Tenho
sérias restrições a pessoas que estão sempre despejando moralismo nos ouvidos
dos outros como se fossem uma metralhadora giratória.
Fico
com um pé atrás com tais indivíduos. Parece-me que ao assim agirem, ao tentarem
se proteger atrás de uma aura de moralidade estão pretendendo na verdade é
ocultar algo que está latente lá no interior de cada um deles. Um corrupto,
talvez? Medo de não resistirem aos apelos naturais de suas sexualidades? Ou
será o simples temor de não resistirem à possibilidade de se livrarem de uma
multa de trânsito mediante o pagamento de uma "cervejinha" para o
guarda? Ou até mesmo de sucumbirem ao aceno de uma quantia vultosa para
fecharem os olhos para um determinado ilícito?
Não sei, mas eu trabalhei em vida noturna durante mais de
trinta anos e aprendi que nas sombras da noite, ao atravessarem os umbrais dos
cabarés, ao adentrarem os quartos dos bordéis, ao desnudarem as prostitutas,
muitas destas pessoas também despem-se de suas máscaras e falsos moralismos,
entregando-se aos seus desejos mais íntimos. E neste momento, elas também se
tornam pessoas mais próximas do real, muitas vezes até melhores do que aquilo
que querem aparentar ser perante os olhos da sociedade.
Acontece
que no outro dia, elas tomam um banho, vestem novamente suas máscaras e voltam
a pregar aos quatro ventos aquela velha moralidade de araque.
Vida
que segue, mas eu tenho ojeriza a moralistas.
Jorge
André Irion Jobim
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