A
mídia está alarmando sobre o surto de microcefalia no Nordeste do país. Mas o
que não foi noticiado e, possivelmente pode ser a causa, é o uso indiscriminado
do herbicida 2,4-D.
O
herbicida 2,4-D (ácido diclorofenoxiacético) foi desenvolvido a partir de 1940,
durante a Segunda Guerra Mundial, sendo na década de 1960 um dos componentes do
agente laranja (junto com o 2,4,5-T, na Guerra do Vietnã). É um produto que tem
eficácia contra plantas de folhas largas, sendo por isso utilizado para
desbastar as florestas, em mais uma guerra provocada, onde os EUA alegava seu
uso para poder “enxergar seus inimigos”. Porém, mais do que isso, foi usado
como arma química, causando a morte e malformações em milhares de pessoas (**).
Ironicamente,
a empresa Dow é do mesmo país (EUA) que se diz contra as armas químicas e usa
esta “justificativa” para poder atacar agora a Síria.
Abaixo,
o estudo sobre a toxicidade do herbicida 2,4-D e sua relação à microcefalia:
A
toxicidade aguda e crônica de curto prazo tanto do herbicida n-butil éster do
ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) e uma formulação comercial (CF) foram
avaliados em embriões Rhinella arenarum (antigamente chamado de Bufo
marinus) em diferentes estágios de
desenvolvimento.
Os
efeitos adversos foram analisados por meio das curvas iso-toxicidade para
mortalidade, malformações, susceptibilidade dependente de fase, e
características ultra-estruturais.
Para
todas as condições experimentais, o CF foi mais tóxico, até 10 vezes, do que o ingrediente ativo, sendo a fase de
boca aberta (S.21) a mais sensível ao herbicida. Para as condições de
tratamento contínuo, o desenvolvimento embrionário inicial foi o mais
suscetível ao 2,4-D e ao LC50 respectivamente.
Além
disso, tanto o ingrediente ativo quanto o CF foram altamente teratogênicos,
resultando em tamanho reduzido do corpo, atraso no desenvolvimento,
microcefalia, agenesia das guelras, e processos de proliferação celular
anormal, como principais efeitos adversos.
De
acordo com a EPA dos EUA, o 2,4-D em cenários agrícolas pode ser até três vezes
mais elevado do que os valores NOEC para efeitos teratogênicos relatados neste
estudo. Portanto, eles podem representar um risco para os anfíbios. Este estudo
também destaca a relevância de informar a susceptibilidade dos embriões em
diferentes estágios de desenvolvimento tanto para o ingrediente ativo e o CF
dos agroquímicos, a fim de proteger os organismos não visados.
Leonardo
Melgarejo, da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos, alertou que a
sociedade está sendo enganada com o discurso de que a presença dos agrotóxicos
limita-se à lavoura.
“Esse
tema diz respeito igualmente ao campo e à cidade. Não existe uma ingestão
diária aceitável de agrotóxico, nem um limite mínimo que pode ser considerado
seguro. O consumo anual de veneno no Brasil já supera o estágio do balde por
pessoa”, disse o engenheiro agrônomo.
Falta
apoio de universidades e laboratórios
Carlos
Paganella, procurador do Ministério Público do Rio Grande do Sul e coordenador
do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, afirmou que a Anvisa
tem sido insuficiente para barrar o uso de substâncias como o paraquat, o 2,4 D
e o glifosato. Além disso, acrescentou, muitas dessas substâncias estão sendo
utilizadas para outros fins do que aqueles que são indicados. “O glifosato está
sendo usado para dessecar o trigo e antecipar a safra. O Mertin 400, um
fungicida de contato da Syngenta, está sendo usado para combater um caramujo
nas lavouras de arroz irrigado, o que é uma insanidade que coloca em risco a
fauna destas áreas”, apontou. “Temos uma situação de descontrole e falta de
fiscalização e somos fracos. Não temos a Universidade Pública trabalhando do
nosso lado, produzindo pesquisas e estudos científicos sobre essa realidade.
Também não temos o apoio de laboratórios de referência, uma condição necessária
para resolvermos o tema das perícias”, assinalou ainda Paganella.
O
procurador apontou outros buracos na regulação que alimentam essa situação de
descontrole.
Segundo
ele, hoje, o maquinário agrícola não tem registro e regulação alguma. Além
disso, acrescentou, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) é omissa no tema
da pulverização aérea, o que permite que aeronaves façam a pulverização sem
observar margens de segurança e distâncias mínimas em relação a fontes de
recursos hídricos e áreas habitadas. A pulverização terrestre também é feita
sem regra alguma. Para completar esse quadro, o contrabando de agrotóxicos
segue ativo e, segundo algumas pessoas que atuam na área, é mais rentável hoje
que o tráfico de drogas. Outra ausência de regulação apontada por Paganella é a
falta de notificação compulsória, pelos médicos, dos casos de contaminação por
agrotóxicos.
O
desenvolvimento do cérebro requer asparagina para o desenvolvimento normal e
função
A
asparagina é considerada ser um aminoácido não essencial. A proteína é
encontrada em carnes, laticínios e nozes. Os cientistas descobriram que uma
mutação genética recessiva que afeta a síntese da asparagina afeta o
desenvolvimento essencial do desenvolvimento do cérebro normal e função.
Os
pesquisadores de genética da Universidade Duke publicaram suas descobertas na
revista Neuron, no dia 16 de outubro. A pesquisa sobre o aminoácido não
essencial começou quando duas famílias separadas em Israel, ambas de
ascendência judaica iraniana, tiveram filhos com circunferência da cabeça menor
que cresce progressivamente atrofiada, acompanhados por profundo atraso no
desenvolvimento e convulsões.
“Este
aminoácido não essencial tem diferentes níveis dentro e fora do sistema nervoso
central, e pode ser que dentro do sistema nervoso central, que ele desempenhe
um papel fundamental“, disse David B. Goldstein, Ph.D., diretor do Center for
Human Genome Variation e professor de Genética Molecular e Microbiologia e
professor de biologia na Escola de Medicina da Universidade Duke. “O que é
interessante neste caso é se nós podemos trabalhar como ele funciona, um
tratamento pode ser a suplementação de asparagina na dieta.”
Goldstein
e seus colegas analisaram variantes genéticas que foram compartilhadas pelos
dois filhos afetados pelo desenvolvimento anormal do cérebro, mas não ocorrem
na população normal.
A
mutação diretamente ligado à condição das crianças foi localizada no gene da
sintetase da asparagina, ou ASNS, o qual controla a produção do metabolito
asparagina a partir de outros aminoácidos.
Duas
outras famílias localizadas no Canadá tiveram filhos que nasceram com problemas
semelhantes. A análise Genética apontou para as mutações nos mesmos genes ASN.
Ao
investigar os casos, os pesquisadores descobriram que cada um dos pais nestas
quatro famílias compartilhavam uma característica recessiva rara que, por
acaso, combinaram para resultar em um distúrbio do desenvolvimento
recém-identificado em seus filhos. Mais casos são susceptíveis de vir à tona
agora que a mutação do gene foi identificado.
Goldstein
destacou que outras deficiências semelhantes na sintetização de aminoácidos que
causam problemas neurológicos foram identificados recentemente. Estas condições
têm mostrado melhora com o uso de suplementos alimentares, sugerindo que os
prejuízos causados pela mutação dos genes ASNS podem se beneficiar da
suplementação de asparagina.
“Um
tema emergente é que, com estes aminoácidos “não essenciais”, o metabolismo
deles não importa“, disse Goldstein. “Esta via metabólica é importante, e pode
ser que a quantidade de asparagina seja a chave, ou uma formação da toxina
nesse caminho causado pela mutação.”
OMS
classifica 2,4-D como provável cancerígeno
A
Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), ligada à Organização
Mundial da Saúde (OMS), divulgou no último dia 22 sua revisão sobre o
agrotóxico 2,4-D, classificando-o como provável cancerígeno para seres humanos.
O produto é o terceiro agrotóxico mais usado no Brasil, sendo aplicado nas
culturas de arroz, aveia, café, cana-de-açúcar, centeio, cevada, milho,
pastagem, soja, sorgo e trigo. É classificado como extremamente tóxico.
Pelas
evidências científicas já acumuladas e por essa definição mais recente do IARC,
vê-se que se trata de produto que já deveria estar com seus dias contados e a
caminho da banimento, como já fizeram em 1997 Dinamarca, Suécia e Noruega.
Na
contramão desse processo segue a CTNBio, que em decisões recentes liberou a
comercialização de variedades de soja e milho transgênicos resistentes
exatamente ao 2,4-D.
Assim,
um produto que deveria sair do mercado acaba de ver no Brasil enorme
possibilidade de perpetuar e aumentar suas vendas, à custa da saúde pública e
do ambiente.
Em
março, a mesma agência classificou o glifosato, ingrediente do herbicida mais
usado no Brasil e no mundo, também como provável agente carcinogênico para
humanos.
Após
a nota do IARC a Anvisa comprometeu-se a concluir a reavaliação toxicológica do
glifosato. Espera-se que agora assuma o mesmo compromisso no que se refere ao
2,4-D.
http://www.noticiasnaturais.com/2015/11/microcefalia-herbicida-24-d-pode-estar-ligado-ao-surto-da-condicao-no-nordeste-do-pais/#ixzz3zxcK4zuW
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