O
Delta estava meio sumido, acuado. Desculpe chamar assim, mas "Delta"
é como o subprocurador Aras o chamou para alertar que o que ele fazia era
ilegal, era crime, mas ele desprezou, pois afinal era o subchefe da poderosa
"lava jato". Convenhamos que, depois que o chefe da "lava
jato", o candidato Sergio Moro, saiu, o Delta ficou meio perdido. Também
são muitos os escândalos, os questionamentos e as investigações que os membros
da operação estão sofrendo.
E,
até mesmo, isto é o mais grave, imagino, os valorosos companheiros da imprensa,
que tanto fizeram, agora chegam — que
absurdo — a fazer questionamentos. É, Deltan, você deveria ler Augusto dos
Anjos:
"Acostuma-te
à lama que te espera!
.....
O
beijo, amigo, é a véspera do escarro
A
mão que afaga é a mesma que apedreja".
Mas
nada como a certeza de que o CNMP é um órgão pronto a acolher e proteger os
procuradores. Pouco importa a quantidade de queixas apresentadas. Em 2 de
março, a imprensa falava em 17 queixas contra o Delta. Mas devemos nos lembrar
do grito de júbilo do Delta, com os seus: "Aha, uhu, o Fachin é
nosso!"
Se
no caso do ministro Fachin podia ser só bazófia de um irresponsável, no caso do
CNMP é uma realidade: "AHA UHU O
CNMP É MEU!!!"
A
maneira atrevida e até insolente com que o subchefe da força tarefa, o Delta,
trata o presidente do Supremo, ao questionar hoje uma decisão do ministro
Toffoli, demonstra o poder que esse grupo ainda julga ter. Nada como confrontar
esse grupo com os abusos que eles patrocinaram. Foram nestes abusos que eles
forjaram essa prepotência argumentativa.
O
projeto de poder desse grupo passa por afrontar o Supremo, o Legislativo. O
Executivo não, pois o atual Executivo é cria dos abusos deste grupo. Este
Executivo autoritário foi gestado nos abusos da operação "lava jato".
São irmãos siameses. Estão momentaneamente em crise, criador e criatura, mas é
só uma briga de poder.
Volto
a poesia, Pessoa na pessoa de Pessoa: "Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo".
Vamos
colocar esse grupo em seu devido lugar, em nome de um estado de direito que se
pretende democrático. Com a palavra o CNMP.
Antônio
Carlos de Almeida Castro - Kakay é advogado criminalista.
Revista
Consultor Jurídico
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