Pode
ser absoluta coincidência que a operação Custo Brasil, desdobramento da Lava
Jato, cuja alvo foram lideranças do PT com destaque para o ex-ministro de Lula
e Dilma Paulo Bernardo, tenha ocorrido dois dias após uma visita de Alexandre
de Moraes a Sergio Moro.
Mas
há, por outro lado, um desprezo completo em manter as aparências que acaba
sendo revelador do viés partidário.
O
ministro da Justiça esteve em Curitiba num compromisso fora de sua agenda (alô,
Marco Antonio Villa). Reuniu-se com Moro e seu time para, oficialmente,
declarar suporte irrestrito. Um dos presentes era o delegado Igor Romário de
Paula, aquele que foi flagrado postando mensagens pró Aécio em 2014.
Na
quinta, questionado, Moraes acusou o golpe. “Não há nenhuma relação da minha
visita institucional de apoio à Lava Jato. Provavelmente seja isso que tenha
deixado desconfortável essas pessoas, é que o governo anterior jamais apoiou
institucionalmente a Lava Jato, porque o governo anterior jamais apoiou o combate
à corrupção”, afirmou.
Vendeu
seu peixe. A gestão do interino “apoia totalmente o combate à corrupção, apoia
totalmente a Operação Lava Jato, e não tem vergonha, como o governo anterior
tinha, de dizer isso”.
O
momento não poderia ser melhor para Temer. Com três ministros a menos em dois
meses, o chefe citado diretamente por Sérgio Machado, Cunha na roça, o PT volta
a ser o vilão nacional.
A
velha propensão dos agentes para dar espetáculo voltou com tudo. Os homens
escalados para a blitz na sede petista em São Paulo eram do Grupo de Pronta
Intervenção, GPI, um batalhão de elite treinado para distúrbios civis.
Vestem-se
com uniformes camuflados e usam rifles de assalto. Tudo numa manhã gelada
paulistana para invadir um sobrado numa rua estreita do centro.
A
diretora de comunicação contou à Folha que eles sabem que “há riscos de
tumultos e manifestações” quando as operações acontecem “em sedes de partidos
políticos”. Qual? Quando? Onde?
A
ideia, na verdade, é mesmo ficar bem na foto. O ciclo se fecha com a coletiva
dos investigadores orgulhosos, transmitida ao vivo na GloboNews, com discursos
pretensiosos sobre o “câncer” da corrupção (a escola Deltan Dallagnol).
É
evidente que, se Bernardo e os demais cometeram crimes, têm de ser punidos. A
questão, aqui, é outra: sempre os mesmos? Sempre do mesmo jeito? E os outros? E
o timing?
Enfim,
um espetáculo como o brasileiro já estava sentindo falta, com o velho e bom
script. O único pecado, talvez, seja o ensaio tão competente. Moro e seus
amigos podiam fingir que erram um pouco para ver se conferem mais credibilidade
ao negócio.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-coincidencia-absoluta-do-encontro-entre-moraes-e-moro-e-a-nova-prisao-de-petistas-por-kiko-nogueira/
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