Mesmo
com as nuvens carregadas das acusações contra membros do governo e do próprio
presidente interino, além da situação limite em que se encontra Eduardo Cunha,
as forças golpistas retomaram iniciativa em todos os planos, contra atacam e
buscam consolidar o projeto na votação de agosto no Senado.
Contam
com a falta de iniciativa política unificada das forcas democráticas, de que a
suspensão da segunda reunião, terça-feira passada, entre Dilma, Requião,
movimentos sociais e parlamentares, foi um sintoma claro. Contam com uma certa
baixa do ritmo de manifestações contra o golpe, compreensível, porque é
impossível manter aquele ritmo por muito tempo, ainda mais sem uma perspectiva
de solução política positiva no horizonte.
O
governo abriu o cofre para governadores, senadores, Judiciário, entre outros.
Ao mesmo tempo que a direção do projeto golpista promete aos senadores e
congressistas em geral a renúncia de Temer em janeiro, para entregar na mão
deles a decisão sobre quem será o presidente da República em toda a segunda
metade do mandato. E Temer começa a dar entrevistas que, por mais desastradas
que sejam, lhe projegem como personagem político. Ao mesmo tempo que o governo
golpista tempera um pouco suas iniciativas mais radicais, deixando-as para
depois da votação no Senado, e decreta medidas que possam lhe granjear apoios
ou diminuir resistências no Senado.
Significativamente,
depois da reunião de Moro com o ministro interino da Justiça, na última
terça-feira, se retoma a operação repressiva contra o PT, no Paraná e,
diretamente, na sede do partido em São Paulo.
Tudo
para preparar o clima que virá depois de agosto, se o governo consegue os 2/3
no Senado. Um pacote cruel de expropriação dos direitos dos trabalhadores, de
cortes nos recursos das políticas sociais, de privatização de empresas públicas
e reinserção subordinada do Brasil no cenário internacional. Tudo projetando o
país que o governo golpista pretende ter em 2018, incluindo a desqualificação e
exclusão da esquerda como alternativa.
Enquanto
a esquerda se recolhe a discussões internas sobre as alternativas, a direita
retoma a ofensiva. O cenário atual já demonstra que, ficar simplesmente na
resistência das mobilizações populares, favorece a ação dos golpistas, que são
os únicos que aparecem com alternativas políticas. A resistência protesta,
mobiliza, mas não desenha via de derrubada a curto prazo do governo que destrói
o país. Que seria bloquear os 2/3 no Senado, para o qual seria indispensável
ter proposta que agregue apoios mais além dos 22 senadores que votaram contra o
impeachment. Plebiscito, como propõe Dilma, ou outra qualquer, que tenha o
poder de impedir os 2/3 dos golpistas, com o qual eles terão possibilidade de
seguir com seu projeto de destruição do pais até 2018.
A
incapacidade de iniciativa política da luta contra o golpe, que combine
mobilizações populares com proposta política viável no curto prazo, é o que
permite que a direita contra-ataque em todos os campos.
http://www.brasil247.com/pt/blog/emirsader/239897/O-golpismo-contra-ataca.htm
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