Ah, claro, inteiramente.
Aliás, eu acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo.
E não é paradoxo. O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram
juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no
começo. Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de
madrugada com o chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a
aparecer o socialismo.
Chamo de socialismo todas as
tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o
criador de riquezas e não pode ser explorado. Comunismo, socialismo
democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo...
tudo isso.
Esse pessoal começou a
lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais
que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher
grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter
escola para as crianças. Coisas que hoje são banais.
Conversando com um antigo
aluno meu, que é um rapaz rico, industrial, ele disse: “o senhor não pode negar
que o capitalismo tem uma face humana”. O capitalismo não tem face humana
nenhuma. O capitalismo é baseado na mais-valia e no exército de reserva, como
Marx definiu. É preciso ter sempre miseráveis para tirar o excesso que o
capital precisar. E a mais-valia não tem limite. Marx diz na “Ideologia Alemã”:
as necessidades humanas são cumulativas e irreversíveis.
Quando você anda descalço,
você anda descalço. Quando você descobre a sandália, não quer mais andar
descalço. Quando descobre o sapato, não quer mais a sandália. Quando descobre a
meia, quer sapato com meia e por aí não tem mais fim. E o capitalismo está
baseado nisso. O que se pensa que é face humana do capitalismo é o que o
socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue. Hoje é normal o operário
trabalhar oito horas, ter férias... tudo é conquista do socialismo.
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