Em questões de segurança
pública, as referências mundiais sempre foram para as estruturas discretas e
eficientes.
Ou este “e” esteja errado:
eficientes porque discretas.
Scotland Yard, FBI, Sureté,
as polícias nacionais do Reino Unido, EUA e França, são absolutamente discretas
nas investigações.
Até os “heróis” da
literatura policial eram assim: Holmes, Simenon, Poirot.
Parece que agora resolvemos
entrar em outra era: a do espetáculo.
Certo que o mar não está
para peixe e o risco de atentados terroristas – mais “lá” do que cá – é grande.
Óbvio que não se poderia
apenas ignorar um grupo que, por menos fatos reais que houvesse, fazia apologia
de ações violentas.
Mesmo que – usando as palavras
de nossas autoridades – fossem apenas amadores, ou “porraloucas”, poderiam ter
contato com alguém que não fosse amador ou “porralouca” e oferecesse, da fato,
perigo.
Mas não será isso mesmo que
se deixará descobrir prendendo os sujeitos irrelevantes?
O “terrorista criador de
galinhas “do lugarejo de Açoita Cavalo, interior de Morro Redondo, por sua vez
no interior do Rio Grande do Sul, ia, de lá, mandar uma “galinha-bomba” para
algum lugar?
Não era mais fácil e
produtivo vigiar o cidadão?
E o professor de física
nuclear da UFRJ, já mais que exposto e sob óbvia vigilância, desde que a
revista Época o quis mostrar como terrorista, meses atrás, deportado à revelia
de qualquer lei e mandado para a França, apesar do seu passaporte argelino para
ser colocado lá sob leis de exceção? Será que oferecia perigo alguém tão
“manjado” assim, depois de ter saído nas páginas da imprensa nacional e,
certamente, estar grampeado até a medula óssea?
Sobre isto, aliás, leia a
ótima reportagem de Florencia Costa, no site Colabora. Lá na França, aliás, ele
não está preso, apesar do clima de medo em que vivem: tem apenas de
apresentar-se à delegacia, dando conta de seus movimentos.
Aqui, mandam-se os caras
para um presídio de segurança máxima. Pior, reunindo todos num só lugar.
Nem sequer estou discutindo
sob o aspecto da lei e dos direitos. Apenas o “prático”, a 15 dias dos Jogos.
Tem milhares de fuzis e
outros armamentos pesados com dezenas de grupos criminosos no Rio – é o próprio
ministro que admite que a violência é perigo maior que o terrorismo – não se
viu nada semelhante.
Viu-se, é verdade, muito
teatro para as câmaras de TV, como o “desembarque anfíbio” na Praia do
Flamengo, uma espécie de Normandia carioca, absolutamente publicitária.
Como parece, cada vez mais,
ser publicitária esta operação de prisão, vazada antes para os jornais pela
própria polícia – ou por quem nela manda – o Ministro da Polícia Federal
Alexandre de Moraes.
Mas, no fim das contas, a
publicidade serve mais a quem quer criar um clima de terror do que àqueles que
deveriam criar um clima de segurança.
Por isso, neste episódio,
fico com a análise do jornalista Wilson Tosta, hoje, no Estadão, que reproduzo no
post, escaneada.
O espalhafato irresponsável
– ouso dizer, politiqueiro, marqueteiro – faz o jogo do terrorismo que, diz o
nome, é espalhar o terror.
As nossas autoridades estão
arranjado é meio de, em vez de dar proteção eficiente (porque discreta),
verificando se os “porraloucas” têm ligações com alguém que de fato ofereça
perigo, estimular o medo.
Ou, como dizem os cariocas,
“estão batendo palmas pra maluco dançar”.
http://www.tijolaco.com.br/blog/o-fisico-nuclear-e-o-criador-de-galinhas-se-paranoia-impera-o-terror-vence/
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