A
obsessão da Lava-Jato para prender Lula levou o pessoal que integra a operação
– delegados da Policia Federal, procuradores e até o juiz Sergio Moro – a
perder o pudor. Embora a vida do ex-presidente tenha sido virada do avesso em
mais de dois anos de investigações – nunca na história deste país um homem
público foi tão investigado – até hoje não encontraram absolutamente nada que
pudesse incriminá-lo e justificar a sua prisão. Por isso, os investigadores,
além de induzirem delatores para acusarem o líder petista, numa desesperada tentativa para encontrar
algo que possa levá-lo para detrás das grades, passaram a “ver” crimes dele em
toda parte. Depois de darem a ele o sitio de Atibaia e o tríplex do Guarujá,
sem entregar as escrituras, resolveram
agora presenteá-lo com o Itaquerão, o estádio do Corintians, esquecendo, porém,
de pagar à Construtora Odebrecht um saldo devedor de mais de R$ 800 milhões do
valor da obra. E ninguém se espante se dentro em breve disserem que ele também
é dono do Pão de Açucar, adquirido com dinheiro desviado da Petrobrás.
O
pessoal da Lava-Jato não se preocupa mais sequer em disfarçar a caçada ao
ex-presidente operário, cuja perseguição escandalosa vem sendo acompanhada com
indignação pelo mundo inteiro. Mesmo buscando defender-se pelas vias legais,
todas as suas ações são negadas sistematicamente por magistrados nos mais diversos níveis da
Justiça. A mais recente negativa foi dada pelo desembargador Gebran Neto, do
Tribunal Regional Federal da 4ª. Região – o mesmo tribunal que reconheceu as
ilegalidades praticadas pelo Juiz Moro
mas justificou-as com a excepcionalidade do trabalho da Lava-Jato – cuja
suspeição havia sido arguida pela defesa de Lula, por ser amigo íntimo do
magistrado do Paraná e confirmar todas as suas decisões. E tudo isso sob o
olhar complacente e silencioso do Supremo Tribunal Federal e do Conselho
Nacional de Justiça. Todo mundo já sabe que querem prender Lula de qualquer
maneira, mesmo que possuam apenas um tênue fio de convicção, já que não existe
provas, para impedi-lo de voltar à Presidência da República através das urnas,
pois apesar de toda essa perseguição ele continua liderando as pesquisas de
intenção de votos.
Enquanto
isso, no reverso da medalha, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acusado
de vários crimes em seu governo, quando teria sido iniciado o esquema de
corrupção da Petrobrás, continua flauteando e apontando o dedão sujo para
Lula, Dilma e o PT. Ele também está no
listão da delação da Odebrecht, mas seus crimes podem já estar prescritos,
segundo revelou um colunista do jornal
“O Globo”, com base em informações de um delegado da Policia Federal. Se os
crimes estiverem prescritos, porém, não
significa que não aconteceram, mas FHC continuará posando de vestal e tirando
onda de bom moço. Até já se assanha como candidato às eleições indiretas, caso
o TSE casse Temer no próximo ano. Ele
tem sido blindado pela mídia desde o seu governo, mas ninguém sabe até quando a
sua blindagem e dos tucanos de modo geral será mantida, pois o ministro José
Serra já perdeu a proteção, acusado de receber propina de R$ 23 milhões da
Odebrecht, notícia divulgada em manchete pela “Folha”. Parece que os podres dos
tucanos, há muito escondidos pelos investigadores e pela mídia,
finalmente vão começar a aparecer. E isso significa que os principais
aspirantes tucanos à Presidência da República – Aécio Neves, Geraldo Alkmin e
José Serra – já estão ficando de fora
dos planos dos verdadeiros responsáveis pela queda de Dilma e pela perseguição
a Lula, que manipulam os cordéis à distância dos olhos do povo.
Essa
desavergonhada caçada ao ex-presidente operário, no entanto, sob os olhares
indiferentes do Supremo e do CNJ e os aplausos da mídia, longe de demonstrar um
interesse sincero em combater a corrupção tem contribuído para o descrédito e
desconfiança na Justiça, que se deixou contaminar pelas paixões políticas,
partidarizando-se. Ao mesmo tempo em que caçam Lula e petistas ignoram as
acusações contra membros de outros partidos, em especial do PSDB, o que
transformou a Lava-Jato num instrumento político. E alguns juízes, seguindo o
exemplo de Sergio Moro, convencidos de que
estão investidos do poder absoluto, não respeitam mais nem mesmo a
Constituição, tomando decisões que atropelam a Carta Magna movidos por
simpatias ou antipatias políticas. Agora mesmo o juiz Vallysney exorbitou das
suas atribuições e mandou invadir o
Senado, provocando uma grave crise entre o Legislativo e o Judiciário. E ao
invés de ser punido pelo abuso de autoridade recebeu o apoio da presidente da
Suprema Corte, ministra Carmem Lúcia, o que deve estimular outras
arbitrariedades.
Talvez
por isso, sentindo-se estimulado a abusar,
o juiz Alex Costa de Oliveira, da Vara da Infância e da Juventude do
Distrito Federal, tenha determinado à Policia Militar realizasse a expulsão de
estudantes do Centro de Ensino Asa Branca, de Taguatinga, ocupado pelos jovens, utilizando métodos de
tortura só usados em ditaduras, entre eles a suspensão do fornecimento de
energia, água e gás; o uso de aparelhos
sonoros para perturbar os estudantes e impedir que eles durmam; a interrupção
do fornecimento de alimentos, etc. É inacreditável que um magistrado, que tem o
dever de observar as leis e impedir o uso da violência, seja o primeiro a
sugerir e legalizar a tortura. E diante da sua impunidade, promotores de São
Paulo já solicitaram também à PM para que expulse os estudantes que ocuparam
uma escola em Piracicaba. Será que o Supremo e o Conselho Nacional de Justiça
vão continuar de braços cruzados diante desses abusos? Será que a democracia
vai continuar sendo vilipendiada pela própria Justiça? Afinal, o que aconteceu
com a Justiça do nosso país que, além de compactuar com o golpe que derrubou
Dilma, vem rasgando a Constituição que tem o dever de guardar, cumprir e
fazê-la cumprir?
https://www.brasil247.com/pt/colunistas/ribamarfonseca/263738/O-que-aconteceu-com-a-nossa-Justi%C3%A7a.htm
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