sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MST DE LUTO


Foi um choque. Ainda no dia 20 de Agosto de 2.009, eu postei um artigo onde eu falava sobre a minha admiração por movimentos sociais como o MST e o Cpers Sindicado do RS. Referia-me sobre a pauta de reivindicações que levou os sem-terra a invadirem a prefeitura de São Gabriel e uma parte da Fazenda Southall, entre elas, alguns itens com os quais todos nós sonhamos: saúde e educação. Mas infelizmente os nossos políticos estão surdos para tais pleitos. Afinal, diante da enxurrada de escândalos envolvendo as nossas principais instituições, é fácil notarmos que eles não têm tempo, pois quando não estão espoliando o povo, estão tentando ocultar suas falcatruas.

Pois foi com pesar que hoje, um dia depois, ouvi a notícia de que um dos componentes do MST havia sido morto com um tiro nas costas durante o conflito ocorrido no processo de desocupação da fazenda.

No momento, estou sem palavras para exprimir o meu pesar. Mas apenas momentaneamente: em seguida eu recupero a minha capacidade de racionalizar a indignação e terei muito o que falar.

Por enquanto, quero apenas deixar minha homenagem ao homem simples que morreu em busca de seu sonho, traduzida nas palavras de Gonzaguinha na letra de sua canção chamada Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória.

Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória.
(Gonzaquinha)

Memória de um tempo onde lutar
Por seu direito
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Júlios de Santana
Uma crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução
São cruzes sem nomes, sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
E tantos são os homens por debaixo das manchetes
São braços esquecidos que fizeram os heróis
São forças, são suores que levantam as vedetes
Do teatro de revistas, que é o país de todos nós
São vozes que negaram liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam nosso fogo da esperança
O grito da batalha
Quem espera, nunca alcança
Ê ê, quando o Sol nascer
É que eu quero ver quem se lembrará
Ê ê, quando amanhecer
É que eu quero ver quem recordará
Ê ê, não quero esquecer
Essa legião que se entregou por um novo dia
Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria
E vamos à luta.



Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS

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