Usamos
e abusamos da ideia de que "vivemos momentos decisivos". Pois agora é
rigorosamente verdade. Em pouco mais de um mês, o país estará mergulhado de vez
numa ditadura ou terá recuperado a democracia.
Pouco
falta para essa decisão. Poucos dias, poucos votos, alguma decisão tardia, mas
a tempo, do STF. Falta pouco para que o país tenha rompida sua frágil
democracia, construída com suor e sangue, contra as mesmas forças que agora
ameaçam mergulhar o país, de novo, numa era de trevas, de retrocessos e de
expropriação de direitos da grande maioria.
O
clima não dá conta dos momentos decisivos que vivemos. Quase como que nos
acostumamos que um governo interino e golpista se ponha a desmontar o país.
Quase que nos acostumamos que o STF veja as piores violações dos direitos
constitucionais fundamentais como se não se tratasse de um STF, como se o país
não tivesse um STF.
E,
no entanto, em poucas semanas, um novo tipo de ditadura terá se instalado no
país, ou as forcas democráticas terão impedido isso e o Brasil terá que
reconstruir seu sistema politico em outras bases, para que nunca mais ocorra o
risco de um golpe desde dentro da democracia.
Os
destinos do país serão radicalmente diferentes, conforme a alternativa que
triunfe. Se a ditadura interina se tornar permanente, o golpe terá instalado um
governo ilegítimo, sem voto popular, sem delegação da cidadania para governar.
O Fora Temer seguirá ecoando enquanto ele existir.
Mas
o governo instalado pelo golpe, se valerá do tempo de que dispõe para desmontar
o Brasil. Avançará em tudo o que possa nas privatizações do patrimônio público.
Cortará drasticamente os recursos para as políticas sociais. Destruirá direitos
históricos dos trabalhadores. Acentuará a níveis insuportáveis para a sociedade
a recessão, o desemprego, o corte nos salários. Desmontará a inserção
internacional soberana do Brasil, substituindo-a pela tradicional subordinação
aos interesses e às orientações dos EUA.
Em
2018, quando estão previstas eleições presidenciais, o pais será outro: voltará
a ser o país com pior distribuição de renda do continente; o Brasil voltará a
frequentar o Mapa da Fome; o sistema político terá sido blindado para tentar
impedir que de novo forças populares ganhem eleições e elejam presidentes
contrários aos interesses das elites; o Estado brasileiro estará de novo
reduzido a suas mínimas proporções, o mercado voltará a ter papel central na
economia do país; o desemprego terá de novo papel de fator de controle da
inflação; os salários estarão arrochados; a imagem internacional do Brasil se
tornará de novo intranscendente. O país voltará a ser o que era antes de ter a
política mais efetiva de combate à desigualdade social e o desenvolvimento
econômico com distribuição de renda terá sido deixado de lado.
Mas,
se os golpistas não conseguem os 2/3 de votos para consolidar seu governo, o
futuro do país estará de novo aberto. O povo terá que decidir, por meios
democráticos, os caminhos futuros do Brasil. Por um plebiscito, por eleições
gerais, por Assembleia Constituinte exclusiva para fazer a reforma política.
Os
golpistas seguirão tentando, por outros meios, derrubar o governo. Contarão
sempre com a mídia e com o Congresso mais anti-democrático que já tivemos, com
a complacência do silencio do STF, mas a democracia sairá mais confiante,
seguirá contando com o povo mobilizado nas ruas, com a liderança do Lula, com
os argumentos com que venceu o golpe.
Daqui
a um mês, pouco mais ou pouco menos, por alguns votos de senadores, teremos uma
ditadura instalada plenamente no país ou democraticamente o povo decidirá o
futuro do país. Não poderiam ser momentos mais decisivos.
http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/244533/O-Brasil-entre-a-ditadura-e-a-democracia.htm
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