Dilma
teve que explicar a mesma coisa repetidas vezes
Ficou
patente, na sessão de ontem do Senado, que os senadores lembram pateticamente
em nível intelectual os deputadores federais.
Não
todos, é certo. Mas muitos.
A
diferença entre as intervenções de Dilma e as de seus carrascos disfarçados de
juízes foi extraordinária em seu interrogatório.
Senador
Petecão. Perrela. Magno Malta. Ferraço. Senadora Ana Amélia, fantasiada de
bandeira.
Os
engomadinhos. Aécio, o Candidato Derrotado. Cassio Cunha Lima, ficja suja
cassado quando governador da Paraíba e protagonista de um episódio em que
cupinchas seus foram obrigados a atirar dinheiro de um prédio. Era dinheiro
destinado a comprar votos de eleitores humildes, e ia haver um flagrante.
O
caso do Dinheiro Voador: foi assim que a história se tornou conhecida na
Paraíba e no Brasil.
Sem
nenhuma surpresa, quando Cunha Lima emergiu como um Catão, um cruzado
fajutíssimo do combate à corrupção, a imprensa jamais trouxe à cena o real
perfil deste oligarca da Paraíba.
O
que se viu, nesta terça, é que Gleisi Hoffmann estava absolutamente certa: o
Senado não tem condição moral nenhuma para julgar Dilma.
Moral
e intelectual.
Pacientemente,
Dilma foi obrigada a repetir sua tese central.
Não
adianta você ver as formalidades de um tribunal quando as cartas estão
marcadas. É simulacro de julgamento. Você vai estar antecipadamente condenado.
É
golpe. É golpe parlamentar, uma praga que faz parte da América Latina pós
Guerra Fria.
Não
é mais golpe militar. Não são mais tanques.
São
parlamentares — os conservadores de sempre — que arrumam pretextos vis para
derrubar líderes populares eleitos pela força dos votos.
A
defesa de Dilma demonstrou com toda a clareza que não houve “crime de
responsabilidade” nenhum nas questões fiscais que lhe foram imputadas.
É
um golpe “vagabundíssimo”, para usar a expressão do jornalista Mário Magalhães.
Mesmo
assim, mesmo tudo categoricamente explicado, os senadores golpistas voltavam ao
ponto de partida ao se dirigirem a Dilma.
Como
golpe se ela estava ali se defendendo? Como golpe se o presidente do STF estava
à mesa dirigindo os trabalhos? (O STF, apenas para resgistro, apoiou entusiasmadamente
o golpe de 1964.)
Ora,
ora, ora.
Nenhuma
formalidade faz sentido quando a sentença está pronta muito antes dos trabalhos
da defesa.
Você
pode provar que não cometeu crime nenhum, como foi o caso de Dilma. Mas será
considerado culpado.
É
golpe. Golpe parlamentar, como Dilma repetiu firmemente dezenas de vezes ontem,
num de seus maiores acertos.
Os
golpistas se comportavam como se estivessem habilitados a dar um golpe sem que
o golpe fossem classificado como golpe.
Dilma
desmontou a farsa.
Estamos
na companhia de dois países latino-americanos na promoção de golpes
parlamentares na história recente.
Honduras
e Paraguai.
Eis
mais uma obra que devemos à plutocracia basileira.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/ficou-claro-que-o-senado-tem-um-nivel-de-pobreza-intelectual-e-moral-igual-ao-da-camara-por-paulo-nogueira/
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