Mesmo
sem nenhuma prova de enriquecimento pessoal, mesmo sem nenhuma prova de ter se
valido de vantagens pessoais no seu cargo de presidente da República, mesmo
tendo voltado a viver no mesmo apartamento do qual saiu para ser o presidente
de mais sucesso e prestígio no Brasil e do Brasil no mundo – mesmo com tudo
isso, Lula tem que ser acusado, processado, considerado culpado e condenado.
Se
não acontecer isso, com a ação discriminatória do Judiciário, da PF, da mídia,
do Congresso, não será possível dizer que todos os políticos são imorais, que
todo líder popular conquista o apoio popular na base de fraudes. Não será
possível justificar que se instale no Brasil um governo de corruptos, de
ladrões, de golpistas, sem apoio popular, como se o país estivesse condenado a
ser manipulado por essa corja de mafiosos.
Se
Lula for candidato de novo e o povo reconhecer, uma vez mais, nele, sua
liderança, não será possível dizer que o contato com o Estado corrompe a todos,
que os governos servem para enriquecer aos políticos e mais ainda aos
milionários, mas que é possível promover os direitos de todos, incluindo também
os mais pobres na esfera dos direitos essenciais garantidos pelo Estado.
Se
Lula não for condenado, mesmo com provas forjadas, com juízes que representam
os piores interesses da elite brasileira responsável por manter o pais no Mapa
da Fome, então se provará que um presidente pode atender os interesses de
todos, que não é necessário governar para os ricos e contra os pobres. Fica
comprovado que o Brasil não precisa se submeter aos desígnios do mercado, do
capital especulativo e do FMI. Que pode e deve retomar o desenvolvimento
econômico com distribuição de renda, modelo escolhido pelo povo em eleições
diretas quatro vezes consecutivas.
Se
Lula não se enriqueceu como presidente, se não traiu os interesses do povo, se
é o único político que mantém imenso apoio popular e a confiança do povo, com
mais razão precisa ser condenado, porque essa imagem é insuportável para as
elites tradicionais brasileiras. Porque estas precisam recuperar o controle do
Estado e voltar a governar para elas mesmas e contra os direitos conquistados
pelo povo neste século.
Para
impedir que de novo um governo democrático, popular, soberano, se instale no
Brasil, é preciso tirar Lula da vida política, não importa da forma que seja.
Não adianta forjar rejeições dele em pesquisas fajutas. Acreditassem nas
pesquisas que forjam, não necessitariam tirá-lo da vida política. Bastaria
derrotá-lo em disputa democrática, pelo voto popular. Não haveria pior derrota
para o Lula e maior vitoria para a direita.
Mas
a direita sabe que, como perdeu com Serra duas vezes, com Alckmin, com Serra,
com Marina, perderão de novo, com qualquer um deles ou com outro engendro. Por
isso precisam forjam uma condenação ao Lula. Para isso contam com o STF, com
Janot, com Moro e com todos os que se dispõem a passar à história como
serviçais das minorias dominantes, do que de pior o país já produziu e que
precisa das atitudes subservientes desses seus comparsas, para voltar a
submeter o Brasil aos interesses do 1% dominante, que só pôde voltar ao governo
por um golpe, promovido e acobertado por facção autoritária das classes
dominantes.
Um
fantasma percorre as mentes dessas elites dominantes, dos seus políticos, dos
donos da mídia, dos juízes, dos policiais – o fantasma do Lula, que é preciso
condenar, diante da impossibilidade de destruir, se a democracia for
reinstaurada no Brasil.
http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/254253/Lula-tem-que-ser-culpado.htm
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