicar opção eleitoral tão
desastrosa. Não há dúvidas quanto ao diagnóstico: padece de grave enfermidade
uma sociedade que prefere Dória a Haddad.
A
megaoperação tocada em conjunto pela Lava Jato e pela mídia atingiu plenamente
o objetivo de ferir gravemente o Partido dos Trabalhadores. Fica claro também
que o Fora Temer e a denúncia do golpe emplacou, por enquanto, apenas entre os
setores mais esclarecidos e mobilizados da sociedade.
A
eleição deste domingo revelou que quando o conjunto da população é chamado a se
manifestar, quando o povão e a grande massa dão o ar da graça, prevalece a tese
propalada de forma massacrante pela mídia, segundo a qual a principal motivação
do eleitor deve ser o voto contra a corrupção, mesmo em eleições locais.
E
a narrativa que se mostrou vitoriosa é a de que votar contra a corrupção é
votar contra o PT. O raio x do momento revela um dado extremamente preocupante
para o maior da esquerda: o brasileiro médio, embora rejeite Temer, está
disposto a fazer um acerto de contas eleitoral com o PT.
http://blogdobepe.com.br/index.php/politica/item/1097-eleicao-confirma-hegemonia-dos-golpistas
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