sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

LETÍCIA JOBIM. HÁ (?) E SEIS ANOS ATRÁS

Letícia com o filho Lorenzo no colo

Há (?) e seis anos atrás vinha ao mundo a minha segunda filha Letícia Mossate Jobim. À época eu era músico em Porto Alegre e apesar daquela geração, em função de estar vivendo o auge de uma ditadura militar (será uma pista da idade dela?) viver cada dia como se fosse o último, eu havia juntado algum dinheiro para fazer frente àquela situação. E pasmem; eu estava pagando o famoso INPS, coisa que não era comum aos músicos de então.

Quando a Baixinha (Clareni Mossate Jobim) começou a sentir as dores do parto, deixamos a minha filha mais velha Silvie Janis com o Taby (Altamir Floriano Pedroso )e o Tonho (Luiz Antonio Martins da Silva), e corri para pegar um táxi e irmos até o Hospital Divina Providência. O Edu (Eduardo Ribeiro Camello) foi comigo para me dar apoio moral. Ah! Todos eles eram meus parceiros de música.

Lá chegando, já levaram a Baixinha para dentro e nós ficamos aguardando em uma sala de espera. As horas se passavam, até que começamos a ouvir os gritos dela, sinal de que o parto já estava começando. Depois de algum tempo, lá se veio uma enfermeira com aquela menina ainda toda ensanguenguentada nos braços e outra empurrando uma maca com a Baixinha deitada, com a tez pálida, talvez até mesmo em virtude das dores que ela deve ter sentido. A enfermeira perguntou quem era o pai, e como eu e o Edu nos aproximamos, ela na dúvida, mostrou rapidamente a criança para os dois e disse que se tratava de uma menina.

Resolvemos aguardar por ali mesmo. Com a noite chegando, resolvemos procurar um lugar para comer qualquer coisa. Como o hospital fica em um elevado, fomos descendo até que encontramos o único local aberto no qual parecia ter alguma coisa para se comer. Entramos e nos deparamos com um local estranho, cheio de pessoas embriagadas tomando alguns martelinhos de cachaça. Todos pararam e ficaram olhando aqueles dois cabeludos, pessoas estranhas no pedaço.

O dono do estabelecimento que tinha um guardanapo no ombro e ficava matando moscas com ele em cima do balcão, desconfiado, perguntou-nos o que queríamos. Perguntamos se havia alguma coisa para comer e ele disse que tinha algo que ele chamava de “torpedo” que na verdade, era uma especie de prato feito. Comemos aquilo que ele nos serviu acompanhado de um guaraná de uma marca que nunca tínhamos visto.

Bem. Eu sempre tive o estômago forte e resisti bravamento ao produto que nos foi servido, mas o Edu era um pouco delicado para essas coisas. Assim sendo, ao chegar do lado de fora, conseguiu apenas dar alguns passos e colocou para fora tudo o que havia comido. Este foi o nosso grande banquete para festejar o nascimento da Letícia.

Evidentemente meu companheiro ficou meio atacado do fígado e lá no hospital mesmo, deram alguma coisa para ele tomar. Depois continuanos aguardando até o amanhecer, momento no qual tivemos notícia de que a Baixinha iria dar alta naquele mesmo dia. Ficamos esperando até que isso acontecesse e, com a menininha enrolada em suas roupinhas, pegamos um táxi de volta para o nosso famoso Hotel das Bruxas, apelido que havíamos dado para o casarão antigo em que vivíamos lá na Rua Caldas Júnior em Porto Alegre, bem próximo da boite (Queens Bar) em que tocávamos todas as noites.

Bem. Esta é uma rápida história do primeiro dia de vida de Letícia Mossate Jobim, minha filha que parece ter vindo ao mundo para trazer a ele uma boa dose de beleza e luminosidade. Há exatos (?) e seis anos, ela anda por aí, distribuindo luz por todos os caminhos em que anda. Espero que isso continue acontecendo por uma eternidade, afinal, o mundo não pode prescindir de pessoas como ela sob pena de ficar bem mais estéril.

Parabens pelos seus (?) e seis anos. Viu? Embora contra a minha vontade, eu consegui guardar segredo. Não sei até quando.

Jorge André Irion Jobim


Toda a família reunida

2 comentários:

Unknown disse...

Gostei de saber um pouco sobre o dia do meu nascimento,pois não lembro de ter ouvido essa história...Obrigada pela homenagem às minhas "muitas" primaveras!

Jorge André Irion Jobim disse...

Pois é. Se tu ficasses quieta, eu iria continuar no erro. Como tu me alertaste, fui obrigado a corrigir e trocar o (?) e cinco por (?) e seis. É que tu na verdade, não aparentas e idade que tem, e eu, avoado que sou, ainda estou no ano de 2.010. Parabéns.