A
planta está ameaçada pelo comércio exploratório, extrativismo e agrotóxicos
Na
quarta-feira, dia 22-06-2016, ocorreu a “Oficina de Plantas Medicinais”. A
atividade faz parte da programação da Ecofeira Unisinos, que é realizada às
quartas-feiras no corredor central da Universidade em São Leopoldo. Esta é uma
das oficinas realizadas semanalmente e tem como objetivo a promoção da
“in-formação” sobre as plantas que têm impacto na saúde. A cada semana são
apresentados diferentes grupos de plantas, explorando o cultivo, o uso, os
benefícios e os impactos na vida. Uma das plantas apresentadas nesta semana foi
a MARCELA, que sofre risco de ser extinta no nosso estado.
O
chá de marcela é um dos mais populares do RS. Em 2002, a marcela foi
considerada, através da Lei nº 11.858/2002, a Planta Medicinal Símbolo do Rio
Grande do Sul. Porém, esta erva corre sérios riscos de extinção por conta do
extrativismo, do comércio exploratório e do uso de agrotóxicos. “O que se
percebe nas áreas rurais é que existe uma retirada, bastante grande, muitas
vezes de forma errada, na época de colheita da planta. Em vez de tirar os
ramos, toda planta é arrancada para o comércio, sem cuidados”, aponta a bióloga
Denise Schnorr.
Plantas Cicatrizantes
O
debate sobre essa e outras plantas foi feito durante a “Oficina de Plantas
Medicinais”, ministrada pela bióloga e pesquisadora Denise Schnorr, na sala
Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU.
A
temática da oficina foram as plantas cicatrizantes. Denise apresentou os
benefícios e usos da Babosa, do Confrei e da Marcela. Essas plantas incentivam
o crescimento celular e são de uso externo. A novidade está em saber que o chá
de marcela também pode ser usado para ajudar na cura de ferimentos. “Dentro da
cultura do sul do Brasil, o uso da marcela é interno principalmente para
problemas digestivos”, afirma Denise. A bióloga chama atenção para o uso
externo da planta, que serve como anti-inflamatório e cicatrizante.
Para
ser usada como cicatrizante, a planta de marcela deve ser fervida, de forma a
fazer um chá. Com o líquido é indicado que se lavem os ferimentos.
O
confrei também é usado da mesma forma, mas deve-se ter cuidado para que os
ferimentos, nesse caso, ainda não estejam infectados.
Já
o uso da babosa se faz através do gel natural da planta. Não se recomenda o uso
interno desta planta, e a bióloga pede o cuidado de a pessoa não se expor ao
sol após o uso da babosa.
Consumo
consciente
Durante
a atividade, a bióloga Denise Schnorr chamou atenção para o uso da marcela. Por
ser uma planta espontânea, natural da região sul, a erva tem sofrido com o
extrativismo. “Nas áreas rurais mais próximas das cidades vêm diminuindo os
campos de marcela, não só pela colheita, mas também pelo avanço urbano”,
explica.
Outro
ponto que ajuda na extinção da marcela é a forma como se colhe a planta. “O
correto é quebrar somente os ramos com flor”, frisa a bióloga. O que também
determina a extinção da marcela nos campos gaúchos é o uso de defensivos
agrícolas e agrotóxicos.
Todos
os anos a marcela é colhida durante a Sexta-Feira Santa. Essa é uma tradição
que envolve a planta com a cultura brasileira. Além disso, lendas em volta da
erva apontam que travesseiros de marcela ocasionam sonhos coloridos, em
analogia ao efeito relaxante da planta. Isso apresenta a importância da erva
para a construção da história da região sul.
Em
vista dos riscos de extinção que sofre a marcela, a bióloga aponta que a
comunidade deve ter duas responsabilidades essenciais: “A primeira é manter uma
memória do uso tradicional da planta. E a segunda é retirar da natureza apenas
o que é necessário para o seu consumo, pensando na manutenção dessa espécie
para as próximas gerações”, ressalta.
Iracema
Kauer, agricultora da Região do Vale do Rio dos Sinos, participou da oficina. A
agricultora afirma que faz uso da planta no Chimarrão e também como chá. Agora
que aprendeu outras formas de usar a marcela, vai investir nesse conhecimento.
“Tomara que não precise, mas agora sei que posso usar a marcela também como
remédio”, conta.
A
partir dos elementos debatidos na Oficina, os participantes assumiram o
compromisso de tornar público os riscos de extinção da planta, como também de
se colocarem no enfrentamento ao que gera o fim da marcela. “Projetar ações de
informação e intervenção sobre esta realidade é urgente e necessário”, enfatiza
Marilene Maia, coordenadora do ObservaSinos, que esteve presente na atividade.
Ecofeira
A
oficina faz parte da Ecofeira Unisinos, uma iniciativa do Instituto Humanitas
Unisinos – IHU, por meio do Observatório da Realidade e das Políticas Públicas
do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos e que conta com diversos parceiros,
entre eles o Programa de Ação Socioeducativa na Comunidade – PASEC, o Projeto
Tenda Viva – Curso de Comunicação Social Jornalismo Unisinos, a Associação
Rio-grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural e
Banco de Alimentos São Leopoldo.
Denise
aponta o espaço de oficina como uma forma de apresentar os usos das plantas
medicinais. “Podemos divulgar na comunidade acadêmica os usos tradicionais das
plantas que podem e devem também ser cultivadas dentro do sistema orgânico
associado aos alimentos”, provoca.
Na
próxima semana acontece a última edição da “Oficina de Plantas Medicinais”.
A
Ecofeira Unisinos segue sendo realizada nas quartas-feiras durante o mês de
junho. Em agosto as oficinas voltam a acontecer no horário das 13h na Sala
Ignacio Ellacuría e companheiros – IHU. Acompanhe a programação aqui.
A
“Oficina de Plantas Medicinais” foi transmitida ao vivo por meio do canal do
IHU no Youtube e pode ser assistida on-line.
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/556862-marcela-corre-risco-de-extincao-a-planta-esta-ameacada-pelo-comercio-exploratorio-extrativismo-e-agrotoxicos
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