O
produtor musical dos Beatles, George Martin, morreu aos 90 anos, anunciou nesta
quarta-feira o ex-beatle Ringo Starr em seu Twitter.
As
causas de sua morte ainda não foram divulgadas.
Conhecido
como "o quinto Beatle", Martin não só descobriu o grupo - apesar de,
na época, dizer que o grupo "não era muito bom" - como teve papel
fundamental no acabamento das músicas do grupo.
Ele
produziu mais de 700 álbuns ao longo de sua carreira de cinco décadas. Seu
conhecimento técnico e gosto pela experimentação permitiram que produzisse sons
inovadores com equipamentos que músicos modernos considerariam primitivos.
Ele
também trabalhou com artistas como Dire Straits, Celine Dion, Sting e os Rolling
Stones.
O
baterista dos Beatles disse no Twitter que "George fará falta".
"Obrigado por todo seu amor e gentileza, George. Paz e amor",
escreveu Ringo.
Sean
Ono Lennon, filho de John Lennon, tuitou: "R.I.P. George Martin. Estou tão
desapontado que não tenho muitas palavras."
Liam
Gallagher, do Oasis, banda que tinha os Beatles como modelo, também lamentou a
morte na rede social.
George
Henry Martin nasceu em 1926, filho de um carpinteiro e uma faxineira, no norte
de Londres
Sua
paixão por música despertou quando assistiu a uma apresentação da London
Symphony Orchestra no salão da escola.
No
final da Segunda Guerra, ele treinou para ser piloto. Em 1947, ele tocava oboé
profissionalmente, apesar de não saber, ainda, ler ou escrever notas musicais.
Depois
de se formar na Guildhall School of Music, trabalhou no departamento de música
clássica da BBC, antes de ser contratado pela EMI como produtor musical, onde,
rapidamente, se familiarizou com a mesa de som e outros recursos do estúdio de
gravação de Abbey Road.
Cinco
anos depois, aos 29 anos de idade, como chefe do selo Parlophone, trabalhou com
artistas como Shirley Bassey, Matt Monro e grupos de jazz de Johnny Dankworth e
Humphrey Lyttelton.
Martin
também produziu gravações de comediantes como Bernard Cribbins e Peter Sellers.
Foi
nessa época, em 1962, que recebeu a visita de Brian Epstein, querendo mostrar a
fita demo de uma banda que empresariava.
Àquela
altura, The Beatles haviam sido rejeitados por todas as grandes gravadoras do
país. O próprio Martin ficou mais impressionado com a personalidade dos músicos
e sua sagacidade do que por sua música.
"Eles
eram estridentes", disse depois. "Não muito afinados. Eles não eram
muito bons", contou.
Mesmo
assim, ele assinou com os quatro, e Love Me Do se tornou o primeiro sucesso
deles, em 1962. A partir daí, teve início a parceria de gravadora mais
bem-sucedida de todos os tempos.
Pelos
oito anos seguintes, Martin conduziu os "Fab Four" (os "Quatro
Fabulosos", como ficaram conhecidos na Grã-Bretanha) do rock'n'roll básico
de I Want to Hold Your Hand à experimentação ambiciosa de Sergeant Pepper's
Lonely Hearts Club Band e Abbey Road.
A
parceria Martin-Beatles representou uma mudança radical tanto para o produtor
quanto para os músicos. Martin, que era músico de formação clássica, tinha
pouca experiência com música pop e a banda não tinha ideia das possibilidades
oferecidas por um estúdio.
Martin
tinha o dom de conseguir traduzir as arriscadas ideia de Lennon e McCartney em
termos práticos de gravação.
Enquanto
McCartney conseguia expressar seus pedidos, Lennon era um pouco mais vago. Se
ele procurava pelo que descrevia como "um som laranja", Martin assumia
a tarefa de encontrá-lo.
Em
uma entrevista em 1975, John Lennon disse que a relação com Martin era uma
"verdadeira parceria".
"Algumas
pessoas dizem que George Martin fez tudo, outras dizem que os Beatles fizeram
tudo. Não foi nenhuma das duas opções. Nós aprendemos muito juntos",
afirmou.
O
treinamento erudito de Martin se tornou ainda mais importante à medida que os
Beatles forçavam os limites da música. Ele compôs e conduziu o arranjo de
cordas de Eleanor Rigby e o eclético pano de fundo de I Am The Walrus.
E
tudo isso com o que, hoje em dia, seria considerado um equipamento de gravação
bem básico, que ele levou ao limite para a gravação do álbum Sgt. Pepper.
Na
época, a EMI só tinha gravadores de quatro pistas, então Martin e seus técnicos
desenvolveram uma técnica de acoplar dois gravadores de rolo de quatro pistas a
uma mesa de mixagem, conseguindo, na prática, usar 8 canais de gravação.
Ele
também conseguiu efeitos inusitados alterando a velocidade do gravador, para
mudar a textura do som final, uma técnica usada em Lucy in the Sky with
Diamonds.
Algumas pessoas dizem que George Martin fez
tudo, outras dizem que os Beatles fizeram tudo. Não foi nenhuma das duas
opções. Nós aprendemos muito juntos"
John Lennon
Furacão
Após
o fim dos Beatles, Martin trabalhou com diversos artistas.
No
final dos anos 1970, ele construiu um estúdio na ilha caribenha de Montserrat,
onde gravaram grupos como Dire Straits e The Rolling Stones.
Quando
o furacão Hugo destruiu a ilha e o estúdio em 1989, Martin produziu um álbum
para arrecadar fundos para as vítimas.
Em
1997, Elton John pediu sua ajuda para produzir a regravação da música Candle in
the Wind em versão feita para o funeral da princesa Diana.
Ele
convenceu o cantor a sentar no estúdio e gravar exatamente como havia tocado na
Abadia de Westminster. O resultado foi o 30º hit número 1 nas paradas produzido
por Martin - mais do que qualquer outro produtor.
Jorge
André Irion Jobim
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160309_morte_george_martin_lab.shtml
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