Dois dias depois da
consumação do golpe, está claro que nada vai mudar na situação
político-econômica do país por uma simples “restauração da confiança” provocada
pela queda de Dilma.
O Michelzinho Paz e Amor do
discurso de quinta-feira, que não ia criar impostos, que cortaria o déficit
público e que não retiraria direitos sociais e trabalhistas começou a ser colocado ontem na galeria do
ridículo por Henrique Meirelles.
Sabe o Ministro da Fazenda
que Fiep e centrais sindicais podem chiar á vontade: credibilidade junto ao
“mercado” se faz é no mundo financeiro.
A reforma da Previdência,
CPMF (ou imposto que o valha) e paralisação dos subsídios e investimentos de
natureza social (como o Minha Casa, Minha Vida) virão, já está óbvio.
A prioridade vai mesmo é
para um programa de privatizações e
concessões que possa trazer dinheiro rápido.
E, anote aí, para a
liquidação da Petrobras, ajudada pelo fato de o petróleo estar voltando, como
se sabia – embora fizessem questão de alardear o contrário, prevendo apocalípticos
US$ 20 por barril – ao patamar de US$ 50
por barril.
A política contracionista de
Meirelles, no início do primeiro Lula,minimamente contrabalançadas pelas
iniciativas sociais do PT, escorava-se na expectativa gerada por Lula, para o
bem e para o mal: do lado do povo, esperanças do melhor; do lado do capital,
alívio por não vir o que achava “pior”.
Temer não tem esta gordura
para queimar, como Lula queimou.
A “capacidade de articulação
política” do ocupante do Planalto com a Câmara, deixa hoje claro o Estadão,
ainda se chama Eduardo Cunha que, confirmando as suspeitas de que seus dedos
andaram metidos em certos imbroglios, “age para manter Waldir Maranhão na
presidência da Câmara“, ou seja, para manter seu poder diretor sobre a Casa.
Assim como nos tempos de
bonança econômica não bastava a feroz oposição da mídia para demolir Lula e,
depois, Dilma, também nestes tempos de crise também não bastará o apoio do
oligopólio de comunicação para sustentá-lo.
Aliás, nem a isso ele ajuda,
com sua capacidade inacreditável de expor-se ao ridículo e à evidência de seu
anacronismo.
Temer, que nunca foi nada,
nada é ou será, a não ser no mundo
untuoso dos negócios políticos, a usar a capa de professor de direito
constitucional como um manto a disfarçar uma mediocridade em nada diferente da
que se tornou o PMDB, mesmo antes de PSDB e PT seguirem-lhe os passos em
matéria de desqualificação política.
Ressalte-se, por justiça,
que isso apanhou a todas as organizações partidárias, à medida em que vivemos
duas décadas onde o dinheiro passou a ser o mais importante eleitor.
Até agora, quando passou a
incorporar o grotesco, diferenciava-se de Sarney apenas nisso, mas nem isso
terá mais de original, de tal maneira mostra-se a desqualificação de sua nulidade pomposa. Se cabe perfeitamente
no figurino “decorativo” do qual reclamou na famosa carta, o que se revela ao
ter de ser funcional, é o personagem ridículo.
Como todo o que ascende ao
poder pelo acaso ou pelo crime, apostará no milagre como forma de legitimar-se
politicamente, por mais que não o possa mostrar agora.
E o “milagre” que se pode
fazer no Brasil, em matéria de economia, é o massacre de direitos e a
dilapidação de nosso patrimônio.
O outro, o da austeridade
seletiva, bem o viu Dilma, não resiste sem a legitimidade política e a
habilidade do estadista , a sustentá-lo.
O mal não tardará a
exibir-se, por mais que o seu agente o preferisse faze-lo nas penumbras,
deslizando silenciosamente.
Terá de vir a luz do sol e,
acho eu, dificilmente resistirá à reação de uma sociedade polarizada,
radicalizada e há três anos habituada a gritar na rua.
Primeiro sem rumo claro,
depois à direita e, agora, como não se via há uma geração, também à esquerda (e
muito além do PT).
http://www.tijolaco.com.br/blog/quantos-dias-dura-o-usurpador-paz-e-amor/
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