Lembro-me de ter sido procurado uma vez por um cliente que afirmava estar sendo ameaçado pelo marido de uma senhora com a qual ele tinha tido um caso extraconjugal. Temeroso, ele disse que iria à polícia pedir que lhe colocassem um policial destacado para lhe dar proteção pessoal. Quando eu lhe disse que isso não iria ocorrer, ele alegou que o estado tinha obrigações para com seus cidadãos, utilizando-se do velho e surrado chavão do “eu pago os meus tributos”.
Eu olhei para ele e fiquei pensando se era verdade o que eu estava escutando. Pensei comigo como é que uma pessoa bem posicionada na vida, pertencente à classe média alta, com um bom nível de cultura formal, podia ser tão inocente a ponto de acreditar que o estado atenderia seu pleito. Será que aquele discurso idiota que aprendíamos nas aulas de moral e cívica de que o “estado é a sociedade politicamente organizada” com “finalidades de atender interesses da sociedade”, ainda tem o condão de iludir pessoas bem informadas, mesmo com todas as notícias que desvendam as falcatruas que ocorrem nos bastidores do poder? Será que a população não sabe que os tributos pagos por ela são apenas para dar benesses a muitos políticos que logram conquistar seu lugarzinho no estado e ali se prendem como carrapatos? Que um pouco do que sobra vai para o pagamento de vultosos salários de funcionários que irão dar suporte e aparência de legalidade à toda essa espoliação e que ao final, apenas algumas migalhas são atiradas à população? Que exércitos e polícias, em um primeiro momento, até podem defender a sociedade, mas, em um embate entre o sistema ao qual pertencem e a sociedade, eles lutarão por preservar o primeiro?
É incrível como ainda existem pessoas que vivem na ilusão de pertencerem a um estado protetor dos interesses coletivos. De qualquer forma, o número desses incautos está diminuindo, eis que estão se deparando com uma realidade nada auspiciosa. Novas tecnologias adotadas por empresas sequiosas por lucros sempre maiores, acabaram por diminuir o número de empregos, criando uma massa de excluídos cada vez mais crescente, a qual, na ânsia de buscar novas formas de sobrevivência, criou vários outros “estados de fato”, “estados paralelos” que se afiguram cada vez mais fortes e ágeis do que o estado oficial, eis que neles, a norma fundamental é só uma: a “lei do cão”.
Aqueles que sonhavam com uma vidinha burguesa, estilo classe média, com seu passeios aos shoppings, happy hours, churrasquinho de fim de semana, choppinho aqui e choppinho lá, viagens de férias no exterior, cafés filosóficos inócuos, proteção policial podem ir dando adeus às ilusões. Diante do quadro que se desenha logo ali no portão de nossa casa, temos que nos preparar para tempos difíceis. Temos que resgatar aquela antiga citação latina “mens sana in corpore sano”, ou seja, temos que ter uma mente refinada em um corpo rústico e preparado para a luta, pois senão naufragaremos junto com os destroços desse modelo de estado carcomido e desmoralizado.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
Eu olhei para ele e fiquei pensando se era verdade o que eu estava escutando. Pensei comigo como é que uma pessoa bem posicionada na vida, pertencente à classe média alta, com um bom nível de cultura formal, podia ser tão inocente a ponto de acreditar que o estado atenderia seu pleito. Será que aquele discurso idiota que aprendíamos nas aulas de moral e cívica de que o “estado é a sociedade politicamente organizada” com “finalidades de atender interesses da sociedade”, ainda tem o condão de iludir pessoas bem informadas, mesmo com todas as notícias que desvendam as falcatruas que ocorrem nos bastidores do poder? Será que a população não sabe que os tributos pagos por ela são apenas para dar benesses a muitos políticos que logram conquistar seu lugarzinho no estado e ali se prendem como carrapatos? Que um pouco do que sobra vai para o pagamento de vultosos salários de funcionários que irão dar suporte e aparência de legalidade à toda essa espoliação e que ao final, apenas algumas migalhas são atiradas à população? Que exércitos e polícias, em um primeiro momento, até podem defender a sociedade, mas, em um embate entre o sistema ao qual pertencem e a sociedade, eles lutarão por preservar o primeiro?
É incrível como ainda existem pessoas que vivem na ilusão de pertencerem a um estado protetor dos interesses coletivos. De qualquer forma, o número desses incautos está diminuindo, eis que estão se deparando com uma realidade nada auspiciosa. Novas tecnologias adotadas por empresas sequiosas por lucros sempre maiores, acabaram por diminuir o número de empregos, criando uma massa de excluídos cada vez mais crescente, a qual, na ânsia de buscar novas formas de sobrevivência, criou vários outros “estados de fato”, “estados paralelos” que se afiguram cada vez mais fortes e ágeis do que o estado oficial, eis que neles, a norma fundamental é só uma: a “lei do cão”.
Aqueles que sonhavam com uma vidinha burguesa, estilo classe média, com seu passeios aos shoppings, happy hours, churrasquinho de fim de semana, choppinho aqui e choppinho lá, viagens de férias no exterior, cafés filosóficos inócuos, proteção policial podem ir dando adeus às ilusões. Diante do quadro que se desenha logo ali no portão de nossa casa, temos que nos preparar para tempos difíceis. Temos que resgatar aquela antiga citação latina “mens sana in corpore sano”, ou seja, temos que ter uma mente refinada em um corpo rústico e preparado para a luta, pois senão naufragaremos junto com os destroços desse modelo de estado carcomido e desmoralizado.
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