Não
se trata de delações feitas sob a pressão do encarceramento, mas de momentos de
sinceridade, em que a direita confessa o caráter da sua ação. Seleciono quatro,
todas muito significativas para esclarecer o momento que o país está vivendo.
O
governo escolheu o lema "Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a
crescer". Tanto no seu sentido explícito, quanto no implícito, o lema diz
tudo a respeito do que o governo golpista é.
Por
um lado, o único objetivo econômico do governo é impor o ajuste fiscal,
conforme declarações do próprio Henrique Meirelles, de que seu único
compromisso é com o ajuste. Temer até disse que o ajuste vai demorar três anos,
para além do seu mandato.
E
o segundo objetivo está na leitura política do lema: repressão ao PT, para o
qual conta com o Judiciário, com a PF com a PGR, com os promotores e com a
mídia. A perseguição a Lula e o uso das acusações a petistas com fins
claramente eleitorais comprovam esse objetivo. Tirar Lula da campanha
eleitoral, senão ele ganha, e seguir perseguindo o PT. Essa a primeira
confissão.
A
segunda, de Teori Zavascki, para quem as acusações dos promotores curitibanos
foram um exagero de espetacularização. No entanto, ele não as invalida, menos
ainda a sua assunção por Moro, que tomou convicções e ausência de provas como
suficientes para tornar Lula réu.
A
terceira, a do ex-presidente do STF Ricardo Lewandowski, de que o impeachment
foi "um tropeço" da democracia. Depois de se manter calado na
presidência das sessões do Senado que levaram a cabo esse "tropeço" e
de, na presidência do STF, ter mantido o silêncio cúmplice diante do mais
monstruoso golpe à democracia e à Constituição que se deu na história
brasileira.
A
quarta delação voluntária foi a do juiz Moro, de que "vivemos um período
extraordinário", para justificar a aplicação de métodos extraordinários,
isto é, autoritários, anti-constitucionais, nas ações contra o PT e Lula. É a
mais explicita confissão de que estamos num Estado de emergência, forma
conceitual mais precisa de dizer que vivemos num período extraordinário, que
autorizaria métodos de exceção.
Nada
mais explícito que as confissões, esses momentos de sinceridade dos próprios
agentes do golpe, do Estado de exceção, da cumplicidade do Judiciário e da
espetacularização das perseguições judiciais a Lula e ao PT.
http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/258902/Dela%C3%A7%C3%B5es-da-direita.htm
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