Uma
desgraça, mais que um presidente interino...
Churchill
foi um frasista insuperável.
Certa
vez, ao se referir ao líder trabalhista Clement Attle, que o derrotara nas
primeiras eleições pós-guerra, Churchill disse: “Um táxi chegou vazio à Downing
St [sede do governo] e dele desceu o Attle.”
A
frase vale para Michel Temer, que acaba de completar um mês como presidente
interino. Temer, ao entrar no Planalto, representava o vazio.
As
comparações param aí. Pois Attle foi um gigante: ele construiu o estado de bem
estar social britânico. É dele, por exemplo, o NHS, o fabuloso sistema de saúde
pública local. Nem Thatcher conseguiu desfazer a obra de Attle em favor dos
menos favorecidos no Reino Unido.
Quanto
a Temer, ele vem tentando destruir o pouco de proteção social que o Estado
brasileiro oferece aos desfavorecidos. É o oposto de Attle.
Colocou
nas principais posições econômicas gente que quer implantar um tardio
thatcherismo no Brasil. É incrível. Os próprios conservadores britânicos
rejeitaram o thatcherismo, que serviu apenas para ampliar exponenciamente a
desigualdade social na Inglaterra.
Há
um agravante em Temer. Ele não teve votos para subverter a política econômica
em curso. O programa escolhido por 54 milhões de homens foi outro.
Isto
é um crime. Temer vem se comportando como se fosse não um interino, mas um
presidente sagrado pelas urnas. Esta ousadia indecente o faz ainda menor do que
já é.
Temer
era ignorado até trair Dilma. Em um mês, tornou-se o homem mais odiado do
Brasil. É Temer, o mal amado.
O
início de qualquer governante registra altos índices de aprovação, que vão
baixando à medida que os dias correm. Temer desceu ao abismo numa velocidade
inédita. Como mostrou uma pesquisa da CNT, ele chafurda em 11% de apoio — mesmo
com a Globo ajudando-o como pode.
Prometeu
um ministério de notáveis, e entregou uma malta de enjauláveis. Falou em
salvação nacional, e não foi capaz de salvar sequer a si próprio.
Não
é um presidente; é uma desgraça.
Cada
dia que passa com ele no Planalto é um dia a mais de suplício para a nação.
Há
uma condição básica e essencial para a recuperação política, econômica e moral
do Brasil: que Michel Temer, o mal amado, seja enxotado.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/um-mes-sob-temer-o-mal-amado-por-paulo-nogueira/
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