Da
Rádio Guaíba, de Porto Alegre, a entrevista de Dilma Rousseff aos jornalistas
Juremir Machado da Silva e Taline Oppitz, em que ela diz que o golpe é um processo “continuado”, que ainda não terminou. Ela afirmou que a prisão
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se acontecer, vai ser o “corolário
do golpe”.
Dilma
chamou a PEC 241 de “PEC da Maldade”, que tem, para ela o objetivo final de acabar com a política de correção do salário
mínimo. Negou ter ódio do presidente Michel Temer, afirmando que não tem razões
para ter “ódio de traidor”.
Veja
os principais pontos da entrevista e ouça, na íntegra, nos links ao final do
post.
PEC 241
“Eu
acho que a PEC 241 é uma PEC que se for aprovada pelo Congresso Nacional, vai
de fato, da forma como ela está, se transformar no que eles estão chamando de
“PEC do Mal” ou da “PEC contra os pobres”. Porque é uma PEC que pretende durar
por 20 anos. Então, em 2036, até lá ela vai produzir seus efeitos. Vamos ver os
investimentos tanto na área de saúde e da educação vão cair progressivamente em
relação ao crescimento da economia e ao crescimento do PIB pelos próximos 20
anos. O gasto per capita, ou seja, o gasto por pessoa também vai cair, pois a
população vai aumentar em 20 milhões no período em que a PEC vai estar vigindo,
nos 20 anos. E também nas outras áreas, cultura, segurança, esportes, direitos
humanos, agricultura familiar e agricultura em geral os recursos minguarão. A
‘PEC da Maldade’ se for aprovada no Congresso, será um retrocesso grave para o
Brasil”, disse.
Reforma do
ensino médio
“Primeiro,
uma questão dessas não pode ser feita por MP. Tem que ser amplamente discutida
com a sociedade. Segundo, é fato que o ensino médio precisa de uma reforma, mas
entre essa necessidade e a proposta do governo Temer há uma imensa gama de
possibilidades. Por exemplo, uma das questões que nós pensávamos, era a criação
do Pronatec, que nós construímos. Pronatec, programa nacional de ensino técnico
para um conjunto da população formado pelos estudantes do ensino médio e para
os trabalhadores. Que são coisas diferentes. Os estudantes do ensino médio
teriam dois anos de formação técnica e tiveram com o Pronatec. E para os
trabalhadores adultos um tempo menor para criar oportunidades diferenciadas de
trabalhos e formá-los nas áreas que o Brasil tinha necessidade. Portanto,
defendíamos uma base curricular comum. Em cima dela, faríamos a reforma
necessária. Não pura e simplesmente riscar do mapa um ensino daquilo que é
importante. Por exemplo, é importante ter ensino de história, sociologia e
etc”, apontou.
Pedido de
desculpas
“Eu
não acho que você resolve as questões de crise política só com pedidos de
desculpas. Pode pedir desculpa, não tenho vergonha nenhuma de pedir desculpa,
mas não é essa a questão. A questão é entender o que leva no Brasil a esse
processo de demonização que aconteceu. Ele é restrito a um segmento do espectro
político, no caso, o PT. É como se o PT fosse o depositário de todos os pecados
do mundo, o que não é verdade. Se não entendermos o que aconteceu com o sistema
político brasileiro, nós não vamos entender o que aconteceu com o PT, pois ele
é fruto também do sistema político. Não tem como você, participando de uma
determinada situação conjuntural, você ser o puro e o resto ser pecador. Nem o
resto ser puro e você o pecador. Ou seja, ninguém é pecador e ninguém é puro.
Acredito que o sistema político brasileiro estimula o fisiologismo, a visão parcial
dos problemas e acaba com as propostas programáticas. Acredito que os erros
eventuais que o PT cometeu são bastante ligados a ele ter entrado neste meio
ambiente político e não ter mantido a sua tradição”, avaliou.
Lula
“Eu
acredito que tem um quadro de golpe continuado. Este quadro tem como objetivo
principal impedir que na eleição de 2018, o Lula participe da eleição como
candidato. Acho que há um objetivo claro de condená-lo na segunda instância
para inviabilizá-lo como candidato. Se ele vai ou não ser atingido é uma
questão que a gente não tem como chegar a uma conclusão objetiva hoje. Se
prenderem, eu acho que criam uma situação muito difícil para o País. Acho que a
prisão do Lula será vista como um ‘corolário do golpe’ que resultou no meu impeachment”,
ressaltou.
Michel
Temer
“Não
se pode ter ódio das pessoas porque não é no sentido pessoal que elas agem.
Elas agem representando interesses e valores que não são os meus. Portanto, faz
parte nesta vida você conviver com pessoas com as quais, em alguns momentos,
você se espanta com que elas são capazes (…) isso não te provoca ódio, te
provoca um sentimento de desencanto. Eu não tive ódio de torturador porque eu
vou ter ódio de traidor dentro destes processos? Ninguém pode ser movido a
ódio”, finalizou.
Eduardo
Cunha
“O
grande líder desse grupo era o Eduardo Cunha, aliás, é interessante perguntar,
o que aconteceu com Eduardo Cunha? Onde está Eduardo Cunha? Na verdade, ele não
teve nenhuma consequência pelo fato de ter descoberto que ele tinha contas no
exterior e etc. Enquanto isso, se persegue outras pessoas que a suspeita ainda
tem que ser provada. Parece que a Procuradoria tinha provas efetivas, mas
voltando, ele hegemonizou esse Centro pela direita. Tanto é assim, que acredito
que para votar a PEC 241 foi feita uma ampla negociação e a mídia se cala sobre
isso. Cala sobre que tipo de negociação. Quem é quem nos cargos federais hoje,
então, é uma situação que nós não aceitávamos certos níveis de imposição do
senhor Eduardo Cunha. Hoje eles estão sendo aceitos, não são revelados e
ninguém sabe do que se trata”, salienta.
http://www.tijolaco.com.br/blog/dilma-diz-que-prisao-de-lula-seria-corolario-do-golpe/
Nenhum comentário:
Postar um comentário