Quem
desmoraliza a justiça brasileira é a própria justiça brasileira.
Ou,
para sair do plano impessoal: são os juízes brasileiros.
Não
adianta fingir indignação com Lula por recorrer a um tribunal internacional. É
mais decente olhar para o espelho e dizer: “Onde foi que erramos? Que podemos
fazer para recuperar a dignidade perdida?”
São
absurdos de todos os lados. Materiais, por exemplo. Privilégios, mordomias em
doses copiosas. Nenhum respeito pelo dinheiro público. Quem não se lembra dos
90 mil reais que Joaquim Barbosa queimou para reformar os quatro, repito,
quatro banheiros do seu apartamento funcional?
Isto,
em si, conta uma história.
Passemos
agora para o plano do comportamento. Em que sociedade minimamente avançada você
vai ver um juiz tão descaradamente ativista de direita como Gilmar Mendes?
Gilmar
Mendes chegou a ser flagrado num telefonema com Bonner para combinar uma pauta
do JN. É uma coisa de um primitivismo brutal: não evidencia apenas a falta de
ética da justiça mas, também, da imprensa.
A
desenfreada militância política de Gilmar Mendes jamais foi objeto de um único
editorial reprovador. Claro, mídia e justiça são aliados. Mas a ausência de
fiscalização da imprensa não elimina o mal que Gilmar faz à imagem da justiça.
Não põe sequer para baixo do tapete.
Consideremos
Teori Zavascki, do STF. Ele demorou cinco meses para tomar providências sobre o
gângster Eduardo Cunha. Teori tinha em mãos um documento que detalhava os
crimes de Cunha, e mesmo assim deixou que este comandasse, absoluto, o processo
de impeachment. Fico pensando como os historiadores do futuro explicarão a
lentidão patológica de Teori.
E
chegamos agora a Moro.
É
um horror - não existe outra palavra - que Moro se deixe fotografar ao lado de
João Dória, dos irmãos Marinhos, do autor de um livro de um jornalista da Globo
que o glorifica e arrasa Lula.
É
o triunfo do despudor. Você está dizendo qual é o seu lado, o que num juiz é
intolerável.
De
novo: as consequências para a reputação da justiça são monstruosamente
negativas. É um ato de autodesmoralização fulminante. É algo que é aplaudido
por fanáticos antipetistas e incentivado pela mídia plutocrata.
Mas
de novo: nada disso altera o absurdo da situação.
E
as parcerias de Moro e Lava Jato com Globo, Folha etc nas operações circenses
que miravam invariavelmente o PT?
Em
suma.
Você
tem que se dar ao respeito antes que possa exigir que os outros o respeitem.
A
justiça não se dá ao respeito.
É
dentro desse quadro que Lula recorreu à ONU - com inteiro, total, monumental
acerto.
Do
blog Diário do Centro do Mundo:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quem-desmoraliza-a-justica-brasileira-e-a-propria-justica-basileira-e-nao-lula-por-paulo-nogueira/
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