A
carta é um apelo dramático para lutar contra o apagão pedagógico global. Mais
de 225 educadores de cerca de 30 países assinaram a carta.
Mais
de 225 educadores, acadêmicos e pesquisadores do setor da educação de cerca de
30 países dos cinco continentes dirigiram à Dra. Irina Bokova, diretora-geral
da UNESCO, uma carta denunciando o processo generalizado e perverso de
mercantilização da educação.
Para
eles, “a UNESCO deve ouvir as vozes de professores e estudantes de todo o mundo
que resistem à mercantilização da educação”, e se dizem preocupados com uma
guinada economicista que tiveram recentes eventos da UNESCO, especialmente o
Fórum Mundial de Educação realizado em Incheon, Coreia do Sul.
A
carta é um apelo dramático para lutar contra o apagão pedagógico global.
Segundo
os educadores, “as fortes pressões de determinados organismos economicistas e
financeiros transnacionais, promotores de políticas e economias neoliberais,
estão contribuindo para um notável abandono de concepções educativas destinadas
ao desenvolvimento integral e à felicidade da população. Com isso, dificulta-se
uma educação promotora do desenvolvimento científico, humanístico, social e
artístico para uma vida livre, justa, solidária e feliz”.
A
carta circulou durante estes meses e, junto com as adesões que ainda houver,
será entregue no marco da Conferência Geral da UNESCO, que acontecerá em
novembro deste ano.
Eis
a carta.
Dra.
Irina Bokova
Diretora-Geral
da UNESCO
Seu
endereço –
Com
o devido respeito e consideração;
A
educação, como direito humano fundamental e como garantia de sociedades justas,
igualitárias e includentes, constitui uma das mais belas esperanças dos povos
do mundo. Cada vez que uma criança, adolescente ou adulto se incorpora à
educação, estamos trabalhando para um mundo democrático, justo, inclusivo,
solidário, em paz e ecologicamente viável.
Os
que subscrevemos esta carta (professoras, professores, intelectuais,
pesquisadoras e pesquisadores educativos) fazemo-lo a título pessoal, a partir
de diferentes lugares e nacionalidades. Sobretudo, queremos apoiar e manifestar
o nosso compromisso com a aspiração global expressada em Incheón, na Coreia do
Sul, em maio deste ano, de atingir em 2030 uma Educação Para Todos e Todas, sem
exclusão de nenhum tipo.
Diretora-geral,
é um fato que no Fórum Mundial de Educação, em Incheon, reuniram-se importantes
organizações acadêmicas, da sociedade civil e de alguns movimentos sociais, as
quais debateram e produziram uma relevante declaração, mas seu protagonismo no
próprio Fórum Mundial de Educação viu-se eclipsado pelos organismos econômicos
globais. Com preocupação evidenciamos no desenvolvimento deste encontro mundial
[1] elementos, práticas e discursos que ali se fizeram presentes, que em si
mesmos conspiram contra o alcance das metas pós-2015. Esse é o motivo desta
carta.
Senhora
Diretora-geral, compartilhamos a preocupação de que a educação seja cada vez
melhor e contribua para a construção de aprendizagens significativas para toda
a vida que sejam valiosas e úteis para a população e suas sociedades, assim
como a preocupação de que a UNESCO é o espaço mundial privilegiado para falar,
pensar, debater e definir a respeito.
No
entanto, consideramos necessário destacar que o discurso da qualidade educativa
vem sendo utilizado por parte dos organismos econômicos internacionais como o
Cavalo de Troia no qual se introduzem as contra-reformas educativas que reduzem
o papel dos sistemas educativos para o desenvolvimento de um pequeno grupo de
aprendizagens e uma competição sem sentido entre as instituições escolares com
vistas a se posicionar nosrankings. Do mesmo modo, dados os critérios seletivos
nas matérias avaliadas se hierarquizam de maneira perigosa e enviesada
determinadas aprendizagens, primando na prática aquilo que se vem denominando
de “Back to Basics”.
As
fortes pressões de determinados organismos economicistas e financeiros
transnacionais, promotores de políticas e economias neoliberais, estão contribuindo
para um notável abandono de concepções educativas destinadas ao desenvolvimento
integral e à felicidade da população. Com isso, dificulta-se uma educação
promotora do desenvolvimento científico, humanístico, social e artístico para
uma vida livre, justa, solidária e feliz.
Muitos
dos pontos de vista sobre a educação, diferentes daqueles que pretendem
hegemonizar os organismos econômicos globais, praticamente estiveram ausentes
no encontro de Incheon. Em Incheon não estavam presentes todos aqueles que
deveriam estar e, portanto, ignora-se o caráter plural que deveriam ter eventos
como o da Coreia do Sul, cujos propósitos são construir um autêntico consenso
mundial educativo. Tal carência impactou no próprio papel da UNESCO como
organismo internacional destinado a construir consensos políticos e sociais
sobre a educação.
Reconhecemos
que em Incheon, Coreia do Sul, podiam manifestar-se os representantes dos
governos, a chamada sociedade civil e os movimentos sociais, mas em
intervenções que não ultrapassassem os três minutos. Embora tenhamos que estar
conscientes da pouca representação deste último setor, dadas as muitíssimas
dificuldades para obter recursos econômicos para participar deste tipo de
evento. Ao contrário, houve longas intervenções de representantes e porta-vozes
da perspectiva do mercado na educação. As poucas vozes alternativas aceitas por
vocês – como a poderosa Internacional da Educação e a nobre Campanha Mundial
pelo Direito à Educação – mal puderam expor seu ponto de vista em defesa dos
coletivos docentes, das associações estudantis e organizações comunitárias e
cívicas como atores e coautores principais implicados em qualquer política de
melhoria da educação.
Que
bonito teria sido se no Fórum Mundial sobre a Educação tivessem tido uma voz
viva e sem mediações docentes, intelectuais e pesquisadoras e pesquisadores dos
cinco continentes, representando a diversidade de pontos de vista e
experiências no desenvolvimento dos sistemas educativos, o que não aconteceu.
Que
esperançoso para a educação mundial teria sido tornar visíveis, em Incheon, os
milhões de profissionais da educação, educadores e educadoras que em todo o
mundo resistem à mais ambiciosa ofensiva neoliberal dos últimos tempos contra a
educação. Ofensiva que se expressa em tendências, tais como: a avaliação
docente punitiva, a simplificação mercantil de uma modalidade de qualidade
educativa mensurável quantitativamente com provas padronizadas elaboradas ou
motivadas por instâncias econômicas globais, assim como políticas de salários e
condições de trabalho inapropriadas em muitos lugares do mundo. Tudo isso
evidencia a precária valorização do papel do magistério como construtor de
sociedades democráticas, pacíficas, igualitárias, solidárias e comprometidas
com a salvaguarda da vida no planeta.
Entendemos
que o Fórum de Incheon era um espaço de encontro dos Ministérios de Educação do
mundo. Mas teria sido mais rico e positivo que outras organizações
representativas de quem pesquisa e trabalha nas salas de aula de todo o mundo –
desde a relação teoria e prática educativa – tivessem debatido sobre as
possibilidades e potencialidades da educação para todos até 2030, muito além de
porcentagens de matrículas, cobertura escolar, quantia do PIB e dos orçamentos
dos governos para investir em educação.
Pelo
contrário, o mercado, a produtividade do trabalho e o desenvolvimento
tecnológico emergiram como grandes condicionantes para o fortalecimento dos
sistemas educativos; aspectos que de maneira alguma garantem uma educação de
qualidade para todos e todas. A este respeito, consideramos que os docentes,
representações dos estudantes, das famílias, os movimentos sociais, assim como
organizações dedicadas à pesquisa educativa devem ser considerados parceiros
estratégicos destes eventos no futuro, com uma presença muito ativa,
determinante e superior àquela dos organismos econômicos internacionais.
Dra.
Irina Bokova, com preocupação evidenciamos em boa parte dos discursos feitos
nos painéis centrais do Fórum de Incheon uma proeminência das perspectivas
economicistas e reducionistas da educação, em detrimento da perspectiva
pedagógica que contempla o ser humano em todas as suas dimensões, não
exclusivamente aquelas relacionadas às necessidades da economia neoliberal.
Palavras como mercado, economia, desenvolvimento industrial, eclipsaram os
discursos e chaves pedagógicas cujos argumentos promovem reformas e inovações
educativas destinadas a empoderar as gerações mais jovens.
A
partir das ideias expostas, é urgente e impostergável que a UNESCO retome o
papel orientador da educação a partir dos campos de conhecimento que lhe são
próprios: as ciências da educação. Só assim se poderá falar de uma boa
associação para a agenda 2015-2030, na qual organismos como o Banco Mundial, a
OCDE, o FMI e o BID, não determinem o rumo dos sistemas educacionais.
A
partir da crise financeira da UNESCO derivada da negação dos Estados Unidos de
honrarem seus compromissos, sob o pretexto da suposta inconveniência da
incorporação da Palestina como Estado membro da UNESCO, preocupa-nos o fato de
que a relação com órgãos econômicos globais tenha posto em perigo a outrora
emblemática autonomia da UNESCO. Este fenômeno expressa-se no esvaziamento de
espaços institucionais da própria UNESCO ou outros semelhantes que se considerem
coerentes com as finalidades com que foi criada a organização você preside.
Dra.
Bokova, um Fórum Mundial de Educação como o de Incheon, Coreia do Sul, deve ser
o cenário no qual se tornem visíveis e encontrem distintas perspectivas sobre o
acompanhamento e a avaliação dos sistemas educacionais em geral e das
aprendizagens em particular. Lamentamos que a perspectiva predominante do Fórum
tenha sido a da OCDE e suas provas PISA. Reducionismo que vai em detrimento das
perspectivas qualitativas ou de outras experiências como, por exemplo, aquelas
desenvolvidas pelo Asia Center, as Medições Independentes de Aprendizagem (MIA)
criadas pelo CIESAS no México, o desenho dos seis âmbitos da qualidade ou
modelo de Cubocriada na Venezuela, para citar apenas alguns. O próprio trabalho
do Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade na Educação (LLECE),
ao ter uma presença limitada nos debates e discursos do Fórum de Incheon,
percebeu-se subsidiário da perspectiva PISA. Não se deu voz para quem expressa
resistência argumentada de muitas e muitos profissionais da educação, docentes
e dissentes para valorizar a partir da complexidade do fato educativo o impacto
destes sistemas de avaliação.
A
valorização da interculturalidade e da pluralidade de enfoques sobre a educação
são inerentes ao espírito, filosofia e perspectiva que levou à criação da
UNESCO. Tais premissas – na nossa opinião – se viram escassamente desenvolvidas
no Fórum Mundial de Educação recentemente realizado. Não consideramos
impertinente, nem ousado propor e aspirar para que ao lado de Andreas
Schleicher pudessem ter estado presentes, expondo seus pontos de vista – por
exemplo – informantes sobre as avaliações cidadãs do Suman Bhattacharjea da
Índia, a visão da educação popular expressada pelo Instituto Internacional
Paulo Freire do Brasil, o pensamento educativo latino-americano expressado na
CLACSO ou a recém constituída Rede Global/Glocal pela Qualidade na Educação.
Professores
em geral de todo o mundo vemos e viemos constatando com preocupação a
postergação da perspectiva educativa integral por parte de instâncias
internacionais cuja natureza e função na governança mundial é outra. Seria
necessário potencializar modelos e filosofias educativas a partir de uma
compreensão holística da educação que assuma a força da relação dialética entre
o global e o local nos sistemas educativos e no próprio trabalho em sala de
aula.
Vemos
com enorme preocupação o fato de que políticas destinadas a impulsionar uma
globalização econômica neoliberal e políticas de mercado de homogeneização
cultural sejam alavancadas como pedras angulares da atividade educativa.
Visualizamos uma perigosa tendência para que se gere um Apagão Pedagógico
Global (APG) em consequência da fragmentação da pedagogia como totalidade interpretativa
do fato educativo. Questão que vem ocorrendo como fruto da imposição de modas
didáticas, avaliativas, gerenciais e de um forte e enviesado controle dos
currículos obrigatórios, com a finalidade de formar um homo oeconomicus e um
homo consumens.
No
presente, pretende-se reduzir o conhecimento profissional, o capital
profissional do professorado, exclusivamente a uma mediação de aprendizagem, e
percebe-se que as novas vozes especialistas são aquelas dos especialistas que
projetam e orientam sistemas de avaliação positivistas com finalidades que
estimamos serem alheias a uma educação verdadeiramente integral. Parece
importar pouco o fato de que a formação e o lugar de trabalho destes novos
especialistas sejam organizações transnacionais, empresas e fundações
associadas ao setor financeiro, em vez de universidades e instituições
educativas.
Agrega-se
a tudo isso, o fato relevante de que novamente os idiomas castelhano e
português, falados por aproximadamente 820 milhões de cidadãos e cidadãs do mundo,
sejam descartados como idiomas de trabalho regular em eventos como o Fórum
Mundial de Educação. Pensamos que esta circunstância leva a uma
desterritorialização dos organismos da UNESCO localizados em países onde se
fala fundamentalmente o castelhano e o português, cujos funcionários se veem
forçados a falar o inglês ou o francês em Fóruns Mundiais, desconhecendo a
identidade idiomática de regiões tão importantes em termos populacionais,
culturais e educacionais. A nossa sugestão consiste em incentivar que se
reverta esta situação e se reconheça a validade de idiomas falados por mais de
uma décima parte da população mundial.
Senhora
Bokova, estamos certos de que você tomará estas observações de caráter
substantivo como um esforço para ajudar a concretizar a convergência de agendas
educativas e uma ratificação da nossa esperança em que aUNESCO se converta em
um autêntico fórum multicultural, plurilinguístico e essencialmente educativo.
A UNESCO deve possibilitar o encontro das perspectivas dos responsáveis pela
gestão dos Ministérios de Educação dos países membros, mas também de milhões de
educadoras e educadores do mundo que diariamente, a partir das universidades,
institutos e escolas, possibilitam que se avance na conquista da educação para
todos e todas como um direito humano fundamental.
Neste
sentido, consideramos que as vozes dos docentes, das e dos estudantes e de
outros especialistas em educação do mundo que resistem à mercantilização da
educação e à pretensão de uma robotização a partir das instituições educativas
da imensa maioria dos seres humanos, são insubstituíveis nos Fóruns Educativos
Mundiais. Convidamos você e a UNESCO para trabalharem juntos nisso.
Saudações.
Nota:
[1] Incheon, Coreia, denominada “Fórum Mundial sobre a Educação 2015 – Educação
de qualidade, equitativa e inclusiva, assim como uma aprendizagem durante toda
a vida para todos em 2030. Transformar vidas pela educação”.
________
Aboites, Hugo; Rector de la
Universidad Autónoma de la Ciudad de México. México.
Abreu,
Cesaltina Cadete Bastos de; Professora e Directora do Departamento de
Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. Luanda. Angola
Adell Segura, Jordi;
Profesor e investigador en el Departamento de Educación de la Universitat Jaume
I (UJI) y Director del Centro de Educación y Nuevas Tecnologías (CENT).
Castellón de la Plana. España.
Alba Pastor, Carmen;
Profesora e investigadora titular, Facultad de Ciencias de la Educación,
Universidad Complutense de Madrid. Madrid, España.
Álvarez Méndez, Juan
Manuel; Catedrático de universidad, Facultad de Ciencias de la Educación,
Universidad Complutense de Madrid. Madrid, España.
Álvarez, Marco; Coordinador
General de las Escuelas libres de Chile. Chile.
Álvarez,
Víctor; ExMinistro de Industrias Básicas de Venezuela. Investigador del Centro
internacional Miranda (CIM). Venezuela.
Alves,
Nilda; Professora da UERJ/Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro. Brasil.
Amiguinho,
Abílio José Maroto; Professor Coordenador na Escola Superior de Educação do
Instituto Politécnico de Portalegre. Portalegre. Portugal.
Amorim,
Antônio Carlos; Professor da UNICAMP/Universidade Estadual de Campinas. Campinas. Brasil.
Andreotti, Vanessa de
Oliveira; Canada ResearchChair in Race, Inequality, and Global Change.
Department of EducationalStudies. TheUniversity of British Columbia. Vancouver.
Canada.
Anguita Martínez, Rocío;
Profesora e investigadora titular de universidad, Facultad de Ciencias de la
Educación, Universidad de Valladolid, Valladolid. España.
Angulo Rasco, Félix;
Catedrático de universidad, Facultad de Ciencias de la Educación, Universidad
de Cádiz. Cádiz. España.
Antunes, Ângela; Docente de
amplia trayectoria en la educación popular y convencional. Directora Pedagógico del Instituto Paulo Freire. Brasil.
Apple, Michael W.; John
BascomProfessor of Curriculum and Instruction and EducationalPolicyStudies.
University of Wisconsin, Madison. EEUU.
Aquerreta, Esperanza ;
Profesora de la Universidad Bolivariana de Venezuela. Venezuela.
Area Moreira, Manuel ;
Catedrático de universidad, Facultad de Ciencias de la Educación, Universidad
de La Laguna. La Laguna, Tenerife. España.
Arévalo, Julio; Profesor
jubilado de la UNAN, ejerce docencia en universidades privadas. Nicaragua.
Armando Santiago, José;
Docente e investigador de la Universidad de los Andes (ULA). Venezuela.
Arnove, Robert F.;
Chancellor's Professor Emeritus Indiana University, Bloomington, in EEUU.
Ascorra, Paula; Profesora
de Psicología en la Escuela de Psicología. Pontificia Universidad
Católica de Valparaíso. Valparaíso. Chile.
Au, Wayne; Professor at
School of Educational Studies. University of Washington. Bothell, EEUU.
Autio, Tero; Professor of
CurriculumTheory. School of Doctoral Studies. Institute of Education. TallinnUniversity.
Tallinn. Estonia.
Ávila Dávila, Marta María;
Maestra jubilada e investigadora educativa. Venezuela.
Ayers, William; Profesor
jubilado, investigador y teórico sobre la educación, la paz en el mundo y los
derechos de los afrodescendientes negros. Promotor de Escuelas Libres. Chicago,
EEUU.
Ballarín Domingo, Pilar;
Catedrática de universidad, Facultad de Ciencias de la Educación, Universidad
de Granada. Granada. España.
Barbeitos,
Arlindo do Carmo Pires; Professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de
Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. Luanda. Angola.
*Com
informações do Rebelión.
Fonte.
Da página do MST
http://www.mst.org.br/2015/07/20/educadores-de-todo-mundo-denunciam-a-unesco-a-mercantilizacao-da-educacao.html
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