A
Lava Jato subiu de vez nos palanques políticos do PSDB. Se alguém ainda tinha
alguma dúvida da partidarização da operação que vem trucidando direitos
constitucionais e jogando o país inteiro nos primórdios do obscurantismo, o
atual ministro da Justiça, Alexandre de Morais, tratou de pôr fim às
especulações.
Neste
domingo (26), em pleno comício de Duarte Ribeiro, candidato PSDBista à
prefeitura de Ribeirão Preto, Morais, num discurso empolgado, antecipou a
plenos pulmões o que deveria ser mais uma operação sigilosa da Polícia Federal.
Que
vazamentos seletivos à mídia condescendente foram uma regra ininterrupta
durante todo o decurso da Lava Jato, sabemos todos. A novidade agora é que nos
dias que antecedem o primeiro turno das eleições municipais, as aparências
foram jogadas às favas e todo o aparato institucional ligado ao Ministério da
Justiça – e não só a ele – serve abertamente a um propósito exclusivamente
político.
É
bem verdade que na prática o que Alexandre de Morais fez não é algo muito
diferente do que o juiz Sérgio Moro já há muito tempo faz ao ser figurinha
carimbada em eventos patrocinados por políticos do PSDB como João Dória ou a
escandalosa antecipação em redes sociais que o editor da revista IstoÉ, Diego
Escosteguy, fez quando a PF sequestrou o ex-presidente Lula através de uma
igualmente escandalosa condução coercitiva.
O
que torna o episódio ainda mais infame é a constatação clara de que o
Ministério da Justiça, com a importância e o significado que lhes são
peculiares, foi entregue a um sujeito que mais do que ser incapaz de separar as
suas posições políticas pessoais do seu dever republicano e constitucional
enquanto ministro de Estado, opera descaradamente para que a lei sirva não ao
combate das injustiças, mas exatamente em prol de sua proliferação.
E
o que é pior – porque sempre pode ser pior – é que a incompetência, o descaso
com as regras democráticas, o autoritarismo e a falta de diálogo que se vê
presente no Ministério da Justiça são igualmente compartilhados por todos os
outros ministérios desde que o golpe de Estado foi homologado pelo Congresso
Nacional.
O
desmonte da educação brasileira, o desmantelamento das leis trabalhistas, os
retrocesso nos direitos sociais e o retorno da subserviência econômica ao
capital externo caminham paralelos à definitiva politização do sistema
judiciário brasileiro.
Cada
qual em sua área, a equipe ministerial formada por um presidente sem um único
voto, trabalha incansavelmente para que o Brasil dos anos 70 volte a ser uma
triste realidade no cotidiano de milhões de brasileiros que mesmo após duas
décadas de ditadura militar ainda não aprenderam o verdadeiro valor da
democracia.
Ministros
como Alexandre de Morais só são possíveis em países que possuem juízes como
Sérgio Moro, Procuradores como Deltan Dallagnol, membros da mais alta corte
como Gilmar Mendes, presidentes do Parlamento como Eduardo Cunha e presidentes
da República como Michel Temer.
Em
suma, ministros como Alexandre de Morais só são possíveis em países que são
governados por golpistas.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/ministros-como-alexandre-de-morais-so-sao-possiveis-num-pais-governado-por-golpistas-por-carlos-fernandes/
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