A
semana que passou foi seguramente das mais tristes em minha vida de 57 anos.
Comparo
à tristeza do falecimento de um pai maravilhoso que tive, do falecimento de
minha amorosa mãe que tanto me ensinou, à prisão injusta e infame de José
Genoíno, um dos mais consequentes, consistentes, coerentes e honestos políticos
que conheci na minha vida e à perda da confiança que depositei no atual
procurador-geral da república, que mostrou não ter o tamanho e a coragem que
pensei que tivesse quando movi montanhas para auxiliar em sua indicação.
A
cassação ignóbil do mandato popular de Dilma à traição, para satisfazer a
ganância, a ambição desmedida e o ódio pelo que ela e seu governo significam
para uma corja de politiqueiros desqualificados lembra-me a paixão de Cristo,
traído por seu discípulo por dinheiro, entregue ao ódio de Caifás, o sumo sacerdote
de Jerusalém, e deixado à própria sorte por Pôncio Pilatos, que o fez
crucificar ao lado de bandidos.
Nos
dias atuais, é o STF e o PGR que assumem o papel de Pilatos. Não mexeram um
dedo para poupar uma pessoa que sabiam inocente, honesta, corajosa e sem
qualquer compromisso com a bandidagem que diariamente a chantageava.
Pelo
contrário: praticaram verdadeiro populismo judicial ao manejarem um inquérito
fajuto por obstrução de justiça contra si às vésperas da votação da
admissibilidade do processo pelo senado, para misturá-la aos bandidos aos quais
nunca deu trégua como governante.
No
governo, vi como usavam vazamentos de depoimentos que comprometiam a
governabilidade, muitos sem qualquer substância jurídica. Vazamentos seletivos,
em momentos calculados, que só se destinavam a colocar gasolina na fogueira.
Depois,
quando houve um "descontrole" do noticiário alimentado pelos
vazamentos seletivos a atingir atores do outro lado do rio, passou a haver a
indignação seletiva de quem antes aplaudia vazamentos contra inimigos.
Finalmente,
ao se dar o nefasto resultado da condenação da presidenta, com a esperta
exclusão da pena de perda dos direitos políticos, passou-se a urdir a
seletividade da aplicação da doutrina já previamente estabelecida na obra dos
algozes de Dilma...
Isso,
definitivamente, não é justiça, é um circo, um show do ratinho para animar os
canalhas e os que são providos de dois ou menos neurônios apenas.
Mas
domingo o sol voltou a raiar entre as espessas nuvens. A manifestação de mais de
100.000 cidadãos corajosos que não se deixaram intimidar pelo aparato golpista
alimentou-me com a esperança por dias melhores.
Como
disse Dilma ao se despedir por ora, VOLTAREMOS. E não esperem os mesmos erros.
Aprendemos que conchavo com o inimigo de classe só pode levar a isso: traição,
descompromisso com a causa pública e pilhagem do patrimônio que é de todos nós.
Não
haverá perdão aos omissos e aos traidores, a história será severa em seu
julgamento que começa agora. Serão reconhecidos, sim, os que lutaram e
resistiram sem pensar na causa própria, os que se imolaram pela democracia.
E
cabe a cada um de nós zelar com carinho e honestidade por essa narrativa, que
não é nossa, mas do povo brasileiro, que teve seu voto pisoteado com sapatos
Salamander e Gucci de políticos corruptos, como em 1964 pisotearam-nos com os
coturnos de militares feitos instrumentos dessa mesma casa grande.
Avante
Brasil, perdemos uma batalha, mas não a Guerra e eles terão seu Estalingrado
mais cedo ou mais tarde, porque somos muitos e temos a vontade de projetar este
País à posição das grandes nações do mundo e não reduzi-lo a um anão feito
marionete dos grandes.
http://jornalggn.com.br/noticia/no-impeachment-stf-e-pgr-fizeram-o-papel-de-pilatos-por-eugenio-aragao
Nenhum comentário:
Postar um comentário