Até
o mais tacanho 'midiota', que foi às ruas manipulado pela imprensa patronal
para esbravejar pelo impeachment de Dilma, já deve estar preocupado. Aos
poucos, os objetivos do "golpe dos corruptos" ficam evidentes. Não
têm nada a ver com o combate à corrupção, mas sim com o desejo do capital de
impor violenta regressão nos direitos. Na reforma previdenciária, a proposta de
aumento do tempo de aposentadoria para 65 ou 70 anos. Já na reforma
trabalhista, as maldades começam a aparecer. Nesta quinta-feira (8), o ministro
do Trabalho, Ronaldo Nogueira, informou que o covil golpista quer impor a
jornada diária de até 12 horas de trabalho. Só faltou propor o fim da Lei
Áurea!
Segundo
relato do jornal O Globo, um ardoroso defensor da precarização do trabalho, a
proposta foi anunciada durante reunião da direção da inexpressiva Central dos
Sindicatos Brasileiros (CSB), em Brasília. O objetivo, descreve o diário, seria
"aumentar a segurança jurídica" das empresas, que hoje já praticam
este abuso e são questionadas na Justiça do Trabalho. O ministro também
antecipou que o governo "pretende estabelecer um novo tipo de contrato,
por horas trabalhadas, para permitir que os empregadores possam contratar com
jornada inferior à estipulada pela Consolidação das Leis do Trabalho e pagar
direitos proporcionais a esse valor". Ou seja: outro golpe na CLT!
As bravatas
do ministro do Capital
Sem
vacilar, o sinistro Ronaldo Nogueira, que deveria ser chamado de ministro do
Capital, defendeu a proposta regressiva de que o negociado se sobreponha ao
legislado. Em plena crise, com a explosão do desemprego, os sindicatos dos
patrões e dos trabalhadores negociariam "livremente" os direitos. No
maior cinismo, ele argumentou: "Quando dizemos que queremos prestigiar a
negociação coletiva, queremos justamente dar à representação sindical uma
legitimidade". É a "livre negociação" da forca com o enforcado.
Na prática, a proposta representa o fim da Consolidação das Leis do Trabalho.
Mas o jagunço do capital garante: "Não há nenhuma hipótese de mexer no
FGTS, no 13º salário e de fatiar as férias". Alguém acredita nestas
bravatas?
A
proposta de elevar a jornada diária deve esbarrar na resistência dos
assalariados. Como já alertou o procurador-geral do Ministério Público do
Trabalho, Ronaldo Fleury, esta regressão colocará em risco a vida do
trabalhador. "A limitação da jornada é uma norma de segurança do trabalho,
assim como o estabelecimento de intervalos entre as jornadas e uma série de
dispositivos para profissões específicas previstos na CLT... Na hora que
passamos a admitir o aumento da jornada, a redução do intervalo de descanso
intrajornada e de refeição, isso causa sobrecarga no corpo e mente do
trabalhador, que fica automaticamente mais sujeito a acidentes, principalmente
trabalhadores braçais".
O
procurador-geral acrescenta: "Não adianta nada você ter os programas de
saúde do trabalhador em dia e submetê-lo a uma jornada de 12 horas de trabalho.
Mais de 70% dos acidentes ocorrem ao final do dia, quando o trabalhador está
mais cansado". Ronaldo Fleury ainda faz duras críticas à proposta da
terceirização generalizada defendida pelo covil golpista. "Ela traz uma
falta de compromisso tremenda com o trabalhador. Na Petrobras, de cada dez
acidentes, oito são terceirizados".
Patrões e
mídia unidos contra a CLT
A
proposta do Judas Michel Temer da jornada diária de 12 horas não causa
surpresas. O "golpe dos corruptos" foi bancado pelos empresários e
agora eles cobram a fatura. No inicio de julho, durante um encontro do ainda
"interino" com a direção da Confederação Nacional das Indústrias, a
ideia regressiva já havia sido apresentada. Na ocasião, o presidente da CNI,
Robson Braga de Andrade, foi enfático ao pregar "mudanças duras" na
Previdência e nas leis trabalhistas. Ele chegou a sugerir que o Brasil
autorizasse uma carga horária de até 80 horas semanais e de 12 horas diárias. E
cobrou as mudanças na legislação "no menor tempo possível". O capacho
Michel Temer o atendeu!
A
regressão também é defendida com ardor pela mídia patronal, principal
protagonista do "golpe dos corruptos". Em vários editoriais e
artigos, os jornais O Globo e Estadão já satanizaram a CLT e propuseram a
chamada "modernização trabalhista". Nesta segunda-feira (5), por
coincidência, a Folha voltou a carga sobre o tema. Num editorial maroto, o jornal
da famiglia Frias - que explora de forma selvagem seus profissionais - elogiou
seu servo golpista. "A julgar pelo primeiro pronunciamento do presidente
Michel Temer (PMDB), o governo se empenhará em aprovar as mudanças na
legislação trabalhista com vistas a flexibilizar as regras da CLT e fortalecer
a negociação coletiva. Insinua que também patrocinará a regulamentação da
terceirização".
"Não
há dúvida que é preciso reformar as arcaicas regras brasileiras, que impõem
pesado custo de contratação e demissão e resultam em elevado nível de
insegurança jurídica. O Brasil é campeão mundial em ações trabalhistas,
contadas aos milhões por ano... Da mesma forma, o crescente setor de serviços
exige contratos de trabalho simples e flexíveis. Não se devem tolher novas
formas de organização com uma legislação talhada para um capitalismo industrial
em boa medida superado... Outra questão fundamental a ser enfrentada é como
conciliar a liberdade de negociação com a estrutura sindical presente,
monopolista, sustentada por imposto obrigatório e, muitas vezes, comandada por
castas corrompidas que se perpetuam na defesa de seus próprios interesses, mais
que os de seus representados". Haja veneno num pequeno editorial!
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/09/temer-quer-jornada-diaria-de-12-horas.html?spref=tw
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