Até
por experiência própria, posso atestar a respeito da importância dos avós na
criação e educação das crianças dos tempos atuais. Diante do fato correto e
irreversível de que hoje em dia, tanto o pai quanto a mãe lutam para abrir os
próprios caminhos e buscam construir suas próprias carreiras, na grande maioria
das famílias brasileiras, os cuidados com as proles ficaram a cargo dos avós.
Eu, além dos três netos, tenho ainda afilhadas e
sobrinhas-netas com as quais tenho contato quase que diário e que, ao menos
três ou quatro vezes por mês, preciso levar para consultas médicas. Embora eu
saiba que a influência do capitalismo com seu consumismo predatório é
avassalador e irresistível, em todas elas estou sempre tentando inocular o
germe do amor à natureza e lhes falando sobre uma palavra bastante esquecida em
tempos de acentuado hedonismo e individualismo: a solidariedade.
Possivelmente
elas irão a sucumbir diante de todas as influencias nefastas que acabei de
descrever, mas tenho certeza de que num belo dia, emergirá em seus espíritos, a
lembrança daquele velho senhor que as levava para tocar, sentir e distinguir o
odor da cada plantinha que havia no quintal, que lhes falava do respeito aos
animais que ele considerava superiores à espécie humana e que lhes dizia que
somos apenas um grãozinho insignificante na vastidão do universo. E quando isso
ocorrer, diante do que estará acontecendo com o planeta em um breve futuro por
culpa do próprio homem, é certo que elas irão me dar razão.
Afinal,
a experiência não tem preço, principalmente quando se viveu de forma intensa e
com paixão pelas idéias e pelo conhecimento.
Pois
acho que, em uma época em que a desagregação das famílias tem dado origem a uma
serie de conseqüências danosas para os nossos jovens, é terrível constatarmos
que existem pais ou mães que, após a separação ou divórcio, acabam tentando
tirar os filhos do convívio, não apenas do ex-cônjuge, mas também dos avós da
outra linhagem.
Muitas
vezes, nem precisa haver a separação. Basta uma simples picuinha, uma
divergência de somenos importância e pronto: os pais tentam cortar esta
importante fonte de afetividade que é o contato com os avós.
Felizmente,
manifestando o entendimento de que o direito de visita dos avós para com os
netos é admitido, com vista ao fortalecimento das relações familiares e à
saudável constituição afeto-emocional da criança, o poder judiciário vem
regulamentando as visitas de avós ao neto, sob a justificativa de que elas
solidificam o vínculo afetivo e familiar que deve existir entre os mesmos para
a saudável formação da criança.
Para
nosso alívio, nos deparamos com decisões nas quais ainda impera o bom senso e a
equidade, amenizando o alto grau de individualismo que acarreta esta
litigiosidade que está impregnando praticamente todas as relações humanas,
principalmente aquelas que se referem à vida familiar.

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