Utilização
excessiva de drogas na produção de alimentos tem provocado o aumento da
resistência de micróbios, trazendo novos riscos à saúde das pessoas e dos
animais. Fortalecimento de agentes infecciosos também ameaça produtividade dos
meios rurais. Segundo a FAO, sete a cada dez doenças humanas recém-descobertas
são de origem animal.
A
reportagem foi publicada por ONU Brasil, 22-02-2016.
A
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) destacou que
o uso excessivo de antibióticos no setor agropecuário tem provocado o aumento
da resistência dos micróbios que as drogas deveriam eliminar. Para a agência da
ONU, a crescente dificuldade em combater agentes infecciosos é uma “ameaça
global emergente de saúde pública”, capaz de afetar, também, a segurança
alimentar. Conjuntura exige esforços coordenados em escala global.
Em
conferência que reuniu ministros europeus da Agricultura e da Saúde, a
vice-diretora-geral da FAO, Helena Semedo, ressaltou os riscos associados à
utilização desmedida de remédios na produção de alimentos. Considerando-se que
sete a cada dez doenças humanas recém-descobertas são de origem animal, a
agência da ONU acredita que as práticas da agropecuária e os sistemas
alimentares ocupam uma posição central no combate à resistência microbiana.
De
acordo com a dirigente, embora o fortalecimento de agentes infecciosos frente
às drogas seja parte de uma adaptação natural, o processo tem sido acentuado
pelo uso inapropriado de fármacos. Na agropecuária, a prevalência da
resistência é geralmente mais alta em espécies animais criadas em sistemas de
produção intensiva.
A
resistência dos micróbios, precipitada pelo tratamento com remédios, ameaça
reverter “um século de progresso na saúde animal e humana”, além de prejudicar
a produtividade dos meios rurais.
Semedo
lembrou que pequenos agricultores com poucos recursos nem sempre podem optar
por métodos de produção livres de antibióticos, apesar de a FAO estabelecer
regulações prudentes para a distribuição de remédios, a fim de estimular sua
redução. O consumo, cada vez maior, de drogas falsificadas entre os próprios
produtores familiares também é um problema de saúde que afeta o meio rural.
“Como
nós podemos eliminar a fome ou melhorar a sustentabilidade quando nós não
podemos curar animais doentes? Como nós podemos reduzir a pobreza rural quando
as drogas dadas para agricultores doentes e suas famílias não mais têm
efeito?”, questionou a vice-diretora.
A
dirigente da FAO elogiou esforços como os verificados na Holanda, que reduziu o
volume de drogas utilizadas na pecuária em cerca de 60%, nos últimos anos. No
entanto, Semedo alertou que o verdadeiro desafio é levar essas políticas para
países com recursos escassos. Em nações onde a legislação, a vigilância e a
prevenção são inadequadas, os riscos de fortalecimento da resistência dos
micróbios é particularmente mais alto.
Melhorias
na higiene, na prevenção de doenças e no monitoramento veterinário da criação,
bem como o fornecimento de alimentos nutritivos para os animais da pecuária e
para os peixes, são fundamentais para reduzir o uso excessivo de antibióticos
na produção alimentar, segundo a FAO.
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/551852-uso-excessivo-de-antibioticos-na-agropecuaria-ameaca-saude-e-seguranca-alimentar-alerta-fao
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