A GROSSERIA GRATUITA
DE CARMEN LÚCIA. Por Paulo Nogueira
O
que levou a ministra Carmen Lúcia a ser tão deselegante, tão impiedosa e tão
maldosa exatamente no dia em que foi eleita para suceder Lewandowski no comando
do STF?
A
única resposta que me ocorre é uma combinação letal de ódio no coração com
ignorância presunçosa.
Dizer
que quer ser tratada como “presidente”, tudo bem. Mas afirmar que quer isso por
ser “amante da língua portuguesa” é ao mesmo tempo uma crueldade com Dilma e um
disparate linguístico.
Presidenta
é uma forma absolutamente correta. Ao contrário de Carmen Lúcia, o português é
uma língua generosa: em várias situações, admite mais de uma escolha.
Dilma
optou por presidenta para reforçar o ineditismo de ser a primeira mulher a
ocupar o Planalto.
A
mídia jamais a tratou como ela desejava não por amor ao português castiço ou
coisa do gênero. Foi uma decisão meramente política. A Veja tratou Isabelita
Peron como presidenta da Argentina nos anos 1970, para ficar num caso.
Presidenta figura no Aurélio desde a edição inicial, em 1975.
No
âmbito da Academia Brasileira de Letras, o imortal Merval Pereira não usa
presidenta, mas o imortal Machado de Assis usou em Memórias Póstumas de Brás
Cubas.
Chega?
Negar
a Dilma o título escolhido por ela fez parte do jornalismo de guerra que as
grandes companhias de mídia adotaram contra ela desde o primeiro dia de seu
primeiro mandato.
Dilma
teve 54 milhões de votos. Carmen Lúcia teve um: o de Lula, que a levou ao STF
em mais uma de suas escolhas desastradas.
Mesmo
assim, Carmen Lúcia se acha no direito de sapatear em cima de Dilma. E
exatamente quando Dilma enfrenta um drama épico, seu afastamento por um crime
que não cometeu.
As
mulheres de hoje têm uma palavra para expressar a fraternidade feminina:
sororidade. O que Carmen Lúcia fez é o exato oposto de sororidade.
Se
não bastasse tudo, o comentário infeliz vem num momento em que uma parcela
expressiva dos brasileiros nutrem total desconfiança em relação à lisura da
Justiça e, especificamente, do STF.
A
mesquinharia gratuita de Carmen Lúcia apenas vai reforçar essa desconfiança.
Numa
tirada antológica, Sêneca escreveu que ao se lembrar de certas coisas que
dissera invejava os mudos.
A
nova presidente — chamemo-la como quer — do STF poderia refletir sobre a frase
de Sêneca.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-grosseria-gratuita-de-carmen-lucia-por-paulo-nogueira/
2 comentários:
Usou Presidenta por burrice mesmo, e essa qualidade de Dona Dilma esta comprovada em todos os discursos da mesma.
Jorge, dá uma corrigida no texto da imagem, pois "UMA" parcela de brasileiros "NUTRE" e não "nutrem". Se olhares o texto do Diário do Centro do Mundo verás que lá está correto.
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