O
presidente usurpador Michel Temer tem a estranha prática de reunir nas noites
de sábados e domingos com os personagens mais controvertidos – para não dizer
de outra forma – da política nacional.
No
28 de maio de 2016, um sábado, Temer antecipou o regresso a Brasília para se
reunir às pressas com o ex-Advogado-Geral da União do FHC e atual presidente do
TSE, o tucano Gilmar Mendes.
Oficialmente,
disseram ter tratado sobre verbas para as eleições municipais. É difícil
aceitar esta versão, porque naqueles dias haviam sido divulgadas as conversas
gravadas de um dos principais operadores de corrupção do PMDB, Sérgio Machado,
com os mais notáveis figurões do Partido que ele presidiu nos últimos 14 anos.
O
surpreendente, naquela ocasião, não foi a publicidade das conversas de Machado
com Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney, mas o ocultamento de outras
conversas também havidas – e sobram razões para se suspeitar que as gravações
de Temer, que tratou de propina com Sérgio Machado na Base Aérea de Brasília,
foram [e continuam sendo até hoje] bem guardadas. O encontro do Temer com
Gilmar pode ser a chave para se entender esta circunstância, que foi decisiva
para a continuidade do golpe de Estado.
Hoje
se ficou conhecendo o encontro secreto do presidente usurpador com seu sócio no
golpe, Eduardo Cunha, ocorrido na noite do domingo passado, 26 de junho.
Michel
Temer diz que “fala com regularidade” com Cunha, o que é, em si mesmo, um
tremendo absurdo e evidência de uma convivência duvidosa com um réu-criminoso que
um presidente legítimo jamais poderia manter e que, todavia, é assimilável para
um presidente usurpador.
Temer
alega que na noite do domingo passado conversou sobre a conjuntura política
[sic] com este notável réu-criminoso que está com o mandato parlamentar
suspenso.
Foi
noticiado que eles conversaram sobre a sucessão na Câmara dos Deputados [sic].
É útil recordar que Cunha, além do mandato suspenso, está proibido inclusive de
freqüentar a Casa, quanto mais tratar de assuntos da gestão institucional.
O
significado dessa proibição é análogo à proibição ao marido agressor se
aproximar da ex-esposa: evitar que o criminoso continue perpetrando o crime. A
despeito disso, Temer recebeu o réu-criminoso no Palácio do Jaburu para tratar
de assunto que aquele “bandido”, como chama a imprensa internacional, está
judicialmente proibido de tratar.
Fossem
tempos diferentes, com uma imprensa honesta, um sistema político sério e
respeitável, um sistema jurídico justo e isento, o golpe de Estado perpetrado
através do impeachment fraudulento da Presidente Dilma jamais teria prosperado.
Como
os tempos são outros, encontros suspeitos do presidente usurpador são apenas
registros assépticos em espaços acanhados do noticiário feitos com atraso de
dois dias.
E,
assim, o golpe segue.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/06/os-encontros-suspeitos-de-temer.html
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