DEBAIXO DO TAPETE
Causou-me indignação a carta enviada e publicada no Jornal A Razão de Santa Maria, RS Do dia 29 de Novembro, intitulada Santa Maria, Cidade Cultura, na qual um cidadão, ao queixar-se da má educação do povo da cidade, que estaria tirando a “beleza da cidade”, coloca os índios e os catadores no mesmo nível dos dejetos da rua, das matilhas de cães e aos cavalos soltos na rua. Eu me pergunto: como uma pessoa assim consegue falar da má educação alheia?
Bem, para os cães ele já dá a entender que a solução seria a carrocinha. Para os cavalos, acredito que ele deva ter um remédio similar. E para os catadores, qual seria a solução que ele sugeriria? E para os índios? Quem sabe uma daquelas antigas soluções das quais ele sente saudade? Quem sabe um gueto dentro do qual essas pessoas pudessem ser jogadas e retiradas de nossas vistas? Ou quem sabe um grande tapete, debaixo do qual pudéssemos colocar tudo aquilo que ele considera uma espécie de “lixo visual”?
Pobres catadores que ainda tentam sobreviver de forma honesta. E pobres índios que, após terem sido submetidos à denominada aculturação, processo que em tese, deveria representar a modificação cultural de indivíduo, grupo ou povo que se adapta a outra cultura, dela retirando traços significativos, mas mantendo a identidade cultural e étnica, na verdade acabaram se perdendo em meio à nossa cultura pretensamente superior. Hoje o que acontece é isso aí: são considerados uma espécie de “personas non gratas” no país que era deles originariamente, um fator de enfeamento da nossa querida“cidade cultura”, poluindo o senso estético refinado de pessoas como este senhor que escreveu tais absurdos.
Causou-me indignação a carta enviada e publicada no Jornal A Razão de Santa Maria, RS Do dia 29 de Novembro, intitulada Santa Maria, Cidade Cultura, na qual um cidadão, ao queixar-se da má educação do povo da cidade, que estaria tirando a “beleza da cidade”, coloca os índios e os catadores no mesmo nível dos dejetos da rua, das matilhas de cães e aos cavalos soltos na rua. Eu me pergunto: como uma pessoa assim consegue falar da má educação alheia?
Bem, para os cães ele já dá a entender que a solução seria a carrocinha. Para os cavalos, acredito que ele deva ter um remédio similar. E para os catadores, qual seria a solução que ele sugeriria? E para os índios? Quem sabe uma daquelas antigas soluções das quais ele sente saudade? Quem sabe um gueto dentro do qual essas pessoas pudessem ser jogadas e retiradas de nossas vistas? Ou quem sabe um grande tapete, debaixo do qual pudéssemos colocar tudo aquilo que ele considera uma espécie de “lixo visual”?
Pobres catadores que ainda tentam sobreviver de forma honesta. E pobres índios que, após terem sido submetidos à denominada aculturação, processo que em tese, deveria representar a modificação cultural de indivíduo, grupo ou povo que se adapta a outra cultura, dela retirando traços significativos, mas mantendo a identidade cultural e étnica, na verdade acabaram se perdendo em meio à nossa cultura pretensamente superior. Hoje o que acontece é isso aí: são considerados uma espécie de “personas non gratas” no país que era deles originariamente, um fator de enfeamento da nossa querida“cidade cultura”, poluindo o senso estético refinado de pessoas como este senhor que escreveu tais absurdos.
Jorge André Irion Jobim. Advogado
Artigo publicado no site
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