Estudo
de brasileiros na Nature diz que ritmo de devastação das últimas décadas pode
levar a colapso parcial do bioma
Murilo Pajolla. Brasil de Fato
Combate
ao desmatamento é uma das principais medidas para evitar colapso, dizem os
cientistas
Um
estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira (14), liderado por
cientistas brasileiros, alerta que a Amazônia pode atingir o ponto de não
retorno até 2050.
Assim,
o ritmo de degradação das últimas décadas terá levado ao colapso parcial ou
total da floresta. Entre as possíveis consequências, dizem os cientistas, está
a aceleração do aquecimento global.
"O
ponto de não retorno é isso: um ponto a partir do qual o sistema se
retroalimenta numa aceleração de perda de florestas, e perdemos o
controle", explicou Flores, em declaração divulgada pelo Instituto
Serrapilheira, que financiou o estudo.
As
conclusões são de pesquisa conduzida por Marina Hirota e Bernardo Flores, da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com colaboradores do Brasil,
Europa e Estados Unidos.
"Estamos
nos aproximando de todos os limiares. No ritmo em que estamos, todos serão
alcançados neste século. E a interação entre todos eles pode fazer com que
aconteça antes do esperado", reforça Flores.
O
estudo destaca que a Amazônia enfrenta uma pressão sem precedentes devido a
mudanças climáticas e desmatamento, enfraquecendo os mecanismos de feedback que
garantem a resiliência da floresta.
Colapso da Amazônia pode
acelerar aquecimento global
A
perda florestal na Amazônia, com a consequente emissão de gases de carbono, poderia
acelerar o aquecimento global, enquanto a diminuição da circulação da umidade
atmosférica afetaria os padrões de chuva em várias partes do mundo.
"A
Amazônia é um sistema complexo, o que torna extremamente desafiador prever como
os diferentes tipos de floresta responderão às mudanças globais. Se quisermos
evitar uma transição sistêmica, precisamos adotar uma abordagem preventiva que
mantenha as florestas resilientes nas próximas décadas", afirma Marina
Hirota, uma das autoras.
Combater desmatamento é
vital
Para
preservar a resiliência da floresta amazônica, os autores destacam a
necessidade de uma abordagem combinada. Isso inclui esforços locais para deter
o desmatamento e promover a restauração da floresta, juntamente com iniciativas
globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os
impactos das mudanças climáticas.
"Em
alguns casos, a floresta pode se recuperar, mas permanece presa em estado
degradado, dominada por plantas oportunistas, como cipós ou bambus. Em outros
casos, a floresta não se recupera mais e persiste presa em estado de vegetação
aberta e com incêndios recorrentes", explica Flores.
Participação de brasileiros
e financiamento
Pesquisadores
brasileiros lideraram um estudo desenvolvido ao longo de três anos, financiado
pelo Instituto Serrapilheira, no âmbito dos esforços do Science Panel For The
Amazon. Esta iniciativa global reuniu cientistas para fornecer as informações
mais recentes sobre a Amazônia.
Dos
24 autores do artigo, 14 são brasileiros, incluindo Flores e Hirota, com
colaboração de outros vinculados ao Serrapilheira. O instituto, fundado em
2017, é uma organização sem fins lucrativos que promove a ciência no Brasil,
apoiando mais de 300 projetos científicos e de comunicação, com um investimento
superior a R$ 90 milhões.
Edição: Thalita Pires
https://www.brasildefato.com.br/2024/02/14/amazonia-pode-chegar-a-ponto-de-nao-retorno-ate-2050-e-acelerar-aquecimento-global-alerta-estudo?utm_source=brevo&utm_campaign=272%20-%20Unidos%20do%20Vai-No-Vai&utm_medium=email
Murilo Pajolla. Brasil de Fato
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