A
força-tarefa da Lava Jato se embrenhou numa armadilha. Dependendo da opção dos
seus agentes, poderá abrir um capítulo de grave conflitividade social no país,
e não conseguirá ficar livre da responsabilidade pela espiral de conflito e
violência.
Pela
primeira vez desde que iniciou, a Operação é contestada pela quase unanimidade
jurídica e política. É o saldo da tresloucada acusação dos procuradores ao
ex-presidente Lula.
Para
acusar e incriminar Lula, os inquisidores do Ministério Público usaram o rascunho
do acordo anulado de delação do empreiteiro Leo Pinheiro. Atribuíram ao
ex-presidente, com zero de prova, mas muita convicção, o papel de “comandante
máximo”, “grande general” e “maestro” do esquema de corrupção na Petrobrás.
A
denúncia dos procuradores agora está com o justiceiro Sérgio Moro, que terá de
decidir entre duas alternativas: ou [1] aceita a denúncia e instala o processo
através do qual, se sabe de antemão, ele condenará Lula sem causa; ou [2]
arquiva a denúncia por falta absoluta de provas e “excesso de convicções”.
A
segunda hipótese é praticamente improvável, porque Moro estaria contrariando o
epílogo épico planejado para a Lava Jato há dois anos e meio, que é a
condenação e prisão do Lula como o “comandante máximo” da corrupção no Brasil.
O justiceiro dificilmente arquivaria esta denúncia, mesmo que delirante, porque
passaria recibo do padrão de funcionamento da Lava Jato, baseado em
arbitrariedades e atropelos. Significaria uma derrota estratégica e
desmoralizante da Operação.
A
hipótese de Moro aceitar a denúncia para condenar Lula é a mais provável,
coerente inclusive com práticas criminosas antecedentes. Em outros momentos
cruciais para a Lava Jato, Moro não hesitou em agir ao arrepio da Lei e do
Estado de Direito. Assim procedeu na condução coercitiva do Lula com o objetivo
fracassado de prendê-lo, em 4 de março; e assim atuou na interceptação e
divulgação ilegal de conversas telefônicas da Presidente Dilma, em 16 de março.
Para
a perpetração dos abusos e violências, Moro conta com o respaldo do STF, que
tem sido conivente com a regressão jurídica e com os retrocessos no campo do
direito, como ficou patente por ocasião dos episódios de 4 e 16 de março e
outros. Com isso, a Suprema Corte legitima o Estado de exceção que se vive no
país com o golpe.
É
cada vez mais cristalino que a Lava Jato foi montada para atingir de morte
Dilma, Lula e o PT. Na verdade, a oligarquia golpista usou o combate à
corrupção apenas para tomar de assalto o poder com o golpe
jurídico-parlamentar. Como derrubaram Dilma, agora precisam aniquilar Lula,
inviabilizando por todos os meios seu retorno à Presidência do país na próxima
eleição.
A
paz social no Brasil está ameaçada pelo ataque que setores das instituições
jurídicas e policiais do Estado, capturadas por militantes partidários
golpistas e antipetistas, desferem contra a democracia, a Constituição e o
Estado de Direito.
A
violência fascista contra o Lula, se concretizada pela força-tarefa da Lava
Jato com a cumplicidade das instâncias do Judiciário e o acobertamento da mídia
dominante, mudará o padrão da luta política e do conflito social.
O
povo trabalhador certamente não ficará passivo diante da injustiça contra Lula
e da tentativa de assassinato do maior líder popular de todos os tempos.
http://www.brasil247.com/pt/colunistas/jefersonmiola/255911/Com-ataque-a-Lula-Lava-Jato-pode-incendiar-o-pa%C3%ADs.htm
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