É
a notícia mais assustadora do século. A Bayer, cuja antecessora, a IG Farben,
fabricava o Zyklon-B, o gás usado pelos nazistas nas câmaras que matavam judeus
na Segunda Guerra, comprou a Monsanto, que produzia o Agente Laranja, químico
usado na guerra do Vietnã, e que atualmente vende o pesticida mais usado (e
criticado) da história do mundo, o glifosato (comercializado com o nome de
Round-Up). Imediatamente após a notícia, memes se espalharam pela rede,
inclusive no Brasil, criticando a fusão.
Não
parece mesmo a união do demônio com o capeta? É como se a LexCorp de Lex Luthor
se aliasse à Oscorp do Duende Verde. Ou a InGen de Jurassic Park se fundisse à
Virtucon do Dr. Evil. Juntas, a Bayer e a Monsanto se tornarão a maior empresa
do agronegócio do mundo. O que esperar dessa fusão? Inseticidas em forma de
aspirina? Vacinas infantis com agrotóxicos? Milho que cura dor de cabeça? Novas
armas “não-letais” para os policiais do mundo?
Só
em 1995 a Bayer pediu desculpas publicamente por ter fabricado o gás para os
fornos de Adolf Hitler e por ter utilizado judeus como escravos e cobaias
humanas nas fábricas construídas ao lado dos campos de concentração durante a
Segunda Guerra. O executivo alemão Fritz ter Meer, que dirigiu as operações em
Auschwitz, chegou a ser condenado à prisão no tribunal de Nuremberg, mas
retornou como presidente da Bayer AG em 1956.
A
Monsanto, em parceria com a Dow Chemical, forneceu os 80 milhões de litros de
Agente Laranja despejados sobre o Vietnã para destruir as plantações de arroz
do inimigo e desfolhar a vegetação, entre 1965 e 1971. O pesticida é acusado de
ter provocado câncer em milhares de vietnamitas e malformações em 150 mil
crianças, mas as duas empresas já ganharam ou recorreram de várias sentenças
judiciais condenando-as a pagar indenizações às vítimas. A Dow e a Monsanto só
concordaram em pagar indenização aos soldados norte-americanos, em um acordo
feito em 1984.
Em
seu site oficial, a Monsanto nega sua responsabilidade nos efeitos do Agente
Laranja sobre os vietnamitas, sul-coreanos ou quaisquer populações atingidas.
Na época da guerra do Vietnã, o governo dos EUA e os produtores do pesticida
também diziam que o Agente Laranja era inofensivo aos seres humanos, exatamente
como fazem hoje com o glifosato, a despeito de uma agência da OMS (Organização
Mundial de Saúde) ter comprovado seu potencial cancerígeno.
Imaginem
agora estas duas empresas “do bem” juntas! No site Natural News, o ativista
Mike Adams descreveu a compra da Monsanto pela Bayer com um título
espalhafatoso porém verdadeiro: “Bayer, companhia química fundada por nazistas,
compra a inspirada-por-satã Monsanto por 66 bilhões de dólares, uma perfeita
dupla no inferno dos químicos.” O pré-candidato à presidência dos EUA e senador
Bernie Sanders soltou uma nota qualificando a venda da Monsanto à Bayer como
“uma ameaça a todos os americanos”. Que dirá o brasileiro, campeão mundial em
consumo de agrotóxicos?
Os
especialistas em negócios dizem que a Bayer talvez seja capaz de dar um gás (ops)
à combalida Monsanto, cujas vendas de glifosato vêm caindo nos últimos anos. A
expectativa é que agora, aliada à Bayer, a Monsanto produza uma nova série de
sementes modificadas geneticamente e pesticidas ainda mais potentes. Sem
esquecer que o poderoso lobby destas duas empresas sobre os políticos de
direita do mundo duplicou. Que medo! Fujam para as montanhas (mas alguma onde
só haja orgânicos).
Será
que o governo ilegítimo do Brasil será o primeiro associado da nova dupla
malévola? Afinal, Michel Temer sancionou uma lei que permite jogar inseticidas
em cima da população. Só falta mesmo um golpista latino-americano para este
enredo de filme B ficar ainda mais sinistro.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/09/nasce-pior-empresa-do-mundo.html
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