Está
cada vez mais grave a situação dos povos indígenas no Brasil. Já não basta
terem sido eternas vítimas dos ataques de garimpeiros e madeireiros que
acabaram aniquilando-os de maneira massiva configurando um verdadeiro
genocídio, agora enfrentam conflitos com os senhores do agronegócio em sua
busca desenfreada de terras para plantar, não para alimentar o povo brasileiro,
mas sim para exportar para outros países. Como eles se arvoram a serem os grandes
responsáveis pela riqueza de nosso país, acabam obtendo a legitimidade da
população que na verdade, sempre foi indiferente às questões envolvendo causas
indígenas.
É
o desenvolvimento a qualquer preço, o culto doentio ao deus/lucro se sobrepondo
à natureza e à sobrevivência destes povos que sempre respeitaram-na e que
milenarmente viviam em harmonia com ela. Somemos a tudo isto ainda, estas obras
governamentais em suas terras levadas adiante sob a velha justificativa de que
são necessárias ao desenvolvimento econômico do Brasil.
A
imprensa por sua vez, ao contrário do que acontecia há algumas décadas em que
ela era mais sensível ao destino dos povos indígenas, mudou de rumo e hoje
demonstra indiferença e até mesmo um certo desprezo para com eles. Parte dela,
pressionada pelos seus poderosos anunciantes, adeptos que são do consumismo e
do crescimento econômico inconseqüente, acabam fazendo uma verdadeira cruzada
contra os índios.
Enfim,
há uma série de fatores se somando e legitimando inclusive a ação da bancada
ruralista que, juntamente com outros setores do poder legislativo, pretendem
agora aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere do
Executivo para o Congresso a prerrogativa de demarcação de terras indígenas.
É a ganância destrutiva levando de roldão culturas
milenares e florestas que deveriam ser preservadas a qualquer preço.
Infelizmente, tudo indica que seguiremos dando continuidade aos erros cometidos
pelos primeiros invasores destas terras que, após usurparem-nas de seus
verdadeiros donos, iniciaram um processo progressivo de genocídio que vem sendo
levado a efeito há mais de quinhentos anos. Uma espécie de solução final contra
os povos indígenas, a exemplo do que fez a alemanha nazista contra os judeus
durante a segunda guerra mundial. E aqui, tal qual lá, ao fecharmos os olhos a
tudo o que está acontecendo, estamos praticando uma omissão que nos torna
cúmplices de mais um grave crime contra a humanidade.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
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