O
Doutor Deltan Dallagnol divulgou nota para dizer que não tirou sua acusação de
que Lula comandava a “propinocracia de delações – ou supostas delações, já que
a que foi “suspensa” por Rodrigo Janot ninguém, a não ser a Veja a viu – não
homologadas e, portanto, inválidas.
Falo
disto, primeiro, antes de mostrar mais coisas que desmontam a encenação montada
para chocar o país.
Sem
saber de onde dizer que tiraram tal afirmação, os rapazes do Paraná partiram
para uma explicação do tipo “ah, mas todo mundo sabe”:
Os
procuradores refutam a conclusão da reportagem e dizem que o sistema de “caixa
geral” de propinas “é conhecido pelas investigações há muito tempo” e foi
corroborado por outros delatores, como Ricardo Pessoa e Paulo Roberto Costa, e
por provas colhidas ao longo da Lava Jato. Nem Pessoa, dono da UTC, nem Costa,
ex-diretor da Petrobras, falam, no entanto, do caso da OAS….)
“Tal
metodologia de caixa geral era amplamente conhecida pelos investigadores, pois
já foi amplamente comprovada pelos depoimentos e pela sistemática dos
pagamentos”, afirma a nota dos procuradores.
Então
tá.
Mas
isso não é tudo, como dizia aquele comercial de vendas na televisão.
Os
rapazes sustentam que foi feita uma obra de “personalização” do apartamento
que, claro, seria para ajustá-lo aos gosto do “freguês”, no caso Lula e Marisa.
Mas
é curiosíssimo que, já em plena conclusão a “customização” do imóvel, na visita
de dona Marisa, o subempreiteiro contratado para deixar tudo ao gosto dela
relata que teve a convicção de que ela tinha reagido como se estivesse vendo o
apartamento pela primeira vez, como está em seu termo de depoimento:
A reforma ocorreu entre abril/setembro de
2014. Não teve contato com o Ex-Presidente da República, entretanto, teve
contato com Marisa Letícia. E esse contato aconteceu durante uma reunião com
Igor e Roberto, Diretor da OAS, quando Marisa Letícia adentrou ao apartamento
164 A acompanhada de um rapaz, e dois senhores. Na época não sabia quem eram os
senhores e o rapaz, agora, entretanto, soube que o rapaz seria o filho dela,
Fábio e os senhores, Léo Pinheiro e um engenheiro da OAS. Ela os cumprimentou e
sob a ótica do depoente “ela estaria conhecendo o apartamento”, tendo,
inclusive, ressaltado “a vista”.
Como
é que pode uma pessoa que está “conhecendo o apartamento” ter solicitado uma
“personalização” daquilo que nunca viu?
Faz
sentido uma pessoa que está “armando” desde 2010 a troca de uma unidade menor
(aliás, na gravação, o mesmo cidadão diz que o apartamento tem três andares,
mas todos pequenos) nunca ter ido lá?
Tem
lógica a pessoa para quem, em tese, estaria sendo feita a “personalização” não
ter feito uma pergunta sequer se “isso aqui não pode ser assim ou assado?”
O
engenheiro da reforma narra a visita de (aqui, aos 36min35s do video) do apartamento
quase pronto. “Me deu a impressão de que ela estava conhecendo o apartamento
naquele dia”. Não narra palpites, sugestões, pedidos, opiniões, ao contrário
fala de que a conversa era sobre “causos”. A Marisa mencionada adiante é uma
funcionária da OAS, como pode ser verificado pouco antes.
Isso
parece a descrição da visita de alguém que encomendou uma reforma. O engenheiro
diz que não havia explicações, apenas narrativas sobre o que tinha sido feito,
Não havia móvel, eletrodomésticos, utensílios, nada que indicasse uso, mesmo
precário, do imóvel.
Que
a OAS estivesse querendo dar, alugar, arrendar, vender, ceder, emprestar o
triplex a Lula não é crime, ainda mais porque não deu, alugou, vendeu, cedeu,
emprestou. O cerne da acusação é o de que fez a reforma por “encomenda” do
casal presidencial.
E
a descrição da visita de Marisa ao apartamento, já com a “personalização” na
reta final, mostra que não pode ter sido uma obra encomendada por quem jamais
tinha estado no imóvel, ao ponto de se surpreender com “a vista”.
A
rigor, bastaria este depoimento para desmentir que Lula e Marisa tivessem
encomendado a reforma.
Você
consegue imaginar que alguém que peça uma reforma de R$ 700 mil e não dê um
palpite?
O
delegado ou promotor que inquire o empreiteiro força a barra:
-E
para o senhor, ficou parecendo que o apartamento era para ela, era para ele
(Lula) ou não?
-Sinceramente
eu não fiquei com essa…Ah, o apartamento é deles, sabe?
-Mas,
por que?
-Porque
eu acho que quando a gente tem uma
reunião com o proprietário, o proprietário já chega falando: ah, gostei disso,
não gostei daquilo…Isso ficou bom, isso não ficou…O que ela se limitou a falar
é que ela gostava muito da praia, que eles ficaram ali muitos anos, quando
Fábio (o filho de Lula) era pequeno, a gente ficava numa colônia de férias de funcionários
públicos…esse tipo de coisa, falou muito bem da vista. Ah, seu pai adora esta
praia…Este tipo de coisa. Mas não entrou assim: nossa, que legal, tem
elevador…Ficou bom o elevador que eu pedi…Não teve este tipo de coisa…
Diante
de um depoimento destes, de quem não é parte, nem acusado, nem delator, nem
indiciado, nem investigado, nem é amigo, correligionário, de quem não tem
nenhuma relação com o casal Lula algum juiz minimamente honesto pode acreditar
na versão de que a reforma foi pedida por Lula e Marisa?
http://www.tijolaco.com.br/blog/nao-e-so-delacao-sem-delacao-que-desmonta-farsa-do-mp-depoimento-mostra-que-nao-houve-reforma-encomendada/
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