“O
que vimos ontem foi a articulação de todo o sistema brasileiro contra a saída
de Lula”, afirmou a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, em entrevista
coletiva na manhã desta quinta-feira (20) na Vigília Lula Livre, em Curitiba.
“Desde a decisão de Marco Aurélio, vimos setores da mídia, principalmente a
Globo News, como havia feito em julho, ficar convocando a Procuradoria-Geral da
República e o presidente do STF a se manifestarem contrariamente à decisão do
ministro Marco Aurélio Mello”, acrescentou.
Ela
falou com jornalistas acompanhada do líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, e de
outros deputados que se deslocaram até a cidade de Curitiba para prestar
solidariedade a Lula, cuja perseguição praticada pelo judiciário se torna a
cada dia mais evidente. O Partido dos Trabalhadores divulgou nota na manhã
desta quinta-feira (20) repudiando as manobras tanto da juíza carcerária
Carolina Lebbos, de Raquel Dodge e Toffoli para derrubar a decisão de Marco
Aurélio.
“Ontem
foi dia importante com movimentação forte em relação a luta que fazemos pela
liberdade de Lula. Infelizmente, por uma série de ações do sistema judicial
brasileiro, incorrendo novamente em desvios do que seria o processo legal, Lula
foi impedido de sair. É a segunda vez que nós temos uma decisão que beneficia
Lula e ele é impedido de sair da prisão. No nosso entendimento é grave e depõe
contra a respeitabilidade do judiciário”, afirmou a senadora.
Ela
ainda apontou a coletiva realizada por procuradores da Lava jato, na qual
Deltan Dallagnol defendeu a atuação da juíza de execução penal, Carolina
Lebbos, que agiu em claro desrespeito à hierarquia do judiciário. “Isso é grave
para o Lula e para o país. Qualquer um está sujeito a uma determinação dessas.
Uma juíza não cumprir uma ordem do STF e pedir manifestação do Ministério
Público, isso não está previsto”.
“Além
disso tivemos a manifestação do juiz [Marcelo] Bretas pelo twitter, reunião do
alto comando do exército que a imprensa noticiou, o que nos deixou surpresos. E
por fim a parabenização de Jair Bolsonaro a todo o sistema que atuou para Lula
não sair da cadeia.”
Para
Gleisi, “é muito grave o que vivemos de instabilidade das instituições e
instabilidade do poder judiciário, que não protege e não defende os direitos do
Lula e que logo não vai defender os direitos de ninguém”.
A
presidenta do PT ainda destacou que, apesar da liminar de Marco Aurélio Mello
afetar milhares de pessoas, “é surpreendente que a PGR tenha feito um recurso
relacionado apenas ao Lula. Personalíssimo, dentro de uma decisão que incluía
milhares de pessoas. Isso deixa evidente a perseguição a Lula”.
Gleisi
prometeu que a resistência vai continuar e ainda destacou que “Lula é a
antítese do que vão fazer com o Brasil e por isso essa neurose de manter ele
preso, sob qualquer situação. Lamentamos isso, vamos continuar na luta, vamos
reforçar nossa mobilização, teremos natal com Lula, muita gente vem para cá,
também o ano novo”.
O
deputado Paulo Pimenta declarou que “o que aconteceu ontem não pode ser
considerado um fato qualquer. Já tínhamos vivenciado no Brasil situação muito
grave quando foi concedido habeas corpus por um desembargador do TRF4 e o juiz
Sérgio Moro, de férias, de maneira ilegal, interferiu no processo. De maneira
ilegal um juiz de primeira instância não cumpriu a decisão de um tribunal
superior”.
“É
ilegal a maneira como a Lava Jato se articula como poder paralelo, os
procuradores, os juízes que atuam, os esquemas com meios de comunicação, para
criar um poder paralelo, para que a lei não seja cumprida com Lula”, avaliou o
deputado, destacando que “hoje temos duas leis no Brasil: uma para o país e
outra para Lula”.
Pimenta
finalizou afirmando que “se alguém tinha dúvida da perseguição judicial ao
presidente Lula e se a perseguição de Moro não era suficiente, para deixar
claro que a Lava Jato se constitui em projeto de poder que não se viabilizaria
com Lula livre, ontem as pessoas que tinham dúvida deixaram de ter”.

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