sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O CONVÍVIO COM OS AVÓS


Até por experiência própria, posso atestar a respeito da importância dos avós na criação e educação das crianças dos tempos atuais. Diante do fato correto e irreversível de que hoje em dia, tanto o pai quanto a mãe lutam para abrir os próprios caminhos e buscam construir suas próprias carreiras, na grande maioria das famílias brasileiras, os cuidados com as proles ficaram a cargo dos avós.

Eu, além dos três netos, tenho ainda afilhadas e sobrinhas-netas com as quais tenho contato quase que diário e que, ao menos três ou quatro vezes por mês, preciso levar para consultas médicas. Embora eu saiba que a influência do capitalismo com seu consumismo predatório é avassalador e irresistível, em todas elas estou sempre tentando inocular o germe do amor à natureza e lhes falando sobre uma palavra bastante esquecida em tempos de acentuado hedonismo e individualismo: a solidariedade.

Possivelmente elas irão a sucumbir diante de todas as influencias nefastas que acabei de descrever, mas tenho certeza de que num belo dia, emergirá em seus espíritos, a lembrança daquele velho senhor que as levava para tocar, sentir e distinguir o odor da cada plantinha que havia no quintal, que lhes falava do respeito aos animais que ele considerava superiores à espécie humana e que lhes dizia que somos apenas um grãozinho insignificante na vastidão do universo. E quando isso ocorrer, diante do que estará acontecendo com o planeta em um breve futuro por culpa do próprio homem, é certo que elas irão me dar razão.

Afinal, a experiência não tem preço, principalmente quando se viveu de forma intensa e com paixão pelas idéias e pelo conhecimento.

Pois acho que, em uma época em que a desagregação das famílias tem dado origem a uma serie de conseqüências danosas para os nossos jovens, é terrível constatarmos que existem pais ou mães que, após a separação ou divórcio, acabam tentando tirar os filhos do convívio, não apenas do ex-cônjuge, mas também dos avós da outra linhagem.

Muitas vezes, nem precisa haver a separação. Basta uma simples picuinha, uma divergência de somenos importância e pronto: os pais tentam cortar esta importante fonte de afetividade que é o contato com os avós.

Felizmente, manifestando o entendimento de que o direito de visita dos avós para com os netos é admitido, com vista ao fortalecimento das relações familiares e à saudável constituição afeto-emocional da criança, o poder judiciário vem regulamentando as visitas de avós ao neto, sob a justificativa de que elas solidificam o vínculo afetivo e familiar que deve existir entre os mesmos para a saudável formação da criança.

Para nosso alívio, nos deparamos com decisões nas quais ainda impera o bom senso e a equidade, amenizando o alto grau de individualismo que acarreta esta litigiosidade que está impregnando praticamente todas as relações humanas, principalmente aquelas que se referem à vida familiar.

Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS

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