Pânico no Instituto
Millenium! Tucanos, fujam para as montanhas! Alguém dê um rivotril pro Rodrigo
Constantino! Um estudo publicado esta semana por economistas do Fundo Monetário
Internacional defende que os “benefícios que são parte importante da agenda
neoliberal foram exagerados”. Se eles agora pensam assim, imaginem o que acha
quem nunca enxergou nenhum benefício na agenda que privatizou todas as riquezas
nacionais em países como a Argentina? É este modelo falido, ultrapassado, que o
governo ilegítimo de Michel Temer e seus parceiros do PSDB pretendem reinstalar
no Brasil.
A importância do estudo é
difícil de medir. Afinal, os economistas do FMI praticamente detonaram todas as
políticas defendidas pelo Fundo ao longo das últimas décadas. De acordo com os
autores do estudo Neoliberalismo: supervalorizado?, Jonathan D. Ostry, Prakash
Loungani e Davide Furceri, o neoliberalismo não só não resultou em crescimento
econômico como é a causa da desigualdade crescente no mundo.
As políticas de austeridade
fiscal, disseram os economistas, ao contrário, prejudicaram o crescimento
econômico dos países que as adotaram. “Os custos em termos de crescente
desigualdade são evidentes”, escreveram. “As políticas de austeridade não só
geram custos sociais substanciais, como também prejudicam a demanda e assim
agravam o desemprego”. A Grécia é um exemplo disso.
Os economistas advertiram
que a desigualdade crescente afeta, inclusive, o nível de sustentabilidade do
crescimento. “Ainda que o crescimento fosse o único ou o principal objetivo da
agenda neoliberal, os que a defendem necessitam de qualquer maneira prestar atenção
a seus efeitos distributivos”.
Eles são taxativos ao
analisar a supervalorização do neoliberalismo por seus defensores. “No caso da
abertura financeira, alguns fluxos de capital, como a inversão estrangeira
direta, parecem ter os benefícios esperados. Mas para outros, particularmente
os fluxos de capital de curto prazo, os benefícios em relação ao crescimento
são difíceis de verificar, enquanto que os riscos, em termos de maior
volatilidade e maior risco de crise se mostram crescentes.”
A notícia foi recebida com
fúria pelo jornal britânico Financial Times. “É um insulto à inteligência”,
vociferou. “O ataque contra o neoliberalismo é perigoso. Dá fôlego aos regimes
opressores de todo o mundo que também se posicionam radicalmente contra o
liberalismo e submetem suas populações a uma política econômica ineficiente e à
desigualdade extrema usando todo o poder do Estado”, atacou o FT, mirando
certamente países como os “bolivarianos” da América do Sul, onde o jornal
parece ignorar que a desigualdade diminuiu.
No The Guardian, pelo
contrário, o estudo foi motivo de júbilo e gozação. “Você está testemunhando a
morte do neoliberalismo”, escreveu o articulista Aditya Chakrabortty. “Quanto
mais a crise avança, mais as pessoas caem em si de que não só o crescimento foi
mais fraco como os trabalhadores comuns têm tido menos benefícios. No ano
passado, a OCDE (Organização para o Crescimento e o Desenvolvimento Econômico)
fez uma confissão notável: reconheceu que a parte que cabia aos trabalhadores
do crescimento econômico do Reino Unido está agora em seu nível mais baixo
desde a Segunda Guerra Mundial. E pior ainda entre os trabalhadores do Ocidente
capitalista de modo geral”.
Sério que é isso que querem
para o Brasil? Retroceder e voltar a adotar uma agenda que o próprio FMI
reconhece como falida? Nunca tivemos dúvidas de que o que desejam Temer, José
Serra e cia. é nos transformar numa república de bananas subserviente aos EUA.
Permitiremos?
http://www.socialistamorena.com.br/agenda-que-ate-o-fmi-acha-ultrapassada/
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