Uma
das armações do Mensalão foi achar 40 réus, nem um mais, nem um menos.
Era
tudo que a mídia queria para usar a expressão Lula e os 40 ladrões.
Pensei
nisso ao ler neste final de semana trechos de mais uma delação premiada de
Júlio Camargo.
Não
havia, a rigor, novidade. Mas a reafirmação de absurdos choca.
Falei
dos 40 do Mensalão. No caso da delação de Camargo, são 260. É o número de
deputados que Eduardo Cunha disse a ele que mantinha. Por isso Cunha o
pressionava para que pagasse uma propina milionária que vinha sendo atrasada.
Chamemos
assim, para evocar o Mensalão: Eduardo Cunha e os 260 ladrões. Roubaram 54
milhões de votos, antes de mais nada.
Cunha
teria inflado o número para se gabar? É uma possibilidade. Mas é difícil que
ele tenha dado um número muito maior do que o real.
De
toda forma, foram Cunha e seus ladrões que derrubaram Dilma. A Câmara foi
determinante. O resto, a começar pelo Senado, foi perfumaria.
Na
altura da sessão infame da Câmara, a história de Camargo já era de amplo, geral
e irrestrito conhecimento.
E
mesmo assim nada foi feito para poupar o país e a democracia da ação
destruidora de Eduardo Cunha e seus 260 ladrões.
No
STF, o ministro Teori Zavascki esperou que o processo na Câmara se encerrasse
para acatar o pedido de afastamento de Cunha que lhe fora remetido pela
procuradoria geral da República não dias, não semanas - mas meses antes.
Todos
sabiam fazia tempo não apenas do exército de mercenários de Cunha. Também eram
sabidos os métodos de intimidação de Cunha contra delatores.
Camargo
neste depoimento mais recente - e de novo: não há novidade aqui - relembrou as
ameaças sofridas de emissários de Cunha para que não o delatasse.
Camargo
era um homem aterrorizado. Temia que Cunha se vingasse sobre sua família, sobre
seus negócios, sobre tudo, enfim.
Avisaram
a ele que não adiantava recorrer a ninguém: presidente, polícia federal e o que
mais fosse. Cunha o alcançaria.
Tudo
isso contar que, em meio a todas as informações vindas das delações, os suíços
entregaram documentos que provavam contas secretas de Cunha na Suíça. A
papelada chegou ao Brasil pouco tempo depois de, sob juramento, Cunha dizer na
CPI da Petrobras que não tinha conta no exterior.
E
foi este homem, com seus 260 ladrões, que derrubou Dilma sem que as assim
chamadas “instituições” fizessem qualquer coisa para impedir este crime.
Num
mundo menos imperfeito, o processo de impeachment orquestrado por Cunha seria
sumariamente cancelado.
Mas
somos, lamentavelmente, uma sociedade de gigantescas imperfeições, e então
somos forçados a engolir Temer, o Odiado, no Palácio do Planalto.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/08/eduardo-cunha-e-os-260-ladroes.html
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