A
violência praticada contra o presidente Lula por procuradores do Ministério
Público Federal que atuam na operação Lava Jato, do Paraná, na semana passada,
que por mais de três horas em cadeia de televisão e rádio o julgaram e o
condenaram sem provas, apenas por convicção, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
alertou que a atitude desmerece o próprio MPF e faz supor que vivemos na Idade
Média.
“Consideramos
que os procuradores são fiscais da lei, mas não podem se comportar como estão
se comportando. O que vimos na semana passada deixou aterrorizados até aqueles
que não gostam do Lula e do PT”, observou Gleisi em discurso na tarde desta
segunda-feira (19).
O
PT não tem medo de ser investigado e muito menos Lula, porque, do contrário,
ele e Dilma não teriam criado mecanismos de combate à corrupção, como a lei de
acesso à informação, o portal da transparência, a lei das organizações
criminosas, a lei do colarinho branco e diversas outras leis e iniciativas
destinadas a publicizar atos públicos e fiscalizar direitos. Lula foi um dos
criadores do MPF quando foi deputado constituinte, uma instituição com o
objetivo de zelar os princípios fundamentais, entre eles o da dignidade da
pessoa humana.
“Mas
não foi isso que os procuradores fizeram com Lula na semana passada. O julgaram
e o condenaram sem provas. Um atentado à dignidade humana contra Lula e à Dona
Mariza. Naquele dia não se fez uma denúncia como o MPF deve proceder, seguindo
os preceitos da juridicidade, objetividade. Foi um desrespeito ao MPF e todos nós
que defendemos e acreditamos nas instituições e na democracia. Entendemos que
aqueles procuradores não estavam representando o MPF”, afirmou.
Para
Gleisi, a denúncia em powerpoint, com setas apontando Lula como um
desrespeitador das leis, o chefe da quadrilha, foi ilustrada pela declaração de
um procurador que disse taxativamente que “não temos provas cabais, temos
convicção”. “Isso não se faz num País que pretende ser democrático. Estamos
voltando para a Idade Média. Antes, as bruxas deveriam ser torturadas. Ainda
que as provas não fossem fáticas, elas deveriam ser levadas ao juiz para depois
serem queimadas. Portanto, ainda que não gostem de Lula e do PT, aliás querem
acabar com o PT, estamos jogando no lixo conquistas da democracia. Estamos
deixando a democracia no lixo”, denunciou.
Narrativa
Contra
a tese que a mídia conservadora construiu para colocar Lula contra os
servidores públicos, em especial os procuradores do MPF, porque ele falou que
alguns procuradores são analfabetos políticos, Gleisi recordou que o
ex-presidente foi o que mais valorizou e o que mais valoriza as carreiras e o
fortalecimento do Estado, da máquina pública e as instituições que dão base
para o Estado Democrático de Direito. “Não foi Lula quem chamou os servidores
de marajás (foi Collor). Não foi Lula quem falou que servidor público não gosta
de trabalhar (foi FHC, que chamou os servidores de vagabundos).
“Seria
bom que esses meninos, esses jovens procuradores, que se acham arautos da
moralidade, defensores da coisa pública, que acham que vão resgatar e redimir o
País da corrupção, conhecessem a história de 500 anos desse País. Talvez
poderiam se colocar para fazer um discurso político. Não sou contra discurso
político porque estamos numa democracia, mas o MPF não é lugar de fazer
discurso político”, disse Gleisi.
A
senadora considera que Lula, em sua declaração no dia seguinte ao show
pirotécnico dos procuradores da Lava Jato, foi feliz ao citar seu legado, das
conquistas sociais, do que fez pelo Brasil. “O presidente Lula, com altivez,
falou do que fez para a área social, para a área do desenvolvimento econômico e
para o funcionalismo público”, finalizou.
http://www.ptnosenado.org.br/site/noticias/ultimas/item/55059-e-absurdo-que-membros-do-ministerio-publico-facam-juizos-morais-afirma-gleisi-hoffmann
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