O
usurpador Michel Temer não se enxerga mesmo. Sem voto - até como candidato a
deputado federal ele ficou duas vez na suplência nos três pleitos em que
disputou - e sem qualquer legitimidade - o seu partido, o PMDB, chega ao
Palácio do Planalto pela terceira vez sem nunca ter vencido uma eleição
presidencial -, o Judas ainda acha que está com a bola toda. Logo após ser
"empossado" no colégio eleitoral do Senado, nesta quarta-feira (1),
ele saiu dando broncas, todo arrogante, mostrando as suas garras autoritárias.
Segundo a mídia chapa-branca, até os seus capachos se surpreenderam com o tom.
De "vice decorativo", Michel Temer parece querer virar o novo
ditadorzinho do Brasil.
Segundo
relato da Folha golpista, "o sisudo Michel Temer virou presidente cheio de
marra e recados. Na primeira reunião ministerial após a posse, falou grosso.
Disse que são 'inadmissíveis' divisões em sua base de apoio no Congresso. 'Não
será tolerada essa espécie de conduta. Quem não quer que o governo dê certo,
declare-se contra o governo e saia', declarou", relata o repórter Leandro
Colon. Ele ainda exigiu firmeza dos seus serviçais. "Vamos contestar o
termo de golpista. Golpistas são eles, que propõem a ruptura constitucional.
Não vamos levar ofensa para casa... No plano internacional, eles conseguiram
com algum sucesso dizer que aqui houve um golpe. Agora, vamos ter que
responder". E concluiu que não "vai tolerar" vacilações na base
governista. Haja prepotência!
Já
em sua primeira exibição em cadeia nacional de rádio e tevê, o usurpador até
tentou dar uma de "pacificador". Num discurso enfadonho de cinco
minutos, ele prometeu "reunificar" o país. Mas, de fato, ele tentou
seduzir o "deus mercado", que incentivou o "golpe dos
corruptos". O Judas garantiu que imporá as reformas trabalhista e
previdenciária, mas não deu detalhes da facada. "Nossa missão é mostrar
aos empresários e investidores de todo o mundo a nossa disposição para
proporcionar bons negócios que vão trazer empregos ao Brasil". Em tom
demagógico, o golpista concluiu: "Meu único interesse, e que encaro como
questão de honra, é entregar ao meu sucessor um país reconciliado, pacificado e
em ritmo de crescimento. Um país que dê orgulho aos seus cidadãos". Haja
cinismo!
A
resposta contundente de Dilma
O
tom ameaçador do ditadorzinho de plantão, porém, não vai intimidar as forças
contrárias ao "golpe dos corruptos". Na mesma noite da
"posse" do usurpador, milhares de pessoas saíram às ruas em todo o
país para exigir o "Fora Temer". Dados parciais indicam que ocorreram
protestos em mais de 40 cidades de dez Estados. A presidenta Dilma Rousseff,
eleita democraticamente por 54,5 milhões de brasileiros e tirada do poder pelo
colégio eleitoral do Senado, também não está disposta a se curvar diante do
"vice decorativo". Logo após a aprovação do impeachment, ela fez um
incisivo discurso convocando a sociedade à resistência democrática. Vale
conferir:
*****
Ao
cumprimentar o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimento todos as
senadoras e senadores, deputadas e deputados, presidentes de partido, as
lideranças dos movimentos sociais. Mulheres e homens de meu País.
Hoje,
o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes
injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a
Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta
que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram
um golpe parlamentar.
Com
a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam
desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos
derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto
direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do
poder por meio de um golpe de Estado.
É
o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar,
apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando
era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por
meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo
povo.
É
uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade
expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos
recorrer em todas as instâncias possíveis.
Causa
espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por
ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu
governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados.
O
projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está
sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o
apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado
para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso
social.
Acabam
de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer
justificativa constitucional para este impeachment.
Mas
o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi
apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização
política progressista e democrática.
O
golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por
direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis
trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra;
direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem
sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das
mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.
O
golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é
homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do
preconceito, da violência.
Peço
às brasileiras e aos brasileiros que me ouçam. Falo aos mais de 54 milhões que
votaram em mim em 2014. Falo aos 110 milhões que avalizaram a eleição direta
como forma de escolha dos presidentes.
Falo
principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria,
realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico,
entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação,
passando a ter direitos que sempre lhes foram negados.
A
descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas
conselheiras. Não desistam da luta.
Ouçam
bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos
lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um
governo golpista pode sofrer.
Quando
o Presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo
cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos,
realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e
redução de desigualdades da história de nosso País.
Esta
história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo
golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar
nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.
Espero
que saibamos nos unir em defesa de causas comuns a todos os progressistas,
independentemente de filiação partidária ou posição política. Proponho que
lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora,
contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento
pleno da democracia.
Saio
da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter
traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o
mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de
continuar lutando pelo Brasil.
Eu
vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas
responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta
contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.
Travei
bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy
Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam
vencedores. A história será implacável com eles.
Às
mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que
acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na
primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a
misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em
direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar.
Neste
momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a
pouco”.
Encerro
compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski:
'Não
estamos alegres, é certo,
Mas
também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O
mar da história é agitado
As
ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las
ao meio,
Cortando-as
como uma quilha corta.'
Um
carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que compartilha comigo a crença na
democracia e o sonho da justiça.
*****
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/09/empossado-temer-mostra-garras.html?spref=tw
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