Um traidor para chamar de seu
É sabido que a História não
perdoa os traidores. De Brutus a Silvério dos Reis, a traição figura com uma
marca registrada: o poder a qualquer custo. Diz o ditado popular que por trás
de todo grande líder há sempre um grande traidor, e a presidenta Dilma Rousseff
já tem um para chamar de seu: Michel Temer.
O vice mente quando diz
estar em silêncio e que apenas acompanha o processo de impeachment, quando, nas
últimas semanas construiu ardilosamente um governo virtual e acenou com espaços
de poder aos aliados de plantão. Enterra, assim, sua biografia ao desonrar o
posto que ocupa com articulações para uma possível e ilegítima gestão fruto de
armações.
Não será Temer a reunificar
o país e isso a última pesquisa Ibope mostra bem. Com apenas 8% de aprovação da
população e 1% de indicação espontânea, o vice-presidente é persona non grata.
Um homem que não respeita a democracia e desmerece os 54 milhões de votos dados
nas urnas ao projeto que atropelará se assumir a presidência da República.
É bom lembrar que a cada
passo do golpe no Parlamento, as mobilizações de rua contrárias crescem. A cada
dia, mais e mais pessoas se dão conta do que está por trás da suposta cruzada
contra a corrupção. Um projeto entreguista, de desmonte do Estado e de cessão de
direitos de trabalhadores e minorias conquistados nos últimos 13 anos.
Que espécie de governo será
este? Um governo que pretende reunir perdedores do PSDB, representantes da
FIESP, rentistas, neoliberais e acusados ou réus em processos de corrupção sem
compromisso com o povo? É esperado que Temer revise sistemas universais e referências
no mundo, como o SUS, flexibilize a CLT ao compasso do humor do patronato e
risque do Orçamento uma boa parte dos programas sociais.
A votação esdrúxula dada
pela Câmara dos Deputados no domingo (17) desnudou o caráter do pedido de
impeachment. Apesar da mídia brasileira fazer vista grossa e do cinismo dos
partidos de oposição, o que está em curso é a tentativa de um grupo político se
alojar no poder de qualquer maneira. Isso é, sim, golpe. Fazem isso para
cumprir acordos com forças internacionais, para impedir de forma
não-republicana o combate à corrupção e por um fim à Lava-Jato antes que
alcance os seus.
A própria imprensa
estrangeira tem denunciado o ataque à democracia brasileira. CNN, The Guardian,
BBC, El País, Le Monde, The Washington Post e outros relataram em inúmeras
reportagens o jogo baixo e rasteiro do grupo de Temer e Eduardo Cunha.
Apesar das dificuldades no
Senado Federal, é dever de todos os democratas e progressistas desse país
ampliar e fortalecer uma rede de ação e reação aos ataques contra nosso Estado
Democrático de Direito, de pressão nos senadores para fortalecimento da
democracia, de defesa da nossa soberania e contra a ruptura democrática.
Reforçar nas ruas e nas redes toda e qualquer ação contra a farsa do impeachment.
Se exitoso o golpe, uma
coisa é certa: Temer e seu grupo não terão estabilidade política. Qualquer
projeto sem o amparo do voto popular não terá respaldo da sociedade. Cabe a
todos mostrar, com resistência e luta, que não aceitaremos passivamente um governo
ilegítimo.
#NãoVaiTerTemer
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/jandira-temer-e-o-silverio-dos-reis
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