Em
entrevista à Folha publicada neste domingo (15), o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF), Gilmar Mendes, disse, com relação à popularidade de Sérgio Moro
que, “se um tribunal passar a considerar esse fator, ele que tem que fechar,
porque ele perde o seu grau de legitimidade”.
Mendes
disse ainda que “a população aplaude linchamento. E a nossa missão, qual é? É
dizer que o linchamento é legal porque a população aplaude? A volúpia, a
irracionalidade leva a desastres”.
Com
relação a Moro, Deltan Dallagnol e as denúncias do The Intercept, Mendes
advertiu: “as pessoas percebem que esse promotor não está atuando de maneira
devida. Esse juiz não está atuando de maneira devida. Se nós viermos a anular
ou não esses julgamentos, o juízo que está se formando é o de que não é assim
que a Justiça deve funcionar. Que isso é errado, que essas pessoas estavam
usando as funções para outra coisa. Isso ficou cada vez mais evidente”,
concluiu.
Sobre
ameaças à democracia, o ministro STF afirmou que “devemos sempre ter cuidado.
Comemoramos no ano passado 30 anos de normalidade institucional, 30 anos de
democracia sob a Constituição de 1988, e acho que devemos prosseguir nesse
trabalho de construção e reconstrução institucional”.
Veja
também: Folha prevê que segunda turma do
STF vai votar pela suspeição de Moro no caso triplex
Para
Mendes, “devemos estar atentos e, a cada sinal, especialmente partindo de
pessoas com responsabilidade institucional, devemos criticar ou mesmo reprimir.
Clamar pela restauração do regime militar é um crime contra a democracia,
contra a segurança nacional”.
Ainda
sobre o assunto, Gilmar Mendes lembrou, se referindo à Lava Jato que “quando
alguma autoridade se investe de um poder incontrastável ou soberano, ela de
fato ameaça a democracia. Quando se diz que não se pode contrariar a Lava Jato,
que não se pode contrariar o espírito da Lava Jato —e muitos de vocês na mídia
dão um eco a isso—, nós estamos dizendo que há um poder soberano. Onde? Em
Curitiba”.
“Que
poder incontrastável é esse? Aprendemos, vendo esse submundo, o que eles faziam:
delações submetidas a contingência, ironizavam as pessoas, perseguiram os
familiares para obter o resultado em relação ao investigado. Tudo isso que nada
tem a ver com o Estado de Direito.”
Mendes,
falou ainda por hipótese sobre a Lava Jato: “Vamos imaginar que essa gente
estivesse no Executivo. O que eles fariam? Certamente fechariam o Congresso,
fechariam o Supremo. Esse fenômeno de violação institucional não teria ocorrido
de forma sistêmica não fosse o apoio da mídia. Portanto, são coautores dos malfeitos”.
Ao
admitir o uso de provas ilícitas, se referindo às revelações do The Intercept,
o ministro lembrou: “quem defendia o uso de prova ilícita até ontem eram os lavajatistas.
Nas dez medidas [de combate à corrupção], estava lá que a prova ilícita de
boa-fé deveria ser utilizada”, encerrou.
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