Na
segunda-feira passada, 3 de setembro, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP)
participou de entrevista coletiva sobre
a violência da PM do governo Alckmin (PSDB) ao final do “Fora Temer”, no Largo
da Batata, e a prisão arbitrária de 26 manifestantes horas antes do protesto na
avenida Paulista.
Na
ocasião, ele levantou a suspeita da
existência de um infiltrado no grupo de presos em São Paulo, já que um dos
detidos havia desaparecido do grupo.
Em
8 de setembro, a Ponte divulgou a presença do agente infiltrado de codinome
Balta na rede de relacionamento Tinder.
No
dia 9, o El País identificou-o. Trata-se do capitão do Exército Willian Pina
Botelho, da comunidade de inteligência. Tinha o objetivo de espionar grupos de
esquerda
Ou
seja, havia, sim, um infiltrado, como suspeitou Paulo Teixeira, desde o início.
Viomundo
–Mas a descoberta de que o infiltrado é do serviço de inteligência do Exército
surpreendeu o senhor?
Paulo
Teixeira – Sinceramente, estou surpreso, porque pela Constituição Federal não cabe
ao Exército a função de cuidar da Segurança Pública. Isso é possível somente em
circunstâncias excepcionais, que não foi o caso. Creio que este governo está
extrapolando e comprometendo o Exército.
Viomundo
– Na prática, ao infiltrar um agente para espionar e delatar os manifestantes,
o governo golpista está recorrendo a expedientes da ditadura militar. Isso é
obra dos ministros da Justiça, Alexandre de Moraes, e do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen?
Paulo
Teixeira – Penso que a responsabilidade por esta aventura é do próprio Temer.
Ele tem ao seu lado, além de muitos trapalhões, dois falcões, o general Sérgio
Etchegoyen e o Alexandre de Moraes. Ambos estão criando um estado policial.
Viomundo
– Por quê?
Paulo
Teixeira — O Alexandre de Moraes usa da repressão da polícia de São Paulo para
desestimular os atos contra o governo Temer, assim como fazia antes em relação
ao governador Geraldo Alckmin. O general Sérgio Etchegoyen usa o Gabinete de
Segurança Institucional para espionagem política.
Viomundo
– Em que medida eles são falcões?
Paulo
Teixeira — Geralmente, o termo “falcão”
é aplicado aos membros linha dura do Congresso dos Estados Unidos e do próprio
governo americano que, diante de uma situação de tensão ou disputa, tendem a
recorrer à solução militar e a usar a força bruta.
Aqui,
os falcões tupiniquins são verdadeiros trapalhões.
No
caso do Alexandre de Moraes, usa da ação desmedida da polícia do Alckmin para
ferir jovens com bala de borracha, bomba de gás lacrimogênio e prisões ilegais,
tentando propagar um sentimento de medo para desestimular a participação nos
protestos. Etchegoyen usa a Abin [Agencia Brasileira de Inteligência] e as
Forças Armadas para a espionagem política. Ambos agem como se estivéssemos numa
ditadura.
A
propósito: teriam as polícias de São Paulo, o GSI e o Exército articulado em
conjunto esta ação desastrada?
Viomundo
– Qual o significado dessa infiltração?
Paulo
Teixeira – Um capitão do Exército foi infiltrado num grupo de 26 jovens que ia
se manifestar e forjou um flagrante contra eles que lhes custou dois dias de
prisão. Ainda bem para os manifestantes e a sociedade brasileira que um juiz de
bom senso desmontou a armação da polícias civil e militar de São Paulo e dos
órgaõs de (des)inteligencia federal. O general Etchegoyen promoveu uma
verdadeira operação “tabajara” de inteligência.
Viomundo
– Operação “tabajara”?!
Paulo
Teixeira — “Tabajara”, sim, por três motivos: tentou incriminar pessoas que não
praticaram qualquer crime, a descoberta da farsa e o envolvimento de um capitão
do Exército.
Viomundo
– O que revela essa operação?
Paulo
Teixeira – O Estado brasileiro está virando um estado policial. A área de
inteligência está fora de controle da sociedade brasileira.
Viomundo
– Por quê?
Paulo
Teixeira — Fora de controle porque os movimentos sociais não representam risco
para o país e a presença de um capitão do Exército significa a entrada ilegal
do Exército no tema. Virou espionagem política.
Viomundo
– Mas para os golpistas os movimentos sociais representam um risco ao projeto
político deles, já que questionam, denunciam…
Paulo
Teixeira — Os golpistas estão desvirtuando as instituições. Elas estão sendo
utilizadas para fins de bisbilhotagem política e repressão à juventude. Estão
transformando as instituições de Estado em polícia política, tal qual na
ditadura, com o SNI [Serviço Nacional de Informação]. Estão sujando as Forças
Armadas.
Viomundo
– O que o senhor pretende fazer?
Paulo
Teixeira – Nós vamos cobrar do Exército e do GSI as razões de terem colocado
espião no movimento social. A minoria na Câmara tem assento no comitê de
controle externo das operações de inteligência. Como vice-líder da minoria, vou
falar com a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) para exigirmos satisfação dessa
operação desastrosa. Exigir explicações é uma função do Congresso Nacional.
Viomundo
–Considerando o conservadorismo do atual Congresso, o senhor acha que a maioria
vai se posicionar contra a espionagem da garotada?
Paulo
Teixeira –Acho que sim. É uma questão legal e uma violação da Constituição.
Considero que há um desvirtuamento da atividade de inteligência. Eles estão
usando a inteligência para controlar os movimentos sociais. Foram pegos com a
boca na botija.
http://www.viomundo.com.br/denuncias/paulo-teixeira-temer-faz-bisbilhotagem-politica-e-viola-a-constituicao-exercito-e-gsi-serao-cobrados-pela-operacao-tabajara.html
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