Não
saiu nos jornais, porque os alvos foram o “querido Moro” e a “sagrada Lava
Jato”.
Mas
o que disse o ministro Sebastião Reis, do Superior Tribunal de Justiça, em
palestra realizada ontem no Instituto Vitor Nunes Leal, que congrega juristas – vários deles ex-integrantes do
Supremo Tribunal Federal e do próprio STJ é notícia, porque ele foi muito mais
direto que o gaguejar de Ricardo Lewandowski na crítica à Lava Jato.
Foi
na veia de Sérgio Moro:
“Não
posso admitir e concordar com juiz emitindo nota para a imprensa, vídeos na
internet, filme com tapete vermelho, dando entrevista para falar não de casos
que poderá vir a apreciar, mas de casos que já está examinando naquele momento”
Criticou,
sem meias palavras, a “condenação obrigatória” , pré-determinada ao Judiciário
pela mídia:
Hoje
em dia, não é mais necessário ter coragem para prender alguém, mas para
absolver um inocente. “[O magistrado] começa a decidir de acordo com o que o
povo quer ouvir, no que a imprensa quer ouvir, naquilo, vamos dizer, chamado de
politicamente correto, mesmo que não seja o que está imposto na lei, não reflita
o que está no processo”.
No
site jurídico Conjur, onde suas declarações estão registradas (sem destaque)
diz-se que ele afirma que “o Ministério
Público e a polícia usam a imprensa com o intuito claro de criar pano de fundo
favorável à acusação em processos e para defender projetos de lei absurdamente
imorais, aproveitando-se da sanha acusatória que toma conta do país. Com isso,
qualquer um que discorde dos órgãos de acusação é taxado como inimigo, cúmplice
de bandido e favorável à corrupção.
“(…)
ele afirmou que há um silêncio “assustador” em órgãos que deveriam protestar
contra essa atuação, mas se calam e, pior, muitas vezes aplaudem e incentivam
esse tipo de procedimento. “Vejo a Ordem dos Advogados do Brasil se calando e
em várias oportunidades pedindo que documentos ocultos sejam tornados
públicos”, discursou, aplaudido por todos os presentes, entre eles, os
ministros aposentados do Supremo Tribunal Federal Cezar Peluso, Ayres Britto e
Sepúlveda Pertence.
Ele
lamentou que esse tipo de prática também esteja presente no Judiciário e citou
casos em que tornam público um documento porque ele já foi divulgado de forma
informal. “É um contrassenso, pois dizem que não adianta preservar como oculto
algo que já foi noticiado, mas nenhuma atitude é tomada em relação ao
vazamento, [nem para investigar] quem é o responsável ou, ao menos, medidas
para complicar, controlar esse tipo de situação”, observou.
A
omissão das instituições, apontou, levou o Brasil a uma situação absurda, onde
as pessoas precisam ter coragem para defender o que acham justo. A presunção de
inocência, segundo ele, acabou. E um dos motivos disso é uso indevido da mídia
por instituições. “Quem é exposto na imprensa, independente se de maneira justa
ou injusta, do dia para noite está condenado”, lamentou.
Ainda
há juízes em Berlim. Jornalistas, nas editorias, não sei…
http://www.tijolaco.com.br/blog/reis-ministro-do-stj-critica-moro-e-condenacao-previa-na-lava-jato/
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