Ao divulgar áudio
colocando-se como “próximo” presidente, vice-presidente confirma punhalada na
sua companheira de chapa e se lança definitivamente no hall dos traidores da
pátria; leia artigo do jornalista Marcus Vinícius, que aponta as coincidências
entre o momento atual e a história de Tiradentes, cujo retrato está pendurado
na parede da comissão de impeachment, onde se aprovou o relatório do dentista
Jovair Arantes que pede a degola de Dilma às vésperas do feriado de 21 de abril
A história se repete como
farsa, ou como tragédia, dizia o filósofo alemão Karl Marx. Nada mais pode
confirmar esta frase quanto a coincidência de datas e de fatos vividos neste
último dia 11 de abril. Foi neste mesmo dia que, há 227 anos, em 1789, Joaquim
Silvério dos Reis escreveu carta ao Visconde de Barbacena traindo o
alferes e dentista, Joaquim José da
Silva Xavier, o Tiradentes. Também foi num dia 11 de abril que o
vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) divulgou áudio nas redes sociais
postando-se como presidente, dando como certo o impechment de sua companheira
de chapa, a presidenta Dilma Roussef (PT-MG).
Trapalhão para uns,
estrategista para outros, Michel Temer de bobo não tem nada. O vazamento de seu
pronunciamento é uma tentativa de trazer para si o voto dos deputados
indecisos, que temem no impeachment da presidenta Dilma o retrocesso, sobretudo
em relação aos programas sociais. Temer, meticulosamente, fala que fará um
governo de “salvação nacional e que manterá os programas sociais como o Bolsa
Família, ProUni, Pronatec, Minha Casa Minha Vida”. Mas, se é para manter os
programas sociais, para quê tirar a presidenta? Esta pergunta, Temer não
responde.
Na noite de ontem (11/04),
durante comício para mais de 60 mil pessoas, nos Arcos da Lapa, no Rio de
Janeiro, o ex-presidente Lula (PT-SP) denunciou a traição de Temer e dos
setores golpistas do PMDB: “ “Vejam quem quer tirar a Dilma. Primeiro, Temer;
segundo, Eduardo Cunha. unca imaginei que, eu, aos 70 anos, a gente ia ver
golpista tentando tirar uma presidente eleita”, disse Lula”.
Durante o ato Educação pela
Democracia, realizado no Palácio do Planalto nesta terça-feira (12), a
presidenta Dilma Rousseff disse que o Brasil não será o país do ódio e repudiou
o que chamou de “conspiração golpista” – a farsa do vazamento do vice Michel
Temer. “Nós vivemos tempos estranhos e preocupantes. Tempos de golpe, de farsa
e de traição”, enfatizou Dilma. “O gesto, que revela traição a mim e à
democracia, ainda explicita que esse chefe conspirador também não tem
compromisso com o povo”, completou, apontando o conluio entre o presidente da
Câmara Federal (e réu da Lava Jato), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o
vice-presidente Michel Temer.
“Ontem, ficou claro que
existem, sim, dois chefes do golpe que agem em conjunto e de forma premeditada.
Como muitos brasileiros, tomei conhecimento e confesso que fiquei chocada com a
desfaçatez da farsa do vazamento que foi deliberado, premeditado, vazando para
eles mesmos. Estranho vazamento”, salientou.
No áudio de Michel Temer, assim como a carta de
Silvério dos Reis ao Visconde de Barbacena, são utilizadas elegias à unidade da
pátria e aos sinceros desejos de pacificação nacional. Mas tanto traição de
Silvério, quanto o Golpe Parlamentar da dupla Temer-Cunha, nada tem haver com
elevados ideais. Silvério queria ter os favores do Visconde de Barbacena para o
perdão de suas dívidas com a Coroa, ainda que para isto tivesse que levar
amigos e parentes à forca e ao desterro. Cunha e Temer querem com o golpe
livrar os próprios do laço da Operação Lava Jato que já lhe desce aos pescoços.
Ambos estão denunciados por esquemas de propinas envolvendo os diretores-ratos
da Petrobrás. Diga-se de passagem, diretores indicados pela dupla do PMDB e
pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), confirmadas por seis delatores em Curitiba
(PR).
Neste triste episódio do
impeachment 40 dos 65 deputados que compõe a comissão estão denunciados por
receberem dinheiro de empresas investigadas ou de suas subsidiárias durante a
campanha de 2014. Ou seja, acusados de corrupção querem depor uma presidenta honesta, sobre quem não há uma
única denúncia de desvio. Resta ainda, um último absurdo.
Em 21 de abril de 1789 o
dentista Tiradentes seria levado à forca vítima de mentiras e traições. Em 11
de abril de 2016, outro dentista, o deputado federal Jovair Arantes (PTB) é o
autor do relatório da Comissão do Impeachment, que, sem apresentar provas,
tenta afastar do poder a presidenta
Dilma Roussef.
Durante a ditadura a
guerrilheira Dilma Vana Roussef ficou emcarcerada no presídio Tiradentes. O
impeachment, será julgado dia 17, as vesperas do feriado nacional em homenagem
ao Heroi da Independência. Que os deputados homenageiem a Liberdade dando um voto
contra o impeachment, jogando na lata do lixo da história os Silverios dos Reis
da atualidade.
Marcus Vinícius é jornalista
http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/225545/Temer-repete-Silv%C3%A9rio-dos-Reis-que-tamb%C3%A9m-traiu-num-11-de-abril.htm?LoginUserId=3953&AdminAccess=all&previewLang=9&preview=on
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