Fora
tudo, há um certo grau de perversão e crueldade na visita que um grupo de
atores famosos e ex-famosos fez a Sérgio Moro.
Susana
Vieira, Luana Piovani, Lucinha Lins, Victor Fasano, Fagner e outros viajaram a
Curitiba para prestar apoio à Lava Jato e às tais dez medidas contra a
corrupção do procurador Deltan Dallagnol.
Foram
recebidos no gabinete do juiz e lhe deram um pen-drive com assinaturas de
apoiadores. Depois desceram à porta do prédio da Justiça Federal onde
congraçaram com 50 manifestantes que vestiam verde e amarelo e gritavam
palavras de ordem. O tour finalizou com um almoço com o magistrado.
Nenhum
deles prima pela inteligência. Houve alguma esperança em Fagner nos anos 70,
mas a coisa não vingou. “Borbulhas de Amor” encerrou qualquer esperança.
Susana
Vieira não decepcionou e bateu alguns novos recordes de estupidez. “Eu tenho
certeza de que este homem [Sergio Moro] é abençoado”, falou.
Paternalista
e xenófoba, detonou os nordestinos - aquele povo inferior que votou maciçamente
em Dilma nas últimas eleições: “Eu acho que as pessoas do Norte e do Nordeste
não têm conhecimento do que está sendo feito aqui. Tem que espalhar isso para o
Brasil”.
Piovani,
eternamente exasperada no 220, especializada em dar barracos públicos sobre
qualquer tema, notadamente sobre si mesma, conseguiu desenterrar a balela de
que a iniciativa era “apartidária”, que a comitiva queria “dar cara a esse
movimento” focado na “consciência cidadã” e não “na torcida por esse ou aquele
partido”.
Fasano
ficou quieto, o que não foi má ideia (em 1995, em entrevista à Veja, ele teria
declarado que “algumas idéias nazistas são excelentes. Por exemplo: quando
desenvolvo uma espécie no meu criadouro de animais, procuro no acasalamento não
misturar o sangue de um macho todo ferradinho com o de uma fêmea maravilhosa. O
burro, o incompetente, o que foi comido pelo leão não vai passar o gene para
frente. Nisso, Hitler tinha razão”).
Seria
uma palhaçada completa, não fosse um detalhe. Há pouco mais de uma semana, uma
colega deles foi quase linchada naquela cidade, provavelmente com a
cumplicidade de alguns daqueles que recepcionaram a caravana dos puxa sacos.
Ninguém
lembrou o caso, ninguém tocou no assunto, ninguém pediu desculpas a Letícia
Sabatella, direta ou indiretamente. Fizeram questão de enaltecer aqueles
protofascistas e o líder deles, que os inspira quando avançam sobre mulheres
“adversárias”, andando sozinhas na rua, a caminho do teatro, chamando-as de
“comunistas”, “petralhas” e “putas”.
Susana
Vieira fez questão, pelo contrário, de elogiar os agressores. Curitiba, segundo
ela, é “uma das capitais mais adiantadas do Brasil em civilidade, educação,
limpeza, educação das crianças, enfim”.
É
o endosso de uma brutalidade cometida contra uma cidadã com quem esses atores
trabalham em novelas, seriados etc. “Tudo bem, Letícia? Estivemos com aquele
sujeito que te xingou de vagabunda. Te mandou um beijão”. Ingenuidade, burrice
ou má fé? Tudo junto?
O
Brasil não merecia virar o Projac.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/08/os-artistas-lambe-botas-de-sergio-moro.html?spref=tw
Um comentário:
Que texto! Excelente! Esses decadentes pensam que podem influenciar as pessoas de modo geral, mas é um grande engano. Nem nortistas, nem nordestinos, nem qualquer pessoa de bom senso.
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