quinta-feira, 10 de julho de 2014

SOCIEDADE DO MEDO


O sistema capitalista vive de tirar vantagem de tudo. Acontece que em um estado democrático e minimamente defensor das leis, alguns direitos adquiridos e consolidados ao longo do tempo acabam servindo de obstáculos aos desígnios de ganhos desmedidos do sistema. Assim sendo, a melhor maneira de derrubá-los é criar um clima de terror generalizado e para tanto contam sempre com o auxílio de boa parte da grande mídia, já que esta também se alimenta do nefasto sistema.

Começa então um trabalho exaustivo por parte destes segmentos unidos, com o objetivo de resgatar a lei do cão com o claro objetivo de submeter pessoas e populações inteiras.

Corporações na sua senda de buscar cada vez mais lucros, uma vez tendo divisado uma forma de ganhar mais que esbarre em alguma lei local, tratam logo de manipular políticos que irão lutar para tornar legal aquilo que anteriormente era ilegal. É o caso, por exemplo, da contratação de mão de obra por preços irrisórios, sempre disfarçada sob a denominação de “flexibilização dos direitos trabalhistas”. 

A classe mais aquinhoada, temerosa de perder seus privilégios não quer ouvir falar de função social da propriedade, dos contratos ou das empresas. Quer é assegurar para si todas as benesses possíveis. E como políticas de inclusão social derrubam muros e abrem portas para que mais pessoas das periferias adentrem em universidades e tenham melhores condições de vida, passando também a ampliar seus desejos, isso não agrada aquelas minorias que sempre ocuparam sozinhas os melhores espaços da sociedade.

Só há uma saída contra esta malta: a mão de ferro da repressão. Tentam criar então um clima de medo e insegurança de modo a justificar formas de repressão mais duras. Depois usam estes momentos de comoção artificialmente criados para fazerem com que as pessoas se desesperem, saiam dos limites da razão e acabem legitimando suas próprias crucificações.

É forjada uma espécie de sociedade do medo para que se abra espaço para o estado repressor. Diante do pânico, brota na população uma ânsia de controlar tudo aquilo que parece fugir da ordem posta e das regras da normalidade. Sucumbindo ao medo, ela dará legitimidade a leis que implantam o retrocesso e que dariam inveja aos mais duros regimes ditatoriais de nossa história.

Infelizmente é assim. E no momento em que alguém abraça o capitalismo selvagem, esquece do sofrimento de milhões de pessoas que não restarão protegidos pelo desprezível sistema. Já é hora de navegarmos em busca de novos horizontes onde encontremos mais justiça social e humanidade.

Jorge André Irion Jobim


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