Circula
com intensidade neste sábado nas redes sociais uma foto postada pela senhora
Moro numa página que ela criou para o marido no Facebook.
Moro
a fotografa com uma máscara de Moro.
É
um sintoma notável de deslumbramento, de autoembevecimento. Moro não apenas tem
uma máscara dele mesmo como manda a mulher usá-la, e registra isso numa foto.
É
uma foto infame, e ele não se dá conta disso, o que é pior.
Essa
imagem vem numa sequência de outros desastres fotográficos de Moro. Ele não se
vexou de repetidas vezes se deixar fotografar num sorriso alvar ao lado de
políticos tão envolvidos no golpe em curso como João Dória.
Num
país rachado em dois, ele estava demonstrando de que lado está, o que é
lastimável quando se trata de um juiz.
Também
não pareceu atentar para o equívoco brutal que é aceitar prêmio de uma empresa
como a Globo. Mais uma vez, ele estava dizendo com quem está.
Quando,
com um juiz como ele, a Globo será cobrada por múltiplas delinquências que
pratica desde sempre, de sonegações a subornos para corruptos como Ricardo
Teixeira e João Havelange.
Tenho
para mim que parte desse enredo constrangedor vem do paroquialismo de Moro. Ele
parece desconhecer o que é ser juiz em sociedades avançadas, do decoro às
práticas em si.
Vivi
muitos anos na Inglaterra, e jamais vi um juiz que buscasse os holofotes como
se fosse personagem de coluna social.
Na
Suécia, um magistrado da Suprema Corte disse à jornalista Claudia Wallin, do
DCM, que sequer podia imaginar a ideia de um juiz que grampeasse conversas
presidenciais e depois as vazasse para uma rede de tevê.
O
Brasil já é, em si, um país provinciano. Moro é um provinciano na província.
Uma
temporada no exterior provavelmente lhe fizesse bem no quesito bons modos de um
magistrado.
No
Brasil, ele não tem sequer uma imprensa que lhe diga como deve se comportar um
juiz.
A
mídia parece achar normal juízes como Gilmar Mendes, e Moro mesmo, que
escancaram suas preferências políticas ao melhor modelo “bolivariano”.
Na
verdade jornais e revistas estimulam Moro a fazer este tipo de coisa que ele
faz – como fotografar a própria mulher com uma máscara dele.
Moro
é o pior tipo de deslumbrado: o deslumbrado de si mesmo.
Para
completar o quadro talvez ele pudesse fazer um dueto com Roger e cantar ‘Eu me
amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim’.
Ele
talvez não possa, mas o Brasil pode, e muito bem.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-deslumbramento-fotografico-de-moro-por-paulo-nogueira/
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