O presidente do Senado,
Renan Calheiros, nunca experimentou uma pressão tão grande da mídia.
A Globo botou um helicóptero
para acompanhar o seu deslocamento de carro em Brasília.
Amigos meus no exterior, que
acompanharam o noticiário pela internet ficaram chocados: "bizarro" é
o que eles me dizem.
Ao cabo, a pressão, como era
de se esperar, fez efeito, e Renan decidiu dar continuidade ao processo de
impeachment, ignorando a anulação da votação do dia 17 assinada pelo novo
presidente da Câmara, Waldir Maranhão.
De qualquer forma, a
confusão serviu para desmoralizar ainda mais o golpe.
Era previsível que, diante
do investimento gigantesco feito pelos golpistas em todo o tipo de
ilegalidades, rasgando tantos capítulos da Constituição, desprezando o
resultado de uma das maiores eleições do planeta, a pressão sobre Renan não
medisse limites.
O golpe segue o seu curso
ainda mais desfalcado. Além de baseado numa votação ilegal na Câmara, porque
feita em cima de um relatório que, inconstitucionalmente, não aponta crime de
responsabilidade, o impeachment segue adiante assentado sobre uma votação
anulada.
Para completar o cenário de
republica de bananas, ou melhor, de ditadura bananeira, um outro juiz, seguindo
o modelo Sergio Moro, mandou realizar uma condução coercitiva do ex-ministro
Guido Mantega, no curso da Operação Zelotes.
Condução coercitiva é uma
babaquice autoritária, simples assim, porque só poderia ser feita se o cidadão
se recusasse a comparecer voluntariamente perante as autoridades. Não é o caso
de Guido Mantega.
O blogueiro Luis Nassif fala
da aproximação de uma "noite de São Bartolomeu", referindo-se a um
dos episódios mais traumáticos da história mundial, em que a monarquia francesa
dispara uma repressão horrível sobre não-católicos.
Setores importantes do
judiciário estão incorporando alegremente o espírito do golpe, assim como
fizeram seus congêneres durante a ditadura no Brasil, e como aconteceu em
outros países, em períodos de exceção. Um golpe de Estado pressupõe,
necessariamente, uma grande cumplicidade entre magistrados, golpistas e forças
repressivas, mancomunados todos contra os interesses populares.
Hoje foi divertido
testemunhar o desespero dos sem voto, em especial dos jornalistas globais, ao
constatarem a fragilidade ridícula de seu golpe.
Porque é isso o que
caracteriza um golpe: a sua instabilidade. Como não é baseado no único processo
que dá legitimidade a um governo, o sufrágio universal, ele será sempre
instável, e terá necessidade de apelar à repressão, à mentira, à manipulação,
para se sustentar.
A história, moça irônica,
abre muitas portas para os golpistas, sinaliza caminhos, pelos quais eles se
enveredam tolamente, sem saber que ao fim dele encontrão um espelho a refletir
o seu próprio semblante monstruoso e desprezível.
Abaixo, nota divulgada há
pouco pelo Senado.
***
No Portal do Senado.
Renan mantém processo de
impeachment em andamento
Da Redação
O presidente do Senado,
Renan Calheiros, decidiu dar seguimento ao processo de impeachment no Senado.
Ele classificou como "absolutamente intempestiva" e "brincadeira
com a democracia" a decisão do presidente em exercício da Câmara, Waldir
Maranhão, de anular a sessão em que foi aceita a admissibilidade do processo.
Ao anunciar sua decisão ao
Plenário, Renan explicou que não poderia interferir nos discursos proferidos
pelos deputados, antes da votação do dia 17 de abril. O anúncio de votos e a
orientação partidária foram argumentos citados por Waldir Maranhão para anular
a sessão.
Renan também rejeitou a
alegação de que a decisão da Câmara pela admissibilidade não poderia ter sido
encaminhada por ofício. Maranhão argumentou que o documento adequado seria uma
resolução.
Com esses argumentos, Renan
deixou de conhecer do ofício de Maranhão. Em seguida, ele deve ler o resultado
do trabalho da Comissão Especial de Impeachment, que na semana passada aprovou
por 15 votos a 5 parecer pela admissibilidade do processo.
http://jobhim.blogspot.com.br/2016/05/a-capitulacao-de-renan-o-desespero-da.html
http://www.ocafezinho.com/2016/05/09/a-capitulacao-de-renan-o-desespero-da-globo-e-a-desmoralizacao-final-do-golpe/
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